Resenha: Mais Pesado Que O Céu: Uma Biografia de Kurt Cobain

Resenha: Mais Pesado Que O Céu: Uma Biografia de Kurt Cobain


Autor: Charles R. Cross.

Ano de publicação: 2002.

   Quando se trata de biografias o que se espera de um livro deste gênero é uma boa narrativa por parte do autor, contextualizando de forma coerente com fatos históricos presentes na vida de uma pessoa ou personagem. No caso de “Heavier Than Heaven”, temos uma excelente junção destes fatores e Charles R. Cross entrega ao leitor algo mais atrativo que uma biografia, uma visão da vida de um dos maiores artistas que a música já teve, Kurt Cobain o vocalista e guitarrista da banda Nirvana.

   O autor levanta muitas questões que estiveram presentes na vida de Kurt, como a dependência química, depressão e o fato que marcaria uma geração de fãs que foi o seu suicídio. Além disso, é retratada de forma excepcional a vida de Cobain desde seu nascimento até sua morte, passando de dias alegres para dias sombrios. Toda essa história foi contada após anos de pesquisas por parte do autor, que entrevistou membros da família, visitou lugares em que o astro frequentou em vida, chegando até mesmo a segurar o bilhete de suicídio deixado por Kurt Cobain, segundo Cross: “A pesquisa levou-me a lugares – tanto emocionais como físicos – a que jamais imaginava ir”.

   A leitura é capaz de prender qualquer pessoa em suas linhas e, em se tratando de biografias, ouso dizer que deve ser uma das melhores neste quesito. O autor consegue passar os sentimentos que o artista vivenciava diariamente e você pode até mesmo imaginar a feição de Kurt em momentos de sua vida, que podiam ser hilários ou tristes. Uma síntese feita pelo pai adotivo de Kurt, Dave Reed, retrata de forma única a sua vida da seguinte maneira: “Ele tinha o desespero, não a coragem, para ser ele mesmo. Uma vez que você tem isso, você não pode dar errado, porque você não pode cometer nenhum erro quando as pessoas o amam por você ser você mesmo. Mas, para Kurt, não importava que as outras pessoas o amassem; ele simplesmente não se amava o bastante.” O ponto trágico na vida deste astro veio no dia 5 de abril de 1994, onde ele acabou se entregando para a morte que o levou sem deixar rastros. Ele entrava para o “Clube dos 27”, que associava coincidentemente artistas que morriam aos 27 anos de idade, como Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison, por exemplo. Sua música é até nos dias atuais uma inspiração para novos músicos, deixando uma gama de maravilhosas composições para a posteridade. A banda Nirvana formada por Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl, entraria para a história e nunca mais seria esquecida, fato este que já ficava evidenciado antes mesmo da morte de Kurt.

   Mais pesado que o céu é um nome adequado para um livro que trata de um assunto “pesado” presente na sociedade, que é a depressão seguida do suicídio. Porém mais que tratar deste assunto, podemos analisar e entender os motivos que levaram Kurt Cobain a tal desfecho. Vislumbrar seu ser autodestrutivo proveniente de conflitos que abalaram e marcaram a sua vida, levando-o diretamente para o mundo das drogas, como sendo o seu País das Maravilhas, onde ele se encontraria distante de qualquer um desses problemas cotidianos que tanto o incomodaram. Existe uma frase marcante de Kurt Cobain na qual ele diz: “Se meus olhos mostrassem a minha alma, todos, ao me verem sorrir, chorariam comigo”. E é exatamente isto que vemos nesta biografia, a sua alma.

Autor da resenha: Sanderson Carlos Ribeiro.

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