Resenha de: “A gaia ciência”

Resenha de: “A gaia ciência”

Autor: Friedrich Nietzsche.

Ano de publicação: 1882.

Gênero: Filosofia.

Resenha:

   A Gaia Ciência, escrito pelo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, é uma das suas obras mais lidas até hoje e apresenta a discussão sobre a história e filosofia do saber. Não é, de forma alguma, um relato histórico, mas sim uma crítica à religião, ciência e moralidade e até hoje, um século depois, apresenta uma critica atual.

   Neste livro encontra-se uma das mais famosas frases de Nietzsche: “Deus está morto”. Em duas seções vemos esta afirmação, conforme:

“Depois de Buda ter morrido, foi mostrada ainda durante séculos sua sombra numa caverna – uma sombra enorme e aterradora. Deus morreu: mas assim são feitos os homens que haverá talvez ainda durante milhares de anos cavernas nas quais se mostrará sua sombra – e nós devemos ainda vencer sua sombra.”. §108 – Lutas Novas.

“[…] Deus Morreu! Deus continua morto! E fomos nós que o matamos! Como havemos de nos consolar, nós, assassinos entre os assassinos! O que o mundo possuiu de mais sagrado e de mais poderoso até hoje sangrou sob nosso punhal – e quem nos lavará desse sangue? […]”. §125 – O Insensato.

   Nietzsche reconhece a crise que a morte de Deus causa a nossa moral, pois se o Cristianismo morre, também junto com ele morre a moralidade Cristã. Por isso, a passagem em “O Insensato” é dirigida aos ateístas, ao  saber que, o problema é reter um sistema de morais na ausência de uma figura divina. Como por exemplo: um ateu se fazer uso de morais baseadas no Cristianismo, como haverá ele de justificar sua moralidade? Da mesma forma, um estado que se diz laico, justifica suas leis através da moral cristã, a tão famosa defesa à família tradicional, como haverá o estado a defender esta moral não-laica?

   A morte de Deus é uma maneira de dizer que nós humanos, e toda nossa civilização ocidental, não deve mais depender de tal crença. A morte de Deus vai levar, como diz Nietzsche, não só a rejeição de uma divindade, mas também à rejeição dos valores absolutos que baseiam nossa sociedade. A rejeição destes valores nos leva ao Niilismo. Nietzsche acreditava também, que quando a morte de Deus se tornar mais difusamente conhecida, todos sucumbirão ao Niilismo. Este é um dos motivos de considerar o Cristianismo como Niilista.

   É neste contexto que Nietzsche busca valores e bases mais profundas que as encontradas no Cristianismo para justificar a moralidade, com valores fundamentados no amor à vida e a este mundo, não no paraíso.

   Ainda segundo Nietzsche, poderiam surgir agora possibilidades positivas para aqueles sem Deus. Renunciando a crença em Deus, abrimos novas possibilidades de desenvolvimento das habilidades de nossa espécie, “Deus não estaria mais no caminho”, agora não olharíamos mais para o reino do sobrenatural para reconhecer o valor deste mundo. Nietzsche usa a metáfora de um mar aberto, que pode ser ao mesmo tempo excitante e aterrorizante.

   A pessoa que eventualmente aprender a criar sua vida de novo representará um novo estágio na existência humana, o Übermensch (Super-Homem em alemão), que através da conquista de seu próprio niilismo, se torna ele mesmo um herói mítico a desbravar este novo mar aberto.

Autor da resenha: Matheus Henry Przygocki.

 

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