Maria Goeppert Mayer (1906-1972)
A luta pela igualdade na ciência é um ato que vem acontecendo por muitos anos. Mulheres vêm sendo submetidas a ficar na sombra de seus maridos, a cargos baixos e sem contar que por muitas vezes os salários são inferiores que o dos homens [1]. Apesar de todas as dificuldades encontradas, Maria Goeppert Mayer conquistou o segundo Nobel em Física e após muitos anos conseguiu ser reconhecida no meio científico. Provavelmente você não deve ter ouvido falar dela, como já ouviu de Albert Einstein, Isaac Newton e Max Planck, apesar de seus trabalhos serem pouco divulgados. Suas contribuições foram de imensa importância, e neste texto vamos falar um pouco da história desta magnífica cientista [1, 2]. No ano de 1906, na cidade de Katowice- Polônia, nascia Maria, filha única de Friedrich Goeppert e Maria Goeppert, a família por parte de seu pai até sua sétima geração consecutiva era composta de professores universitários, consequentemente, Maria Goeppert frequentaria também a universidade [1,2]. No ano de 1910, ela e sua família se mudam para a cidade de Göttingen- Alemanha, devido ao trabalho de seu pai [2,3]. A cientista frequentou escolas públicas e, com apoio de sua família, no ano de 1924, chegou até a Universidade de Göttingen, onde se matriculou com o propósito de se tornar matemática, mas não foi bem isso que aconteceu, Maria se sentiu atraída pela Física, especificamente pela física quântica a qual era recente na época. Segundo ela: “A matemática começou a se parecer muito com a resolução de quebra-cabeças. A física também resolve quebra-cabeças, mas quebra-cabeças criados pela natureza, não pela mente do homem.” (THE NOBEL PRIZE, Maria Goeppert Mayer.) Em 1930, Maria conquistou seu doutorado em física teórica, o qual teve orientação do grande físico Max Born e sua banca era composta também por outros dois grandes nomes da Física: Adolf Otto R. Windaus e James Franck [2,3]. Nesse mesmo ano, a Dra. Goeppert casou-se com o químico Joseph Edward Mayer e se mudou então para os Estados Unidos, onde ele lecionava Química na Universidade de Johns Hopkins. Nessa época, poucas mulheres eram vistas na universidade, já imaginou lecionando aulas? Bom, era seu marido que ficava com os melhores cargos de professor e pesquisador em tempo integral, enquanto Maria trabalhava como auxiliar no departamento de Física e sem remuneração, mesmo possuindo título de doutora [1-3]. No ano de 1939, a esperança de trabalhar fazendo o que ama e ser remunerada chega para Maria quando seu marido aceita uma vaga na Universidade de Columbia e então eles partem. Porém, Maria acaba encontrando um cenário totalmente oposto do que imaginou, o local era conservador e de predomínio masculino. Mas, finalmente, em 1941, ela começa a lecionar na instituição de Sarah Lawrence, a qual possuía remuneração pelo seu cargo como professora [2-4]. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos reconheceu os trabalhos de Maria e ela foi convidada a se juntar ao Projeto Manhattan, por meio dele ela conseguiu ser reconhecida como cientista e se sustentar sem o auxílio de seu marido. Seus conhecimentos de Física e Química auxiliaram no desenvolvimento da bomba de hidrogênio [3]. Após a guerra, Maria recebe uma proposta de trabalho para atuar como física sênior na divisão de física teórica do Laboratório Nacional Argonne. Alguns anos mais tarde, em 1949, com o auxílio de Hans Jensen e outros dois físicos, desenvolveram o modelo matemático para a estrutura nuclear em camadas, tal descoberta lhes rendeu, no ano de 1963, um prêmio Nobel em Física, tornando Maria Goeppert Mayer a segunda mulher da história a receber um Nobel em física [2,3]. É com pesar que informo que, no ano de 1972, Maria Goeppert Mayer sofre um ataque cardíaco, este que a leva ao coma e, no dia 20 de fevereiro do ano de 1972, ela sofre um AVC e falece [5]. A história de Maria, assim como a de Marie Curie (a primeira ganhadora mulher de um Nobel em Física), é marcada por lutas, determinação e perseverança. Esta história deve ser contada para nossas meninas antes de dormir, como incentivo para que mais mulheres busquem fazer ciência, que tenhamos muitas mulheres sendo laureadas com Nobel em Física e sendo reconhecidas no meio científico, pois onde ferem a nossa existência seremos resistência. Autora: Lorraine Gabriele Fiuza de Jesus Referências: [1] FEREGUETTI, Larissa. Mulheres que mudaram a engenharia e a ciência: Maria Goeppert-Mayer. Engenharia 360, 20 mar. 2019. Disponível em: https://engenharia360.com/mulheres-ciencia-maria-goeppert-mayer/. Acesso em: 20 jun. 2021. [2] JAMAL, Jessica; D’ORNELAS, Alana; AMARAL, Clarice D. B. MARIA GOEPPERT MAYER, NOBEL DE FÍSICA, 1963. Meninas e Mulheres nas Ciências – UFPR, 7 out. 2020. Disponível em: https://meninasemulheresnascienciasufpr.blogspot.com/2020/10/maria-goeppert-mayer-nobel-de-fisica.html. [3] MARIA Goeppert Mayer Biographical. The Nobel Prize. Disponível em: https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1963/mayer/biographical/. [4] PAIS, Ana. Nobel de Física que explicou números mágicos trabalhando sem remuneração. BBC NEWS/ BRASIL, 2 de maio de 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-56717029. [5] URPIA, Luciano. MORTE DE MARIA GÖPPERT-MAYER. MORTE NA HISTÓRIA. Disponível em: http://mortenahistoria.blogspot.com/2013/08/morte-de-maria-goppert-mayer.html.