Sophie-Marie Germain (1776 – 1831)

Sophie-Marie Germain (1776 – 1831)


   Marie-Sophie Germain foi uma matemática francesa que nasceu em 1° de abril de 1776, em Paris-França, em uma família burguesa e educada.  Sabe-se que o século em que a matemática viveu foi marcado por uma sociedade extremamente patriarcal, em que a mulher era tida como inferior e ocupava lugares sociais estereotipados, tais como dona de casa, cuidadora, entre outros. O âmbito acadêmico era reservado aos homens brancos com poder aquisitivo, os quais podiam frequentar livremente os espaços dedicados aos estudos avançados.

   Germain se interessou pela área da Matemática e da Física desde criança, quando ia à biblioteca do pai de madrugada para que pudesse ler livros científicos. O livro que mais chamou sua atenção foi Essais Historiques sur la Mathématique de Montucla, o qual retrata a morte de Arquimedes que, por estar completamente imerso em um problema geométrico, fora morto por um soldado romano.  Esse fato motivou a menina a se aprofundar na área da geometria e, posteriormente, superar diversos empecilhos que dificultavam sua inserção no ambiente acadêmico.

   Quando Sophie completou 13 anos, eclodiu, na França, a Revolução Francesa do século XVIII, o que ocasionou diversas mudanças na rotina da futura matemática, a qual fora proibida de sair de casa. Apesar dos ideais iluministas que a Revolução trazia consigo, como a intenção de tornar as ciências mais empíricas e as modificações drásticas que ocorrera no pensamento dos indivíduos da época, não foi concedida a cidadania política ao sexo feminino. Devido a isso,  os homens permaneceram em uma casta superior à das mulheres, ainda que  estas últimas tenham participado ativamente da Revolução. A historiadora Michelle Perrot retrata muito bem esse movimento revolucionário e suas consequências para as mulheres em seu livro Minha Histórias das Mulheres, publicado em 2007.

   Pode-se perceber, assim, as grandes dificuldades que Germain teve que enfrentar para se colocar diante da sociedade científica da época. Um fato que chamou a atenção de Sophie fora a fundação da École Polytechnique, em 1794. A matemática almejava estudar na recém fundada universidade que, infelizmente, apenas homens ricos e brancos poderiam ingressar. Então, com o intuito de receber anotações das aulas dadas na universidade e publicar trabalhos científicos, adotou o codinome de um ex-aluno da academia: Antoine-Auguste Le Blanc. Com isso, trocou cartas com grandes nomes das ciências exatas da época, entre eles, Carl Friedrich Gauss.

   Sophie Germain contribuiu para a área da Matemática e da Física com elegância e, mais especificamente nesta última, ajudou nos cálculos da elasticidade e propriedades metálicas dos materiais que propiciaram na construção da Torre Eiffel, hoje, um grande monumento francês, que atrai turistas diariamente. Infelizmente, não obteve o reconhecimento merecido por tal feito, pois seu nome foi omitido da lista de agradecimento aos 72 matemáticos (homens, é claro) que ajudaram na construção da torre. Marie foi, durante toda sua vida, sustentada pelo pai pois não casara e não conseguira trabalho remunerado. A matemática morreu com 55 anos de câncer nas mamas.

   A história de Sophie Germain retrata, portanto, a luta das mulheres contra uma sociedade extremamente excludente e patriarcal. Foram mulheres como Germain que deram os primeiros passos para que o movimento feminista pudesse se desenvolver no final do século XIX. É uma história incrivelmente bela que está inserida no Efeito Matilda, em que trabalhos femininos eram reconhecidos como feitos por homens.

Autora: Rieli Tainá Gomes dos Santos

Referências:

Perrot, Michelle. Minha história das mulheres. Tradução de Angela M. S. Côrrea. São Paulo: Contexto, 2007.

Hall, Natascha; Jones, Mary and Jones, Gareth. A Vida e o Trabalho de Sophie Germain. Gazeta de Matemática. no. 146; Janeiro de 2004.

Schmidt, Joessane de Freitas. As mulheres na Revolução Francesa. Revista Thema; [S.I], v. 9, n. 2, 2012.

Kelley, Loretta. “Why Were So Few Mathematicians Female?” The Mathematics Teacher 89, no. 7 (1996): 592-96. 

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