Leonardo da Vinci (1452 – 1519)

Leonardo da Vinci (1452 – 1519)

   Muitas pessoas dedicam grande parte de suas vidas para serem as melhores no que fazem. Albert Einstein, por exemplo, mantinha-se absorto em estudos mesmo em seu leito de morte. Provavelmente, todos os gênios da humanidade se entregaram de corpo e alma aos seus trabalhos. Embora possamos jamais compreender esses intelectos, não há dúvidas que todos eram fascinados pelo conhecimento. Caso duvide, caro leitor, peço-lhe que leia atentamente a narrativa que se segue, pois verá como uma mente observadora e sedenta por conhecimento criou um dos mais brilhantes gênios da história, Leonardo da Vinci. 

   Nascido em 15 de abril de 1452, próximo de Vince, Itália, Leonardo teve uma infância diferente da maioria das crianças de sua época. Enquanto muitas se dedicavam às brincadeiras ou ajudavam os pais no trabalho, ele preferia explorar os bosques e florestas da região. Durante uma dessas caminhadas, ao que dizem os relatos, encontrou um esqueleto de baleia no interior de uma caverna. Diante da carcaça do magnífico animal, algo despertou em Leonardo: um desejo insaciável de explorar e entender o mundo. 

   Curiosamente, o fato de ser filho bastardo o ajudou nessa jornada: não precisou seguir a carreira de tabelião de seu padrasto. Pôde, então, passar os dias observando a natureza, pensando sobre seus mistérios e pintando. Seu talento era tanto, mesmo quando criança, suas obras eram iguais as de mestres. Certa vez, seu padrasto lhe pediu para pintar e adornar um escudo de um conhecido. O resultado foi tão magnífico que, segundo os boatos, outro escudo foi entregue ao conhecido, enquanto o “verdadeiro” tornou-se relíquia da família. Os boatos ainda dizem que o segundo escudo, também decorado por Leonardo, foi vendido por uma fortuna a um nobre, que o achou fabuloso [1-3]. 

   Era natural que jovens talentosos nas artes buscassem trabalho nos ateliês de Florença¹ [1].  Como era de se esperar, o talento de Leonardo não passou despercebido na cidade italiana: o renomado Andrea del Verrocchio acolheu-o como aprendiz. Durante os anos sob sua tutela, Leonardo não apenas lapidou sua técnica em pintura, como conheceu duas áreas que marcariam sua vida: a matemática e a engenharia. Seus projetos – para surpresa de poucos – eram geniais; o próprio Verrochio os usou para construir a cúpula da catedral de Florença [1].

   ¹Os comerciantes e nobres fomentavam o mercado artístico ao encomendarem obras por verdadeiras fortunas.

   Além de seus projetos, que estavam décadas à frente de seu tempo, o próprio estilo de vida de Leonardo era considerado, na melhor das hipóteses, excêntrico. Ele não temia de se aventurar ou buscar suas paixões, custe o que custasse. Aos 24 anos, arriscou a própria vida ao manter relações com um jovem de 17 anos – em uma Florença onde a homossexualidade era punida com a morte pelas autoridades religiosas. O próprio dinheiro, para ele, parecia ter pouco valor: frequentemente distribuía moedas de prata e ouro entre amigos e conhecidos. Chegou até a realizar necropsias, estudando em segredo os órgãos de cadáveres abertos — outra prática condenada pela igreja [1-3]. 

   No entanto, por trás de sua personalidade alegre e criativa, historiadores identificam possíveis traços de bipolaridade. Leonardo vivia imerso em múltiplos projetos e ideias, mas, repentinamente, abandonava tudo — às vezes por anos, até que, inesperadamente, voltava a se dedicar a eles. Mesmo assim, todas as pinturas, ilustrações, projetos e ideias eram feitas pensando nos mínimos detalhes. Um exemplo é A Virgem dos Rochedos: embora o cenário seja inteiramente imaginário, a vegetação e as formações rochosas representadas são fielmente condizentes com o ambiente natural. A própria Mona Lisa foi pintada de maneira tão engenhosa que, independentemente do ângulo em que se observe, ela sempre parece encarar o espectador [1-2].

    Para quem chegou até aqui, é difícil duvidar: mesmo entre os gênios, Leonardo era um ponto fora da curva. Muitos de seus projetos anteciparam tecnologias modernas — como o avião, a roupa de mergulho, metralhadoras e tanques de guerra. A lista é extensa! Mesmo mergulhado em inúmeras ideias e projetos, seu corpo começou a mostrar sinais de fadiga. Leonardo morreu em 2 de maio de 1519. O curioso é que, em seu testamento, deixou dinheiro para que 60 mendigos acompanhassem seu cortejo fúnebre. Não sabemos ao certo o motivo desse gesto, mas talvez tenha sido sua maneira silenciosa de lembrar ao mundo — e a si mesmo — que jamais esqueceu quem realmente era: um garoto sonhador, encantado pelo mundo, que, por ser ilegítimo, nem sequer carregava o sobrenome dos pais [1].

Autor: Gabriel Mufatto.

REFERÊNCIAS:

[1] Canal Nostalgia. Leonardo Da Vinci – O Homem Que Inventou O Futuro – Doc Nostalgia. [Vídeo]. Youtube, 2023. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3iGPclknn_8&t=962s. Acesso em: 19 maio. 2025. 

[2] Leonardo da Vinci. Guia das artes. Disponível em: https://www.guiadasartes.com.br/leonardo-da-vinci/bibliografia. Acesso em: 19 maio. 2025.

[3] Biografia de Leonardo da Vinci. Ebiografia. Disponível em: https://www.ebiografia.com/leonardo_vinci/. Acesso em: 19 maio. 2025.

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