Moysés Nussenzveig (1933 – 2022)
Desde antes do seu nascimento, a sua família vivia dias difíceis na Polônia que presenciava um intenso movimento de antissemitismo, levando seus pais, que eram judeus, a migrarem para o Brasil. Passados 13 anos dessa migração, no dia 16 de janeiro de 1933, no estado de São Paulo, Herch Moysés Nussenzveig recebeu sua certidão de nascimento, contudo, cerca de seis meses após o seu parto. Em sua adolescência, Moysés passava suas tardes na Biblioteca Municipal lendo as obras do Monteiro Lobato e os clássicos do Dostoiévski, criando uma paixão pela literatura e pela arte. Aos seus 17 anos, decidido a ingressar na faculdade de cinema e seguir essa paixão, Moysés ganhou uma bolsa para participar de um curso de Matemática na França, que o inspirou a seguir a carreira científica. Seu primeiro contato universitário com a ciência ocorreu em 1952, após voltar para o Brasil e iniciar o curso de Física na USP. Durante suas aulas, seu professor de Mecânica Quântica, David Bohm, o incentivou a direcionar seus estudos à Física Teórica, em especial, ao eletromagnetismo e óptica. No ano de 1957, Moysés já havia concluído seu curso e preparava-se para defender sua tese de doutorado, com Richard Feynman o assistindo e com uma cópia sendo enviada ao Wolfgang Pauli. No ano de 1958, já como mestre em Física, mudou-se para a Holanda para fazer seus pós-doutorados na Universidade de Eindhoven e na Universidade de Utrecht. Nos anos seguintes, por volta de 1960, estudou no Instituto Nacional de Tecnologia de Zurique, na Suíça (1960) e na Universidade de “Birmingham” (1960), na Inglaterra Passados 3 anos da conclusão de seus estudos em Birmingham, enquanto dava aulas na Faculdade Nacional de Filosofia no Brasil, recebeu um convite para participar das pesquisas desenvolvidas na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Após chegar aos EUA, teve contato com os alunos do Max Born, que o convidaram, no ano de 1966, a pesquisar na Universidade de Rochester. Durante esses anos, entretanto, o Brasil vivia o período da ditadura militar que minou o campo e as formas de atuação dos cientistas brasileiros. Moysés, durante esse período onde morava nos EUA, atuou veementemente na divulgação para o exterior sobre a verdade que ocorria com a ciência brasileira, debatendo-a até mesmo com Oppenheimer durante alguns jantares. Em 1975, quando houve uma aparente redemocratização brasileira, Moysés retornou ao seu país natal a convite do diretor do instituto de Física da USP, Goldemberg. A condição necessária imposta por Moysés para sua volta, bem como para lecionar na universidade, era que fosse criado um departamento de Física na USP. Mesmo com a criação desse departamento, Moysés não foi bem recebido por seus novos alunos, devido a sua imagem disseminada e distorcida durante a ditadura militar. Todavia, com o passar do tempo, além dele conquistar a confiança deles, conquistou renome nacional com os estudantes brasileiros, em especial, após escrever seus famosos livros “Física Básica” que se tornaram material indispensável nos cursos de Física superior. Nos anos seguintes, Herch Moysés Nussenzveig continuou atuando constantemente na educação e na Física para o Brasil, sendo membro da União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP) e presidente da Sociedade Brasileira de Física. Entretanto, no ano de 2022, aos 89 anos, ele veio a falecer deixando uma profunda marca e legado na história da Física. Autor: Gabriel Vinicius Mufatto. Referências: [1] A Física de luto com o falecimento do professor Herch Moysés Nussenzveig. Jornal da USP. Disponível em: https://jornal.usp.br/universidade/a-fisica-de-luto-com-o-falecimento-do-professor-herch-moyses-nussenzveig/. Acessado em: 06 agosto. 2023 [2] Nussenzveig, H. M. [Entrevista cedida a] Azira Alves Abreu. 01 jun. 2007. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252008000500013. Acessado em: 06 ago. 2023.
