A realidade não é o que parece: A estrutura elementar das coisas

A realidade não é o que parece: A estrutura elementar das coisas

Autor:  Carlo Rovelli.

Ano de publicação: 2014

Gênero: Não ficção.

   Carlos Rovelli é um dos pensadores mais enigmáticos dos últimos tempos. Com grande sofisticação na escrita, sob um olhar puramente filosófico, o livro: “ A realidade não é o que parece – A estrutura elementar das coisas”, mostra ao longo dos capítulos, o avanço do entendimento da nossa realidade, desde os tempos de  Demócrito a gravidade quântica em loop.

   O que encanta no decorrer da  obra literária de Rovelli, é a forma como os fatos são conduzidos. Mostrando a evolução do pensamento científico, revela-se sua reverência aos grandes pensadores, comprometendo-os e deixando claro seu parecer sobre seus contributos com a Física. Com tons de indagação, principalmente, sobre as raízes da ciência, desde início de todas as coisas, o Big Bang, ao fracasso do experimento dos cordistas, para a esperança dos lupitas, o autor estende um diálogo simples e elegante com seu público.

   A primeira parte do livro, “Raízes”, deixa bem claro seu interesse pela história da filosofia e da ciência.  A sua indignação com relação aos esquecimentos das teorias do Demócrito, com os quais, dizem que restou-se tudo de Aristóteles. Rovelli revivi Demócrito, trazendo-o em cada pauta,  enfatizando sua admiração pelos feitos do filósofo, que foram base para a evolução do pensamento Newtoniano. Como também, exalta os trabalhos de Aristóteles, os quais adentram nas “luas de Newton” para compreensão da queda dos corpos, ou melhor, da gravidade. Até as bases do mundo de Faraday e  Maxwell, os grandes revolucionários, são incorporados.

   “O início da Revolução”, a segunda parte da obra, é introduzida com grande entusiasmo, já que estamos perto do tema que o autor se aventura.  A “relatividade geral” é descrita como uma verdadeira obra-prima de Albert Einstein, sendo nesse momento em que a “alma do livro”  se inicia, que as linhas da Física começam a fazer sentido, que novos questionamentos surgem sobre espaço e tempo físico, propriedades que não poderiam mais ser sustentadas por Isaac Newton.

   O esplendor da curvatura do espaço, como também do tempo, abrem alas para uma das maiores pautas de discussões desta obra. Ao iniciá-la, o autor cita um exemplo clássico, de dois irmãos gêmeos, um que vivia nas montanhas, o outro na praia, onde ao se encontrarem um era mais velho que o outro.

   Para respirar antes de ingressar a fundo nesse assunto, Rovelli descreve episódios sobre Einstein, como um “bônus ao leitor”. Ele explica o embate do cientista com a matemática, como também sobre a profundidade do cosmos, para assim adentrar na mecânica quântica e descrever com mínimos detalhes sua opinião sobre os benfeitores da estrutura atômica. Ao encerrar esse ciclo, profundas palavras são ditas. Palavras pessoais, as quais, deixam em evidência que boas teorias, também podem ser corrigidas. Que ainda nos restam dúvidas… dúvidas que são a fonte da profunda e melhor ciência.

   A terceira parte – “Espaço quântico e tempo relacional”, inicia-se tratando de temas que ainda são profundos, e um tanto delicados, que surgem de paradoxos como o de Shoendiguer para a compreensão da gravidade quântica. Mas o que é realmente interessante ainda estava por vir.

   “O tempo não existe”… Rovelli, deixa nítido e em aberto umas das suposições mais extraordinárias lançadas por ele, que reforça o título de sua obra, e que aparentemente soa como uma das teorias mais difíceis de se acreditar. Essa vertente é retomada em seu âmago final, sobre o devaneio de que tempo é parecido com a temperatura, sendo apenas um efeito das variáveis microscópicas que nos formam.

   Nos capítulos finais, “Além do espaço e do tempo”, o autor dá uma aula sobre a teoria do Big Bang, aproveitando para falar sobre os resultados da gravidade quântica em loop, em que é pioneiro. Afirmando que  tais equações quando aplicadas à expansão do universo, podem ilustrar seu início. Logo, sendoendo um fato impactante para o progresso científico, tal como a descoberta de Steven Hawking sobre buracos negros, que  comportam-se como corpos quentes.

   O livro acaba falando sobre informação, e o por que ela é tão importante. O que deixa marcante nesse momento é que  o autor emerge de sua visão pessoal, e nos diz que tudo aquilo que se tornou teoria, na verdade, não passam de pistas.

Autor da resenha: Cassandra Trentin.

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