Vera Rubin (1928 – 2016), a Mãe da Matéria Escura

Vera Rubin (1928 – 2016), a Mãe da Matéria Escura

 

   Vera Florence Cooper Rubin nasceu em 23 de julho de 1928, na Filadélfia. Filha mais nova de Rose Applebaum e Philip Cooper, desde criança era fascinada pelo Universo. Em 1938, após se mudar para Washington DC, fez parte de um grupo de observação amadora e, aos 13 anos, construiu junto com seu pai um telescópio de papelão pelo qual observava asteroides [1, 2].

   Vera Rubin tinha um grande desejo de seguir a carreira científica, mas já no ensino médio teve um professor que tentou persuadi-la a ir para as artes [2]. Não se deixando abalar, ela ingressou no bacharelado em Astronomia na Vassar College, completando-o em 1948, sendo a única a se formar no curso naquele ano [1,2].

   Após completar a graduação, Vera tentou ingressar no programa de pós-graduação da Universidade de Princeton, mas não foi aceita devido a seu gênero [3]. Na época, universidades como Princeton e Harvard não aceitavam mulheres oficialmente nos seus programas [2].

   Vera finalmente conseguiu ingressar no mestrado na Universidade de Cornell, concluindo-o em 1951. Nele, ela estudou o movimento de 109 galáxias, e obteve conclusões consideradas controversas e que não foram bem aceitas. Na época acreditava-se que o universo estava em constante expansão em relação a um ponto, o local do Big Bang. Vera argumentou que, além disso, as galáxias também estariam orbitando em torno desse ponto [2,4].

   Em 1954, Vera Rubin completou seu PhD na Universidade de Georgetown, aos 26 anos. Em sua tese, ela concluiu que as galáxias não estão espalhadas de forma aleatória e homogênea pelo Universo, como se supunha pela teoria do Big Bang, mas que se organizavam em grupos, os chamados clusters. Novamente sua ideia foi vista com ceticismo durante 20 anos, até quando foi revisitada e comprovada [2,4].

   Nos 10 anos seguintes, Vera trabalhou como pesquisadora assistente na Universidade de Georgetown, e em 1962, passou a fazer parte do quadro docente ministrando aulas de Física, Matemática e Astronomia. Vera também ocupou outra posição de prestígio como pesquisadora no Carnegie Institute [2,4].

   Na Universidade de Georgetown Vera conheceu Kent Ford, que se tornou seu grande amigo e colega de pesquisa. A partir de 1963, eles começaram a estudar a curva de rotação das galáxias, a forma como as estrelas orbitam o centro das galáxias [2,4]. Para isso, Rubin desejava fazer observações astronômicas no Observatório Palomar, do Caltech. Porém, em pleno ano de 1965, o lugar ainda não aceitava a presença de mulheres. Por falta de outra justificativa e pela insistência de Rubin, o Observatório alegou que não existia um banheiro feminino, assim mulheres não poderiam trabalhar lá. Em protesto, ela escreve uma placa e coloca uma saia de papel no símbolo de masculino do banheiro e diz: “Look, now you have a ladies restroom” (Olha, agora vocês têm um banheiro feminino). Assim, ela foi a primeira mulher a utilizar o Observatório Palomar [2,3].

   Na sua pesquisa sobre a curva de rotação das galáxias, Vera faz sua descoberta mais importante. Pensando no Sistema Solar, planetas mais afastados têm velocidade orbital menor que dos planetas mais próximos do Sol [4]. O mesmo era esperado para as galáxias, mas Vera Rubin descobriu que estrelas afastadas têm velocidade orbital aproximadamente igual à de estrelas mais próximas do centro da galáxia. Isso só poderia ser explicado se a massa da galáxia fosse maior do que a massa observada, senão não haveria força suficiente para mantê-la unida [1-4].

   Assim, em 1970, Rubin e Ford teorizaram a existência de uma massa invisível, que não tinha interação com radiação eletromagnética, apenas seria detectada sua interação gravitacional. Essa massa invisível foi chamada de Matéria Escura. Por isso, Vera é conhecida como mãe da Matéria Escura [4].

   Em sua homenagem, o Carnegie Institute, criou o Prêmio Vera Rubin Early Career Prize. Além disso, há uma região em Marte chamada Vera Rubin Ridge, um asteroide com nome 5726 Rubin [1] e um observatório em construção no Chile, nomeado de Vera C. Rubin Observatory [5].

   Além de tudo, Rubin advogou pela igualdade de gênero na carreira científica, até hoje inspirando muitas mulheres [1,2]. Vera casou-se com Robert Rubin, com quem teve 4 filhos, e faleceu em 25 de dezembro de 2016 [1].

Autor: Cristhian Gean Batista Guimarães.

Referências

[1] Vera Florence Cooper Rubin. Women in Exploration, 2021. Disponível em: <https://www.womeninexploration.org/timeline/vera-florence-cooper-rubin/>. Acesso em: 27 de ago. de 2022.

[2] ASTRONOMIA EM MEIA HORA: Vera Rubin, a mãe da matéria escura. [Locução de]: Camila Esperança. [S. I.]: Agência de Podcast, 28 de maio de 2022. Podcast. Disponível em: <https://open.spotify.com/episode/4YvSfuFR4XK45zcTxed51y>. Acesso em: 27 de agosto de 2022.

[3] Conheça Vera Rubin, a astrônoma e rainha das galáxias! Espaço do Conhecimento UFMG. Disponível em: <https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/vera-rubin/>. Acesso em: 27 de ago. de 2022.

[4] CARDOZO, Ivan. A Importância de Vera Rubin para a ciência e o mundo.  South American Institute for Fundamental Research, 2017. Disponível em: <https://www.ictp-saifr.org/a-importancia-de-vera-rubin-para-a-ciencia-e-o-mundo/#page>. Acesso em: 27 de ago. de 2022.

[5] Vera C. Rubin Observatory. AURA Astronomy. Disponível em: <https://www.aura-astronomy.org/centers/nsfs-oir-lab/rubinobservatory/>. Acesso em: 27 de ago. de 2022.

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