Resenha: Bom-Crioulo
Autor: Adolfo Caminha. Ano de publicação: 1895. Gênero: Romance. Publicado em 1895, o livro “Bom-Crioulo” me chamou atenção por ser o primeiro a retratar a homossexualidade no Brasil. Na época o escândalo gerado foi enorme, tanto pela questão sexual da obra, quanto por ser um romance envolvendo um homem negro, chamado Amaro e Aleixo, um homem branco. A narrativa começa em um navio da marinha, comumente chamado pelos marinheiros de “corveta”. Um de seus marinheiros era Amaro, um ex-escravo com uma força muito maior que a dos outros, o que gerou o apelido de Bom-Crioulo. Amaro acaba se apaixonando por Aleixo, um rapaz loiro de olhos claros, mudando então todo seu comportamento, bebendo e brigando regularmente no navio por conta da sua paixão, como mostra esse trecho: “Diziam uns que a cachaça estava deitando a perder “o negro”, outros, porém, insinuavam que Bom-Crioulo tornara-se assim, esquecido e indiferente, dês que “se metera” com o Aleixo, o tal grumete, o belo marinheirito de olhos azuis, que embarcara no sul. — O ladrão do negro estava mesmo ficando sem vergonha! E não lhe fossem fazer recriminações, dar conselhos… Era muito homem para esmagar um!” Isso resultou em vários castigos de seus superiores, mas Amaro não ligava, estava muito apaixonado. Quando voltam à terra firme, de folga, os dois passam a viver juntos em uma pensão de uma senhora chamada D. Carolina, uma ex-prostituta que devia favor ao ex-escravo, no Rio de Janeiro. Eles passam a viver como um casal, mas eram separados frequentemente por terem que ir trabalhar no mar, com isso, Aleixo começa a ser seduzido por D. Carolina, fazendo-o se afastar de Amaro, que ficou muito confuso. O que acontecerá com o futuro dos dois marinheiros? Será que Amaro irá descobrir a paixão de Aleixo? Será que Aleixo irá deixar o Bom-Crioulo? Será que D. Carolina continuará seduzindo Aleixo? Se Amaro descobrisse, qual seria sua reação? A leitura cativa desde o primeiro capítulo e cada vez mais você terá menos certeza do que irá acontecer. É um ótimo livro para ler quando se quer relaxar. Autora da resenha: Ana Flavia Gomes