Resenha: Tio Petros e a Conjectura de Goldbach

Resenha: Tio Petros e a Conjectura de Goldbach



 

Autor: Apostolos Doxiadis.

Ano de publicação: 2010.

Gênero: Divulgação científica.

Todo número par maior que 2 é igual à soma de dois números primos”

   Essa afirmação, tão simples e inocente, caracteriza uma das conjecturas mais intrigantes da Matemática. Ela foi enunciada por Christian Goldbach e permanece sem demonstração até os dias de hoje. É fácil perceber que a conjectura é válida para certos números, mas seria para todos? Essa é a famosa e formidável Conjectura de Goldbach, a qual está inserida na área de Teoria dos Números e é abordada no livro “Tio Petros e a Conjectura de Goldbach”, uma história fictícia sobre um matemático com grandes aspirações.

   O livro é narrado em primeira pessoa pelo sobrinho de Petros Papachristos, e aquele não se nomeia em nenhum momento da leitura, deixando claro que o foco principal é seu tio e suas vivências. A história começa com o mistério acerca do tio tido como “um daqueles fracassados da vida” por seus irmãos, intrigando o leitor do início ao fim do livro sobre o motivo desse pensamento. O sobrinho, curioso como é, procura pequenos detalhes sobre a vida de Petros a fim de desvendar o porquê do desprezo dos irmãos por seu tio.

   No desenrolar da história, o sobrinho descobre que seu tio, na adolescência, era um gênio da Matemática. Quando adulto, este tornou-se um matemático puro com grande interesse na área de Teoria dos Números e tornou-se professor de Análise na Faculdade de Munique. A pergunta seguinte foi natural: “como um professor universitário com uma genialidade fascinante tornara-se ‘um daqueles fracassados da vida’”? A culpada é a Conjectura de Goldbach.

   Petros Papachristos passou sua vida acadêmica inteira procurando a enigmática solução para a conjectura, passando da sanidade à loucura a fim de respostas plausíveis. Tornou-se, assim, um ser amargurado com a vida e com a Matemática, como pode-se perceber no seguinte trecho:

“… Eu era ambicioso demais. Mas veja bem, meu caro rapaz, boas intenções infelizmente não bastam. […] Para chegar ao topo da matemática, você precisa de algo mais, da condição fundamental para o sucesso, […] o talento!”

   A história de Petros é retratada no segundo capítulo do livro e traz sensações de empatia pelas tentativas fracassadas do personagem e admiração pelo determinado matemático. Apesar de Papachristos ser um personagem fictício, grandes cientistas da época são retratados no livro, com alguma participação na vida acadêmica de Petros, são eles: G. H. Hardy, J. E Littlewood, Kurt Gödel, Alan Turing, S. Ramanujan, entre outros. A personalidade desses cientistas é retratada de forma magnífica e verossímil e o livro conta com curiosidades acerca da vida desses matemáticos.

   O livro trata, também, da figura do “matemático louco” e como o sobrinho acreditava que o estereótipo não era pura ficção:

“Cada vez mais, eu via os grandes profissionais da Rainha das Ciências como mariposas atraídas por um tipo de luz desumana, brilhante, mas abrasadora e cruel. […] Chegaram demasiadamente perto, queimaram as asas, caíram e morreram”

   Sem sombra de dúvidas, “Tio Petros e a Conjectura de Goldbach” é um livro que vale a pena ser lido. Devido à simplicidade da linguagem, é uma leitura recomendada para todos os públicos, sejam matemáticos ou não. É perceptível a maestria com que o autor desenrola os acontecimentos e desperta diversos sentimentos no leitor, o que torna cada página surpreendente.

Autora da resenha: Rieli Tainá Gomes dos Santos

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