Resenha: O Andar do Bêbado
Autor: Leonard Mlodinow.
Ano de publicação: 2009.
Por que temos a impressão de que sempre estamos na fila mais lenta? Ou de que as coisas ruins só acontecem com a gente? A explicação que parece mais plausível, é de que o Universo está conspirando contra nós. Porém, se eu fosse a personificação do universo, com toda minha magnificência, com certeza teria coisas mais importantes para fazer do que me preocupar com a vida de um humano qualquer. Portanto, Leonard Mlodinow, em seu livro, O Andar do Bêbado, explica que isto é atribuído ao chamado viés de disponibilidade, que está associado a importância que damos a memórias mais vívidas, que estão mais “disponíveis” em nossa mente, logo, mais fáceis de recordar. Segue o exemplo: se estamos em um supermercado, onde há cinco filas, ao escolhermos uma delas de forma aleatória, a chance de ficarmos na fila mais lenta é de aproximadamente 1/5. Se essa probabilidade é a mesma para todas, temos a impressão que escolhemos sempre a mais lenta, poisquando a fila anda rápido, temos coisas mais importantes nas quais pensar. Mas quando a senhora a nossa frente decide reclamar com o atendente do caixa, dedicamos muita atenção ao fato. Assim, parece que sempre pegamos a fila mais lenta, pois esquecemos que já estivemos também naquelas que andam rápido.
O Andar do Bêbado é um nome bem sugestivo para um livro que, como você leu acima, trata de coisas aleatórias. Se você é como eu, que não mede esforços na hora de levantar o copo, sabe muito bem como um bêbado se move. É um movimento tão caótico como o Movimento Browniano observado em pequenas partículas suspensas em água, que serviu como base para os trabalhos de Einstein em 1905 sobre a física estatística, problema este também abordado no livro.
Outro exemplo abordado pelo autor é o seguinte: sabe quando você elogia alguém por algo que ela fez, e tem a impressão de que depois disso a pessoa faz a mesma coisa, só que pior? É natural atribuirmos essa piora ao elogio. No entanto, o que acontece é um fenômeno chamado de regressão à média. Nas palavras do autor: “[…] em qualquer série de eventos aleatórios, há uma grande probabilidade de que em um acontecimento extraordinário seja seguido, em virtude puramente do acaso, por um acontecimento mais corriqueiro.”.
Por fim, com base nos exemplos citados, vale salientar que este é um livro de matemática destinado ao público leigo. Ou seja, os inúmeros conceitos nele abordados são explicados de maneira clara e descontraída, sempre em paralelo com situações do nosso cotidiano. Por isso, é sem dúvida um ótimo livro para passar seus momentos de sobriedade.
Autor da resenha: Felipe Leria Stefenon.
