Noites Brancas
Autor: Fiódor Dostoiévski
Tradução: Nivaldo dos Santos
Ano de Publicação: 2009 – 3ª edição
Gênero: Romance
São Petersburgo, antiga capital do Império Russo, erguida sobre um pantâno, e que durante as noites de verão – noites em que o sol parece negar se retirar – trazem um aspecto fantasmagórico, uma cidade saída de um sonho. Sonhar é algo que o protagonista desse livro faz intensamente. O leitor será apresentado ao mundo do narrador sem nome, narrador que, em um dia de verão se sente extremamente triste, mais do que o habitual, pois parece que todos estão lhe abandonando, que todos seus conhecidos o deixaram, apenas as casinhas com a qual mantinha simpatia permanecem ali, mas, na realidade, ele é um solitário. Nesse dia ele resolve caminhar, caminhou tanto que se encontrou no campo, ali sim, estavam seus “conhecidos”, se sentiu acolhido, finalmente voltaria para a casa feliz. No caminho, entretanto, se depara com uma cena que lhe partiu o coração; uma moça chorando, aproximou-se dela, e após alguns eventos, eles finalmente se conhecem.
No decorrer do livro, o leitor é apresentado a história de ambos, o narrador e Nástienka, histórias “trágicas” para cada um deles. Durante quatro noites e uma manhã eles desenvolvem sua amizade, amizade essa de sentimentos tão intensos que chegam a contar com momentos engraçados, amizade essa que é desejada ser mais do que apenas amizade, amizade essa que será curta e marcante.
Apesar dos exageros, o escritor apresenta os personagens de forma magnífica, de maneira a fazê-los íntimos do leitor e deles mesmos. Nessa história temos o mundo de dois sonhadores, contudo dar-se-á destaque ao mundo do narrador. Como dito no início do livro, essas são as memórias de um sonhador, como são memórias também estão carregadas de profundos sentimentos. Nessa história o sentimento central é o amor.
O autor se serve de diversas ferramentas da escola romântica, mas as usa de forma tão exagerada, que como já foi citado anteriormente, traz cenas engraçadas, engraçadas pela forma de que tudo é tão intenso, Dostoiévski apresenta essa noção da situação através da protagonista, que fica maravilhada e radiante com a maneira dele de falar, forma tão lírica, digna de estar presente nos melhores diálogos teatrais. Esse exagero poderia ser reprovável se não fosse pela forma esplêndida que é expressa.
Apesar dos excessos de sentimentos presentes na obra, é impossível não se notar a abissal profundeza dos personagens. Em cinco capítulos o autor traz assuntos não são diretamente abordados, mas que estão presentes de maneira intrínseca no drama dos personagens. Entre esses temas o que chama atenção é a solidão e isolamento do sonhador. O mundo parece estar diretamente ligado aos seus sonhos, sua idealização é realmente digna da juventude, idealização essa pela qual ele se apaixonou, contudo, notou que não podia tê-la. Após o final de seu “sonho”, ele acordou em um mundo triste, agora mais cinza e envelhecido.
Dostoiévski se tornou conhecido por obras como Crime e Castigo ou Irmãos Karamázov, entretanto essa novela de sua primeira fase, não deixa nada a desejar. Além disso, mesmo sendo uma publicação do século dezenove, é possível realizar muitas conexões com o mundo atual, afinal, o livro trata de temas universais e atemporais.
Ler esse livro pela segunda vez é uma ótima experiência para apreciadores da literatura ou não. Esse livro pode ser uma ótima companhia em um fim de tarde, pode tornar seu dia inesquecível, assim como aquelas Noites Brancas.
Autor da resenha: Yorranan Neves de Almeida Costa.