Mário Schenberg (1914 – 1990)
Mário Schenberg nasceu em 2 de julho de 1914 na cidade de Recife, no estado de Pernambuco. Filho de pais imigrantes europeus de origem judaica. Mário é considerado o pioneiro da física teórica e da astrofísica moderna no Brasil [1].
Em Recife, iniciou seus estudos em engenharia em 1931, cursando por dois anos, e em 1933, mudou-se para São Paulo, onde se formou Engenheiro Eletricista na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), em 1935. Já em 1936, formou-se Bacharel em Matemática pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Nesse mesmo ano, publicou seu primeiro artigo na área da eletrodinâmica quântica. Durante a graduação na USP, Mário teve contato com Gleb Wataghin e Giuseppe Occhialini, físicos italianos de renome, os quais lhe permitiram um aprofundamento nos principais problemas de física teórica dos anos 30 [1,2].
Na década de 1940, a carreira acadêmica de Mário Schenberg avançou internacionalmente. Em 1940, foi bolsista da Fundação Guggenheim, nos Estados Unidos, e trabalhou na Universidade de Chicago [3]. Nesse período, desenvolveu estudos sobre evolução estelar com o físico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar, onde juntos estabeleceram o Limite Schenberg-Chandrasekhar. Esse limite dita o quanto de massa o “caroço” de Hélio pode ter no núcleo de uma estrela antes que haja o colapso gravitacional [3,4]. Além disso, Schenberg trabalhou também com George Gamow, Wolfgang Pauli, Enrico Fermi na Itália, e muitos outros cientistas de renome [5].
Em 1944, Mário tornou-se professor catedrático de Mecânica Racional e Celeste na USP. Ainda na década de 1940, foi para a Universidade de Bruxelas, na Bélgica, onde atuou como físico teórico do grupo de raios cósmicos e publicou vários artigos científicos na área de mecânica quântica [1].
Novamente no Brasil, Mario Schenberg foi diretor do Departamento de Física da USP entre 1953 e 1961. Nesse intervalo houve a criação de vários laboratórios de pesquisa, a criação de um grupo de pesquisa em raios cósmicos, e a aquisição do primeiro computador de pesquisa da USP. Ainda nas décadas de 50 e 60, Mario foi membro do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, e contribuiu para a criação da Sociedade Brasileira de Física (SBF), em 1966 [1,3].
Além da carreira acadêmica, Mário foi um político ativo e crítico de arte. Ele foi eleito por duas vezes deputado estadual e contribuiu para a aprovação do artigo que levou à fundação da FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Com as mudanças políticas de 1964, Mário Schenberg perdeu seus direitos políticos e seu cargo de professor na USP. Ele foi até mesmo proibido de frequentar a Universidade e foi preso por alguns meses. A situação só mudou a partir da abertura política, momento em que Schenberg pode voltar à USP e se tornou presidente da SBF em 1978 [1].
Em 1983, Mário recebeu o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional de Pesquisas para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e em 1984, foi homenageado em um simpósio internacional pelos seus 70 anos. Para mais, vários laboratórios e prédios levam seu nome como homenagem. Mário faleceu no dia 10 de novembro de 1990, e deixou um legado para a ciência brasileira [1].
Autor: Cristhian Gean Batista Guimarães.
Referências.
[1] VIEIRA, M. C.. Mário Schenberg. Portal Pion, 2010. Disponível em: <https://www.sbfisica.org.br/v1/portalpion/index.php/fisicos-do-brasil/74-mario-schenberg-2>. Acesso em: 10 de abril de 2023.
[2] SALINAS, S. R. A.. O cientista e o político – Mario Schenberg. Estudos Avançados, v. 29, n. 84, p. 377-380, 2015.
[3] DESCONHECIDO. Mário Schenberg. UNIFEI. Disponível em: <https://unifei.edu.br/personalidades-do-muro/extensao/mario-schenberg/>. Acesso em: 10 de abril de 2023.
[4] SURIANI, R. M.. Mário Schenberg. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Disponível em: <https://www.pucsp.br/pos/cesima/schenberg/alunos/rogeriomsuriani/index.htm>. Acesso em: 10 de abril de 2023.
[5] HAMBURGER, A. I. Publicação da obra científica de Mário Schenberg. Estudos Avançados, v. 16, n. 44, p. 215-218, 2002.