Variedades da Experiência Científica: Uma visão pessoal da busca por Deus
Autor: Carl Sagan
Ano da edição: 2008
Gênero: Ficção, Matemática, Ciência
Resenha:
“Variedades da Experiência Científica: Uma visão pessoal da busca por Deus”, teve um importantíssimo contributo da esposa de Carl Sagan. Ann Druyan, transcreveu inúmeras palestras realizadas por Sagan no decorrer de sua carreira, que possibilitaram a edificação desta obra.
As vastas discussões que regem, não somente o embate entre religião e ciência, mas toda a profundidade do cosmos, foi escrita com pura sofisticação e simplicidade. O prezado livro nos fornece uma aproximação com o autor. Em meio a cada palavra descrita, existe um desabafo… é como mergulhar dentro do próprio Carl Sagan.
O primeiro capítulo – “Natureza e deslumbramento: um reconhecimento do céu”. Questionamentos acerca do símbolo de Deus já é muito presente e comentado pelo autor. Ele explora e explica as crenças sem evidências. Utiliza ferramentas astronômicas, como suporte para fomentar a participação da imagem do tradicional “Deus”, como sendo grande e poderoso, e nós pequenas criaturas mortais.
Entrelaçando seus argumentos, como gancho para explorar a história de nossa civilização. Carl Sagan deixa claro, que nós, seres humanos, temos a profunda necessidade de nos alimentarmos de nosso ego. Como criaturas centrais e únicas, em meio a expansão do cosmos. Mensuradas na segunda parte: “ Afastando-nos de Copérnico: um emburrecimento moderno”. Sagan também aventurou-se, no terceiro capítulo – “O universo orgânico”: Mediante a complexidade matemática em condizer que ,se a constante gravitacional que Newton estabeleceu fosse um pouco maior ou menor, tudo seria diferente…Mas se pensássemos em um universo como um jogo de dados, a probabilidade de reforçar nossas condições atuais seriam válidas, sem a presença de um ser todo poderoso e inteligente.
Explorando a possibilidade de não sermos os únicos seres intelectuais a habitarem um planeta. No quarto e quinto capítulo. “Inteligência extraterrestre” e “ Folclore extraterrestre: implicações na evolução da religião”. Ele reforça sua “crença” de que os números estão ao nosso favor… A probabilidade de existir vida em outros lugares é enorme. Só devemos tomar cuidado com a forma como imaginamos esses seres. Ao mesmo tempo, o autor coloca à prova a figura de Deus. Enfatizando as limitações de nossas semelhanças e do espaço em que ele é colocado pelas instituições. Talvez o caminho seja aceitar aquilo que a natureza nos disponibiliza.
Depois das profundas aulas de astronomia. Com um universo condizente a um “jogo de dados”. O motivo central desta obra ainda estava por vir. Nos capítulos 6 e 7 – “A hipótese da existência de Deus” e “ A experiência religiosa”. Utilizando palavras racionais, um tanto complexas e confusas. Carl Sagan inicia seu discurso utilizando a teologia como instrumento principal para questionar sobre a imensa diversidade existente entre as religiões, e entre a própria estrutura dos Deuses.
Uma das mais clássicas perguntas, como: “Deus criou o universo!”… “E quem criou Deus?” foram abordadas nesse episódio. Carl Sagan não aceita, nem refuta as possibilidades de existência, ou não existência de Deus. O que torna tudo muito caótico. Como se existissem várias respostas, para várias perguntas. E elas se embaralham a cada proporção dita pelo autor. Sagan não se compromete, para ele as religiões fazem parte do percurso humano, soando como algo natural que serve de estímulo para que as pessoas possam continuar se moldando. Cada pessoa possui um Deus pessoal, tudo depende de como você vê esse Deus. Um exemplo é o Deus de Albert Einstein, que são as leis fundamentais da física, elas existem. Nesse caso Deus também existe!
Nos capítulos finais – “ Crimes contra a criação” e “ A busca” . Para a surpresa de todos, Sagan manteve um bom posicionamento quanto ao importantíssimo papel religioso diante do progresso social. Com um olhar puro e profundo, ele esbanja a humildade que seu trabalho lhe proporcionou. Diante das dúvidas e medos que norteiam o futuro do universo e de seus trabalhos, ele possui um olhar revestido sobre o mundo. Uma visão especial, que traz sentido à sua permanência na ciência.
Em meio a tudo, esta obra não segue uma linha, ela se curva a todo instante, em meio a cada palavra. Como uma forma de “bônus” ao leitor, o livro se encerra com uma vastidão de perguntas, que são respondidas por Carl Sagan, ao qual esclarecem ainda mais o posicionamento dele em relação a Deus e ao mundo.
Autora da resenha: Cassandra Trentin.