O Estrangeiro

O Estrangeiro

Autor: Albert Camus.

Ano de publicação: 1942.

Gênero: romance filosófico, ficção absurdista.

   Pense em um sujeito que está andando em uma praia, despreocupadamente, sobre um Sol escaldante que o incomoda muito. Em certo momento ele encontra outra pessoa, com quem não tem nenhuma relação ou conhecimento e, num ato, tira a vida dessa pessoa com um tiro. Sem mais nenhum motivo, atira mais quatro vezes contra o corpo caído ao chão. Para esse sujeito, tanto fazia se a pessoa está viva ou não.

   Essa história é narrada em O Estrangeiro, de Albert Camus, que se passa na Argélia por volta de 1940. O sujeito é  Meursault, que percebemos ser apático já na primeira página do livro pela forma que lida com a notícia da morte da mãe. No velório, sua mãe está no caixão a sua frente e ele não quer a ver, mas aceita cigarros e uma xícara de café do porteiro do asilo onde ela ficava. Afinal, como diz  Meursault, “tanto faz”, para ele tudo parece ser indiferente. E no dia seguinte ele vai ao cinema ver um filme de comédia com Maria, sua amante.

   O caso da praia citado acima acontece por uma série de razões. Raimundo, um vizinho de Meursault que tem um trabalho duvidoso, mas diz ser lojista, se envolve com uma mulher e acaba batendo nela. Meursault então testemunha em favor de Raimundo, mesmo sabendo de fato o que aconteceu, e os dois se tornam amigos. Certo dia eles vão para uma casa de praia passar um fim de semana, e lá encontram um árabe, irmão da mulher que Raimundo se envolveu. Meursault não tinha nada contra este árabe, mas ali ocorreu a ocasião em que os dois estavam frente a frente e Meursault, armado, perpetuou o ato fatal.

   Essas são apenas algumas das situações do livro onde vemos com muita estranheza a personalidade de Meursault. Os outros personagens na história também o vêm assim. No seu julgamento ninguém o entende, ele não quer advogado, pois diz que responde por si mesmo, não aparenta preocupação em ser condenado, e o fato de não ter chorado no velório de sua mãe tem tanto peso quanto seu crime. As testemunhas, mesmo sendo conhecidas dele, não conseguem negar seu perfil peculiar. Ele só demonstra algum tipo de sentimento quando, depois da condenação, percebe que a liberdade, que era o que mais lhe importava, fora tirada. E para ele liberdade significava mulheres, cigarro e não ser obrigado a seguir nenhuma crença.

   Embora não seja citado no livro, me aparenta que Meursault é um tipo de sociopata, uma pessoa que vive no automático. Ele vê a vida como um absurdo e reage a isso encarando tudo com indiferença. O título “O Estrangeiro” refere-se ao próprio Meursault, pois é assim que ele é visto na sociedade.

Autor da resenha: Cristhian Gean Batista Guimarães

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