Resenha: Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída…

Resenha: Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída…


 

Autor(es): Kai Hermann e Horst Rieck.       Tradução: Maria Celeste Marcondes.

Ano de Publicação: 1978.

Gênero: Biografia e Autobiografia.

   O mundo das drogas pode levar a um caminho sem volta? Muitas vezes você pode ter presenciado pessoas próximas a você, manchetes em jornais, entre outros meios de comunicação, sobre o alto índice de jovens no uso de drogas. O livro “Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída…” traz uma entrevista com Christiane Vera Felscherinow, aos 15 anos, na qual conta sua história no mundo das drogas, em Berlim, na Alemanha.

   Tudo começou com uma infância perturbadora, onde seu pai agredia sua mãe, irmã e a ela frequentemente. Com o passar do  tempo, quando tinha 11 anos, começou apresentar atitudes inspiradas nas de seu pai com crianças da mesma idade. Após essa repercussão de brigas, atingindo o físico e psicológico da família, a mãe de Christiane se separou. Logo após algum tempo, casou-se novamente com um homem chamado Klaus.

   No novo casamento de sua mãe, havia muito ciúmes de Klaus com relação a atenção que sua companheira apresentava por suas filhas, gerando novamente conflitos na família. Para ter certa privacidade no casal, davam liberdade para que Christiane saísse e retornasse, sem estipular horários. Ao sair, ela passava por lugares de prostituição e viciados, e jamais se imaginava naquela situação e sentia falta de carinhos de sua mãe.

   Começou a frequentar o Centro de jovens, aos 12 anos, onde fez amigos e pouco a pouco começou a fumar cigarros e usar drogas como haxixe, LSD, maconha e comprimidos. Passava os fins de semanas fora, e sentia-se feliz como nunca. Até o ponto em que estas drogas não apresentavam mais um efeito tão fantástico. 

   Sempre escutava de amigos que usavam heroína falar, que era um caminho sem volta, mas que a primeira injetada era como um orgasmo. Sua curiosidade era extraordinária, principalmente por não ter relação íntima com ninguém, mas ao mesmo tempo tinha medo de chegar ao extremo.

   Considerando o contexto no qual Christiane estava inserida, em que os amigos e namorado já utilizavam heroína, manteve-se por um bom tempo sem utilizá-la. Mas aos 13 anos, esse distanciamento foi inevitável, logo, que seu desejo e curiosidade aumentaram, ela emprestou os instrumentos de um  viciado e injetou-se. No primeiro momento nada aconteceu, em seguida sentiu seu corpo leve e feliz como nunca, nada mais importava, nem mesmo a hepatite que poderia contrair através da seringa.

   Pouco a pouco foi se tornando dependente, e seu namorado já se prostituía para manter os gastos dos dois, mas não estava sendo suficiente, onde então Christiane começou a se prostituir também. No início ela conseguia impor as condições para os clientes, mas depois do uso excessivo, não conseguia mais fazer isso, pois a necessidade de dinheiro era maior que seus “escrúpulos”.

   Sua mãe descobriu o vício, ficando desesperada, tentou ajudá-la propondo a desintoxicação, onde Christiane aceitou junto com Detlet, fizeram o tratamento juntos em casa, a crise de abstinência era horrível, onde seu corpo não respondia, causava vômitos, transpiram e o cheiro era insuportável. Após uma semana limpos, saíram às ruas e se drogaram novamente.

   As tentativas de abandonar o vício, foram inúmeras, acompanhadas de clínicas psiquiátricas, terapia antidrogas, como também a tentativa realizada na casa de seu pai e de sua avó. Mas após dias limpos, o destino era o mesmo na busca de heroína, cada vez de forma mais intensa, necessitando de mais dinheiro, chegando a vender droga, junto a Deflet, até serem enquadrados.

   Sua mãe, desesperada, desacreditava na possibilidade de salvar sua filha, só aguardava com medo seu telefone tocar, sendo que a polícia a diria para reconhecer o corpo de sua filha, encontrada morta de overdose com uma agulha no braço. Um dia o telefone toca, seu coração acelera, a angústia a sufoca, atende é a polícia chamando para buscar Christiane na delegacia, que havia realizado a prisão em uma abordagem. 

   Assim como última tentativa de salvá-la, levou ela para longe de Berlim, para casa das tias e da avó, num vilarejo longe das drogas, onde Christiane ficou por muito tempo, sendo sempre julgada nas escolas pelo seu dossiê, mas diferente do que pensava sua mãe, as drogas não estavam só em Berlim. 

   O livro traz a problemática das drogas na adolescência, trazendo aspectos e detalhes exacerbantes da vida e do pensamento de um viciado, como de sua família, sendo possível trazer uma reflexão sobre esse problema social e como a sociedade olha para casos assim, será que realmente aceitam e não limitam as oportunidades para ex-viciados? O relato de Christiane foi tão impactante que virou Best-seller em mais de 30 países e traduzido em 15 idiomas.

Autora da resenha: Gabriela Folmer Miss

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