Efeito Mateus

Efeito Mateus


   O termo efeito Mateus foi criado pelo psicólogo Keith Stanovich, que se baseou em uma passagem bíblica que diz: para aquele que tem, tudo lhe será dado e terá em abundância; mas para aquele que não tem, até o que tem lhe será tirado “ — Evangelho de Mateus, capítulo 13, versículo 12. O efeito Mateus reforça o sistema de classes na ciência e, dessa forma disserta que o reconhecimento e o renome pertencem a uma minoria privilegiada [1].

   Esse fenômeno social interfere negativamente na carreira de muitos cientistas menos renomados e jovens, que muitas vezes tem dificuldade em conseguir um financiamento para suas pesquisas e para publicar seus artigos em revistas conceituadas. Ademais, o efeito Mateus pode ocorrer devido a outros fatores, dentre eles, a origem étnica, gênero (conhecido como “Efeito Matilda”) e condição financeira, já que essas características muitas vezes são consideradas desfavoráveis pela comunidade acadêmica conservadora [2].

   Um exemplo conhecido do efeito Mateus é Nikola Tesla, o gênio injustiçado, que atualmente é bastante conhecido, mas não tanto quanto Thomas Edison, o pai da eletricidade. Isso decorre do fato de que na época da Guerra das Correntes, Edison possuía uma grande relevância política e econômica, por conta de suas várias marcas e invenções patenteadas. Entretanto, o mesmo utilizou muitos trabalhos e pesquisas desenvolvidas por Tesla, que na época não recebeu crédito algum [3]. Parafraseando o sociólogo Robert K. Merton: “muitos cientistas são reconhecidos somente anos após a sua morte”.

   E, assim como Tesla, o efeito Mateus ocorreu com o brasileiro César Lattes, conhecido pela grande plataforma de currículo Lattes, este descobriu a partícula subatômica (méson-pi) sozinho, mas quem ficou com o prêmio Nobel foi seu chefe Cecil Powel. Geralmente, na comunidade acadêmica, o reconhecimento acaba ficando para os mais velhos, pois possuem especializações, mestrado, doutorado e consequentemente mais renome. Porém, é necessário ressaltar que a capacidade de pesquisa, talento e conhecimento, nem sempre estão atrelados a títulos [2,3].

   No momento atual, a comunidade científica da muita importância à quantidade de trabalhos, artigos produzidos, e títulos. Porém, para amenizar os resultados negativos do efeito Mateus é necessária uma mudança, visando apenas a qualidade e não a quantidade, assim como promover uma maior igualdade dentro da comunidade científica, deixando os estigmas sociais no passado.

Texto por: Rafaela Choqueti Camargo de Meira

Referências:

[1] – AUTOR(A) DESCONHECIDO. O que é o efeito Mateus? Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/o-que-e-efeito-mateus/. Acesso em 04 de outubro de 2020.

[2] – BARBOSA, Adriana Silva. Implicações éticas do efeito Mateus na ciência. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/20718#:~:text=O%20efeito%20Mateus%20%C3%A9%20um,estrutura%20de%20classes%20da%20ci%C3%AAncia.&text=Disso%20se%20depreende%20que%20as,no%20avan%C3%A7o%20no%20conhecimento%20cient%C3%ADfico. Acesso em 04 de outubro de 2020.

[3] – CARBINATTO, Bruno. Eles revolucionaram a ciência, mas outras pessoas levaram o crédito. Disponível em: http://jornalismojunior.com.br/os-grandes-genios-injusticados/. Acesso em 04 de outubro de 2020.

2 Comentários

  • Pessoal, a noção do Efeito Mateus não foi “criada” por Keith Stanovich, e sim por Robert Merton. Para não propagar informações incorretas é salutar que revisem esse texto. O próprio Stanovich em artigo publicado em 1986 deixa claro que o primeiro a popularizar a lógica contida no termo, derivado da bíblia, foi trazida por Merton. O Stanovich foi o primeiro a aplicar o conceito nos estudos do campo da Educação. Sugiro a leitura do texto “Matthew Effects in Reading: Some Consequences of Individual Differences in the Acquisition of Literacy” do próprio Stanovich, em que explica a ordem cronológica dos estudos e da aplicação do termo.

    Karen Santos d'Amorim Reply
    • Agradecemos pelo comentário, vamos revisar o texto sim!:)

      Rafaela Reply

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *