Coronavírus: tudo, ou quase tudo, que você precisa saber sobre o que estamos passando.
Fonte: Site Universidade Johns Hopkins
Hoje é dia 25 de março de 2020 e as chances de você, assim como eu, já ter passado por uma pandemia mundial como a que está acontecendo atualmente são muito pequenas. Estamos passando por uma crise na qual já temos aproximadamente um pouco mais de 19.000 mortos em todo o mundo e 436.159 infectados (dados disponibilizados pela Universidade Johns Hopkins situada em Baltimore, Estados Unidos) [1]. Mas e então, onde se originou essa pandemia? Se você quer saber a resposta dessa pergunta e de outras mais, peço para que fique comigo por aqui e acompanhe a leitura deste texto até o final. Ao acompanhar jornais, mídias sociais ou qualquer outro meio de comunicação você já deve, pelo menos, ter ouvido falar sobre o vírus COVID-19 (“CO” devido ao termo corona, “VI” devido ao vírus, “D” vem de Disease e 19 pelo fato desse vírus ter sido diagnosticado no ano de 2019), ou popularmente chamado de coronavírus, e que ele é o responsável por toda esta confusão que estamos passando [2]. Já deve ter ouvido falar também algumas histórias como: “Esse vírus foi criado em laboratório secreto na China” ou, “Esse vírus foi criado para ser utilizado como arma biológica”. Afinal, realmente foi dessa forma que surgiu o coronavírus? De fato, a única verdade nesses tipos de comentários é que, infelizmente, esse vírus começou a se espalhar em Wuhan, China. Quanto às demais informações, adianto a vocês que são todas FAKE NEWS! Segundo um estudo publicado na revista Nature Medicine no dia 17 de março de 2020, o coronavírus surgiu a partir dos processos evolutivos naturais dos seres vivos. Um grupo de pesquisadores tomou como base o sequenciamento do genoma do novo coronavírus (que por curiosidade foi descoberto por uma equipe de pesquisadores brasileiros 48h após o primeiro caso confirmado da doença no país) para chegar a algumas conclusões dessa afirmação. Os cientistas analisaram características de uma proteína presente no vírus denominada spike (responsável por se “ligar” às células externas dos humanos e de animais). Esta proteína se mostrou tão eficiente em testes que a única explicação para tal fato é ela se mutar e evoluir ao entrar em contato com humanos [3 – 5]. Outra informação importante para descartar a hipótese do desenvolvimento artificial, ele teria como base outros microrganismos já conhecidos, mas o estudo mostra que isso não ocorreu. Segundo Daniel Lahr, docente da USP, as mutações acontecem de forma aleatória quando o vírus se reproduz: “A maioria dessas mudanças são inviáveis para o vírus, mas uma pequena parte delas irá ser potencialmente adaptativa, fazendo com que o vírus consiga infectar um novo hospedeiro e amplie sua área de atuação.” [3]. Essa afirmação pode ser considerada como “a cereja em cima do bolo” para concluir que esse vírus não foi criado em laboratório. Então, NÃO, o coronavírus não foi criado em laboratório e muito menos com o intuito de ser utilizado como uma arma biológica. Se você ver notícias com este tipo de Fake News, por favor, desmistifique tais informações! Como citado anteriormente, no mundo todo temos mais de 400.000 casos confirmados do novo coronavírus. Os sintomas mais graves têm acontecido com um grupo de pessoas chamadas de “Grupo de risco” que são: idosos numa faixa etária acima dos 70 anos ou pessoas que possuem alguma doença crônica (diabéticos, hipertensos, problemas respiratórios, problemas cardíacos, entre outros). Um estudo realizado pela Organização do Ministério da Saúde (OMS) com 56.000 casos confirmados apontou que 14% desses casos são pessoas que apresentam sintomas severos, dos quais cabem a dificuldade em respirar e falta de ar, e 6% apresentam sintomas gravíssimos, ou seja, insuficiência pulmonar, choque séptico, falência dos órgãos e risco de morte [6]. Tendo em vista esses dados, onde está o problema, já que é baixa a porcentagem de pessoas que realmente são afetadas fortemente pela doença? Para responder esta pergunta vamos nos basear, hipoteticamente, na situação atual Brasil. Contamos com 23.000 leitos em UTIs, e 2.271 casos confirmados e 47 mortes, até a data de hoje (25/03). Se desses 2.271 casos tivermos 14% com casos severos são 318 pessoas que precisam de auxílio médico e talvez internamento. Desses acontecimentos, 6% seriam considerados gravíssimos, tendo aproximadamente 20 pessoas que precisariam ser internadas imediatamente. Como alguns dados estatísticos têm apresentado, o COVID-19 tem dobrado o número de casos confirmados a cada 2 ou 3 dias. Logo, tomando o período de uma semana, teríamos 2.544 pessoas com casos severos. Em um mês seriam 10.176 casos severos, e destes, 611 casos seriam gravíssimos e precisariam estar internados. Portanto, percebemos que levaria pouco tempo para que todos os leitos das UTIs no Brasil estejam quase, se não completamente, lotados. Ainda, não podemos esquecer que de todos os 23.000 leitos, uma boa parte já está sendo utilizada por pessoas doentes ou acidentadas. A fatalidade disso está na quantidade de pessoas que viriam à morte, seja pelo coronavírus ou por outro motivo, devido à falta de atendimento médico nos hospitais [7]. Então, quais medidas devemos tomar para evitar que isso ocorra? Por que as escolas devem se manter fechadas? O Ministério da Saúde pede para ajudar a conter o surto que os cuidados com a higienização neste momento sejam dobrados. Mãos lavadas com água e sabão e utilização de álcool gel. Distanciamento de no mínimo 1 metro e 50 centímetros em locais fechados e, de preferência, o isolamento social. Esse último pedido, que pode ser essencial para controlar a proliferação do vírus, ajuda a entender o porquê de manter as escolas fechadas. Dentro das escolas temos, em sua maioria, crianças e jovens abaixo dos 18 anos que em muitos casos não sentem quaisquer sintomas, mas que são grandes transmissores do vírus. Logo, se você diminui o fluxo desses indivíduos nas ruas você diminui o número de pessoas que podem ser infectadas. Também foi possível observar, em outras crises, que com as crianças em casa, uma boa parte das empresas dispensam seus funcionários para que cuidem das mesmas, o que poderá ajudar na diminuição de casos confirmados [7-8]. E por que não dar remédios em vez de fazer todos esses pedidos? Infelizmente, até o momento (lembrando: 25/03/2020) não temos cura definitiva. Dessa forma, temos três possibilidades: vacinação, autoimunidade e mudar nosso comportamento enquanto sociedade. A vacinação deveria ser, em primeiro caso, a melhor das opções. Ao ser vacinado, a pessoa que é exposta à doença não contrairia esta, mas o problema está em seu desenvolvimento. Uma vacina pode levar em torno de 12 a 18 meses para ficar pronta e esperar todo esse tempo para poder amenizar o contágio não cabe como estratégia principal para sair desta pandemia. Quanto à autoimunidade, não se tem um período certo para acontecer a todas as pessoas (ou pelo menos uma boa parte da população). Agora quanto à mudança comportamental de TODOS, essa sim pode ser uma solução preventiva. Se nos conscientizamos e fazemos nossa parte, podemos pelo menos garantir que todas as pessoas possam ter atendimento médico [9]. Apesar de todas essas medidas serem essenciais, temos um grande empecilho: como a economia irá prosseguir com tudo isso? Como fica a questão das pessoas desempregadas? O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, opinou sobre o comentário das autoridades do G20 de que a recuperação econômica seria em forma de um ‘V’: “Eu discordo da ideia de um fenômeno em ‘V’. No melhor dos cenários, será como um ‘U’, com uma longa linha na base até atingirmos um período de recuperação. Nós podemos evitar que ele se pareça com um ‘L’, se tomarmos hoje as decisões certas.” [10]. Portanto, infelizmente, não podemos negar que a economia global está fragilizada e que passaremos um tempo de dificuldades financeiras e que cada medida a ser tomada daqui pra frente, com relação à economia do país e do mundo, será fundamental para que menos pessoas sejam prejudicadas e que possamos superar o que estamos vivenciando. Por fim, não sou especialista nesta área, mas o texto foi escrito a partir de fontes confiáveis as quais podem ser acessadas a partir das referências. Se você tem sintomas e estes não são gravíssimos ou severos, para evitar transtorno NÃO SAIA DE CASA! Muito cuidado também com remédios e tratamentos caseiros passados por charlatões que se dizem médicos e especialistas. Neste momento sensível que estamos passando, todos devemos ser conscientes e seguir o que os especialistas têm nos indicado. E agora, uma última mensagem: NÃO ESPALHE FAKE NEWS! Lembre-se: notícias falsas são tão perigosas quanto doenças mal curadas. Texto por: Matheus Meoquior da Fonseca Referências: [1] UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS (Estados Uidos). Coronavirus COVID-19 Global Cases by the Center for Systems Science and Engineering (CSSE) at Johns Hopkins University (JHU). Disponível em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html. Acesso em: 25 mar. 2020. [2] FIOCRUZ. Por que a doença causada pelo novo vírus recebeu o nome de Covid-19? Disponível em: https://portal.fiocruz.br/pergunta/por-que-doenca-causada-pelo-novo-virus-recebeu-o-nome-de-covid-19. Acesso em: 25 mar. 2020. [3] BERNARDES, Júlio. Estudo genético mostra por que vírus da covid-19 não foi “feito em laboratório. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/estudo-genetico-mostra-por-que-virus-da-covid-19-nao-foi-feito-em-laboratorio/. Acesso em: 23 mar. 2020. [4] REDAÇÃO GALILEU. Estudo conclui que coronavírus SARS-CoV-2 só pode ter evoluído naturalmente. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2020/03/estudo-conclui-que-coronavirus-sars-cov-2-so-pode-ter-evoluido-naturalmente.html. Acesso em: 22 mar. 2020. [5] Andersen, K.G., Rambaut, A., Lipkin, W.I. et al. The proximal origin of SARS-CoV-2. Nat Med (2020). https://doi.org/10.1038/s41591-020-0820-9 [6] BBC NEWS. Coronavírus: casos confirmados no Brasil passam de 1,5 mil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51713943. Acesso em: 22 mar. 2020. [7] IAMARINO, Atila. Por que o CORONAVÍRUS pode para a sua vida?. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Y10vCOXxtds&t=217s>. Acesso em: 22/03/2020. [8] MONTEIRO, Natália et al. Saúde anuncia orientações para evitar a disseminação do coronavírus. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46540-saude-anuncia-orientacoes-para-evitar-a-disseminacao-do-coronavirus. Acesso em: 25 mar. 2020. [9] GALLAGHER, James. Coronavírus: por que a pandemia atual pode durar meses ou anos. Por que a pandemia atual pode durar meses ou anos. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-51974926. Acesso em: 23 mar. 2020. [10] CHAN, Szu Ping. Coronavírus: economia global vai sofrer anos até se recuperar do impacto da pandemia, afirma ocde. Economia global vai sofrer anos até se recuperar do impacto da pandemia, afirma OCDE. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52002332. Acesso em: 23 mar. 2020.