Apolíneo e Dionisíaco
Entre a razão e o caos se encontram dois conceitos importantes para o estudo da filosofia de Nietzsche, nesse contexto a arte grega tem origem além do homem e representa “forças” que estão presentes no mundo. Os deuses gregos são imanentes da natureza, eles não estão fora dela, esses deuses têm um grau de pertencimento intrínseco e nascem junto com o universo diferentemente do Deus Judaico-cristão que está fora do universo e o cria para o homem. De um lado temos o Apolíneo, originado essencialmente do deus Apolo, símbolo de luz, da medida, do limite, é o conceito da individualização, é a arte que procura cobrir o mundo com uma cortina estética, de forma perfeita e bela, fazendo-nos ser capaz de resistir ao pessimismo através de uma ilusão da realidade criada pela arte. Já no outro lado temos o Dionisíaco, originado do deus Dionísio, símbolo do vinho e das festas, é a afirmação triunfal da realidade e suas contingências, é se unir a existência em toda sua verdade, contradição e terror. Através da embriaguez, os limites, as medidas e a luz caem no esquecimento, e nessa experiência as barreiras estabelecidas pelo princípio da individualização são quebradas, ocorrendo assim a desintegração do eu, e a ligação do ser humano com a realidade nua e crua. Fazendo-o entender que o apolíneo é apenas uma ilusão.[1] Nesse antagonismo de sonhos e embriaguez o homem constitui um elo com o mundo e com o passar do tempo nos afastamos dessa realidade que era vivenciada na época antiga, a medida que o conhecimento trágico foi deixado de lado e o conhecimento racional foi colocado acima da arte e da vida. A partir de Sócrates e de Eurípides a instância mais importante passa a ser o “conhecimento” e não mais a beleza por si só da “arte”. Com todo esse processo perdemos algo especial que vinha dos gregos originais, entre essas perdas estão o sentido de pertencimento e Valor absoluto da natureza, Conforme comenta Brockelman: “O que perdemos, portanto, foi a habilidade de ver nossa vida como parte de uma ordem e uma realidade mais amplas, para além de nossos transitórios desejos e sonhos diários. Ao ver a natureza e todo o universo como uma “matéria” posta aqui para nossa transformação e uso infinitamente produtivos, reduzimos a realidade a um mero valor extrínseco para nós; ela não é mais vivenciada como intrinsecamente valiosa em si. Por consequência, perdemos todo senso de pertencer a um drama e a uma realidade mais vastos e significativos.”[2] Texto por: Ricardo Gonzatto Rodrigues. Referências: [1] Mariani Caio em <http://www.afilosofia.com.br/post/apolineo-e-dionisiaco/392> Acessado em 08/04/19. [2] Pepe Benito em <https://www.benitopepe.com.br/2009/05/16/o-apolineo-e-o-dionisiaco-%E2%80%93-apolo-e-dioniso-em-nietzsche-a-perda-da-proximidade-com-a-natureza-que-tinha-o-homem-antigo/> Acessado em 08/04/19. [3] Trindade Rafael em <https://razaoinadequada.com/2017/08/23/nietzsche-e-dionisio/> Acessado em 08/04/19.