Resenha de: “O que é vida: O aspecto físico da célula viva”

Resenha de: “O que é vida: O aspecto físico da célula viva”

Autor: Erwin Schrödinger.

Ano de publicação: 1944.

Gênero: Divulgação científica.

Resenha:

   Neste livro, o autor aborda uma área que lhe é, à primeira vista, alheia a explicação da vida como fenômeno empírico. Seu estudo, entretanto, é muito mais que uma contribuição exótica de um físico à biologia, ou à filosofia da biologia, suas teses obtiveram repercussão duradoura sobre gerações de pesquisadores e abriram campos de pesquisa até hoje trilhados.

   O enfoque principal é a grande discussão na questão de como podem eventos no espaço e no tempo, que ocorrem dentro dos limites espaciais de organismo vivo, serem abordados pela física e pela química? Os arranjos dos átomos nas partes mais vitais de um organismo e a interação entre esses arranjos diferem de forma fundamental de todos os arranjos atômicos que os físicos e os químicos vêm tendo como objeto de experimentos e conceituações. Nesta relação destaca-se a diferença entre comportamentos de organismos vivos e leis regidas pela física e química.

   A relação das leis físicas através da estatística atômica relatando apenas proximidades com a precisão de resultados na relação dos números de átomos tralhados em cada caso. E no caso de grupos muito pequenos de átomos, que não exibem leis estatísticas exatas, têm papel desvinculado nos eventos bem ordenados e submetidos a leis dentro de um organismo vivo.

   Assim através destas relações o autor aborda diversos contextos da biologia, tentando mostrar que um organismo deve ter uma estrutura comparativamente grosseira a fim de gozar do benefício das leis da física e da química razoavelmente aprimoradas, relacionando com o desenvolvimento de organismos vivos. Entre estes contextos abordados destacam-se o mecanismo hereditário e as mutações.

   É abordado também a teoria quântica em relação aos estados descontínuos e os saltos quânticos, onde a enigmática estabilidade biológica é atribuída a uma estabilidade química igualmente enigmática. Também se relata das ordens e desordens de entropia que cada sistema apresenta, onde é constatado que a matéria viva, embora não escape das “leis da física” como hoje se encontram estabelecidas, parece envolver “outras leis da física” até aqui desconhecidas, as quais, no entanto, uma vez reveladas virão a formar parte integral dessa ciência, assim como as anteriores o formam.

   O autor deixa claro que a maneira como funciona a estrutura da matéria viva não pode ser reduzida as leis da física, pois sua constituição é totalmente diferente de qualquer outro aspecto ou fenômeno físico estudado. O curso regular dos eventos, governados pelas leis da física, nunca é consequência de uma configuração ordenada de átomos, nem quando essa configuração de átomos se repete um grande número de vezes, mas sempre que analisarmos esses casos, encontramos uma completa irregularidade que coopera para produzir regularidade apenas na média.

   Em todo esse contexto surgem também discussões de mente e matéria que envolvem assuntos sobre consciência da ciência, ética no desenvolvimento da criação, a objetivação (lado racional e lado sentimental), ciência e religião e outro contexto de destaque, o mistério das qualidades sensoriais, no qual relata que todo conhecimento científico está baseado na percepção sensorial e que apesar disso a visão científica assim formada dos processos naturais carece de todas as qualidades sensoriais e portanto não pode dar conta das mesmas.

   Consta-se aqui na conclusão a indagação do autor no relato de que as primeiras teorias sempre são algum tipo de qualidade sensorial, facilmente se pensa que as teorias dão conta das qualidades sensoriais, o que é claro, elas nunca fazem. Assim consta que teorias podem vir ser um relato observado em um experimento por uma qualidade sensorial, o que muito se exige na especulação de leis para organismos vivos.

Autor da Resenha: Bruno Belin Dal Santos.

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