Robert Boyle (1627 – 1691)

Robert Boyle (1627 – 1691)


   Robert Boyle nasceu em 1627, em uma família rica. Seu pai foi um humilde fazendeiro que, na idade de 22 anos, tinha deixado a Inglaterra e ido para a Irlanda, onde fez sua fortuna em uma aquisição rápida de terras.

   Robert nasceu quando seu pai tinha 60 anos e foi o último dos dezesseis filhos. Seu pai, como um novo membro da aristocracia, acreditou na educação para seus filhos, e Robert foi estudar em Eton. Em seguida, com 12 anos, foi enviado para uma grande turnê pela Europa, levando-o para Genebra, Veneza e Florença. Boyle estudou as obras de Galileu, que morreu em Florença enquanto o jovem cientista estava hospedado na cidade. Enquanto isso, seu pai entrou na rebelião irlandesa de 1641-1642, resultando na perda das rendas que manteve ele e sua família, o que provocou a Robert Boyle algumas dificuldades financeiras. Ele quase casou-se nesse momento com uma rica herdeira, mas conseguiu escapar desse destino e permaneceu solteiro pelo resto da sua vida. Seu pai morreu em 1643, e o rapaz voltou para a Inglaterra no ano seguinte, herdando as propriedades de Dorset.

   No entanto, a essa altura, a Guerra Civil (que começou em 1642) estava em pleno andamento e Boyle esforçou-se para não tomar partido. Ele manteve a cabeça baixa, dedicando seu tempo para estudar e construir um laboratório químico em sua casa e trabalhou em ensaios morais e teológicos. A derrota de dos irlandeses para Cromwell em 1652 foi uma conquista que favoreceu Boyle devido às terras irlandesas que foram entregues aos colonos ingleses. Financeiramente, o cientista estava agora seguro e pronto para viver a vida de um cavalheiro.

   Em Londres, ele conheceu John Wilkins, que tinha fundado uma sociedade intelectual chamada de The Invisible College e que, de repente, trouxe a Boyle contatos com os principais pensadores da época. Quando Wilkins foi nomeado diretor do Wadham College, em Oxford, Boyle decidiu se mudar para a cidade e configurar um laboratório lá. Ele construiu uma bomba de ar e, juntamente a um número de assistentes talentosos (o mais famoso deles foi Robert Hooke, que, depois de descobrir sua lei das molas, observou uma célula com um microscópio, além de inúmeras outras descobertas), realizaram um grande número de experimentos elaborados no vácuo. Eles mostraram que o som não viaja no vácuo e que as chamas e os organismos vivos não sobrevivem nesse ambiente. Além disso, descobriram a “primavera de ar”, isto é,  o ato de comprimir o ar resulta no aumento da sua pressão, e que a pressão de um gás e seu volume são inversamente proporcionais.

   Boyle possuía forte perspectiva atomística, como descrito pelo filósofo francês Pierre Gassendi (1592-1655), o que parece particularmente apropriado para alguém cujo trabalho levou ao desenvolvimento da teoria cinética dos gases. Seu maior legado foi deixado na explicitação de experimentos como um meio para determinar a verdade científica. Ele foi, no entanto, alguém que muitas vezes trabalhou indiretamente por meio de um grupo de assistentes, citando sua fraqueza na saúde e na visão como uma razão para não escrever seus artigos como ele desejou e ter lido obras dos outros como deveria; seus escritos possuem, porém, diversas críticas de seus assistentes por cometerem erros, falhando ao gravar dados e geralmente por abrandar seus esforços de pesquisa.

   Com a restauração da monarquia em 1660, o Invisible College, que tinha se reunido por vários anos na Universidade de Gresham, Londres, procurou a bênção do recém coroado Charles II e tornou-se fellow da Royal Society. Em 1680, Boyle, que tinha sido um companheiro fundador da Royal Society, foi eleito presidente desta, mas recusou-se a manter o escritório, citando uma falta de vontade para fazer os juramentos necessários. Boyle mantinha uma forte fé cristã e se orgulhava de sua honestidade, buscando a pura verdade. Em 1670, Boyle sofreu um derrame, mas obteve uma boa recuperação, permanecendo ativo na pesquisa até meados da década de 1680. Ele faleceu em 1691, logo após a morte de sua irmã Katherine, de quem ele tinha sido extremamente próximo.

Texto por: Maycol Szpunar.

Tradução e adaptação de:

BLUNDELL, Stephen; BLUNDELL, Katherine. Concept in Thermal Physics. Oxford University Press, New York, p. 61, Out. 2016.

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