Resenha de: “Paradoxo ‘os nove enigmas da ciência’”
Autor: Jim Al-Khalili Ano da edição: 2012 Gênero: Divulgação Científica Resenha: No livro paradoxo, são apresentados 9 problemas lógicos de fins científicos e 1 de probabilidade. Os mesmos, indagaram os cientistas e filósofos da época, entretanto, são apresentados de uma forma divertida e direcionado para leigos, como o próprio autor propõem. Estes problemas são encarados cientificamente e discutidos filosoficamente numa tentativa de solucioná-los, e por fim comparados com a realidade explorando possíveis aplicações. Então, sem mais delongas, vamos aos problemas apresentados. De início, tem-se o paradoxo do programa de televisão que propõem um jogo de escolha onde são apresentadas 3 portas onde duas delas tem cabras e somente uma tem um carro. Então, o apresentador pede para você escolher uma porta, “e você escolhe uma”, em seguida, o apresentador abre uma porta mostrando uma cabra e te de a opção de trocar de porta. você trocaria? Em questão de probabilidade, as chances de escolher a porta correta é de 1 para 3, mas quando proposto uma segunda chance de escolha, onde só há duas portas, qual seria a probabilidade de escolher a porta correta? A primeira vista, o leitor diria que a probabilidade de acerto é de 1 para 2, pois a escolha anterior não afetaria a nova escolha. Um argumento de senso comum, mas na solução proposta, a probabilidade de escolha na primeira proposta é de 1 para 3 e o apresentador obviamente sabe onde está o carro, com isso, na segunda escolha, se mantermos a porta, as chances de ganhar são de 1 para 3, onde se trocar de porta, a nova probabilidade corresponderá a 2 para 3, mas por que 2 para 3? Deixo então, isso para o livro lhe responder. Agora saindo um pouco da logica probabilística, tem-se um dos paradoxos do famoso filosofo grego Zenão (por volta de 500 A.C., responsável pela construção de diversos paradoxos, inclusive alguns deles englobam a mecânica quântica), o paradoxo do Aquiles e a tartaruga. Aquiles (mensageiro de Zeus) e a tartaruga resolvem apostar uma corrida para ver quem seria o mais veloz. Obviamente, Aquiles é mais veloz e num pensamento nobre, resolve dar a tartaruga uma vantagem nessa corrida, partindo de um ponto A a um ponto B, Aquiles deixa que a tartaruga percorra a metade do caminho, em seguida ,Aquiles resolve correr. Mas eis o problema que Aquiles não contava, quando o mesmo alcançasse a metade do caminho, a tartaruga se moveria mais um pouco, por exemplo, um ponto C, e quando Aquiles chegasse ao ponto C a tartaruga já teria chegado num ponto D, e assim se manteria na frente não importando o quão veloz é Aquiles. Hoje sabe-se que esse paradoxo na verdade foi um equivoco, pois passamos a entender os conceitos de velocidade e tempo, mas naquela época, este problema perturbou muitos filósofos e ajudou muito na proposta de velocidade e tempo, da qual dispomos hoje, além desse paradoxos Zenão propõem um semelhante definido como dicotomia que diz: ”Para chegarmos algum lugar primeiro devemos percorrer metade de seu caminho, e para chegar a metade de seu caminho devemos percorrer uma nova metade (um quarto do caminho inicial) e assim sucessivamente até que nem saímos do lugar”. Isso deu inicio as series convergentes. Dentre estes paradoxos, temos muitos outros, como o paradoxo de Olbers, o paradoxo do demônio de Maxwell, o paradoxo da vara e do galpão, o paradoxo dos gêmeos, o paradoxo do avô, o paradoxo do demônio de Laplace, o paradoxo do gato de Schrodinger e por fim o paradoxo de Fermi. Dos quais reservo 2 para discutir nesta resenha: o paradoxo do demônio de Maxwell e o paradoxo do avô; para não estragar com o prazer de ler este livro maravilhoso. O paradoxo do demônio de Maxwell surgiu de uma forma na tentativa de quebrar uma das leis da termodinâmica (mais precisamente a 2° Lei), em que tem-se uma caixa com partículas no seu interior, umas mais agitadas e outras menos, o seu interior é dividido por uma parede com uma porta que é controlada por um poderoso demônio que só deixa passar para um lado as partículas mais agitadas e para o outro as que são menos agitadas, assim passaria a organizá-las e deixando uma parte mais aquecida que a outra a principio sem nenhum trabalho externo, apenas permitindo que as mesmas se organizem pelo próprio movimento. Como a primeira vista não se tem nenhum trabalho externo o problema violaria as questões entropicas como o próprio autor empoem, mas será que tem-se aqui um caso que viola o princípio da entropia? Obviamente que não, pois a própria porta é constituída de partículas, e, está sujeita a transferências de energias, mas tem-se a problemática do fator de inteligência do demônio, que este deveria saber tudo a respeito das partículas para saber quando se deve ou não abrir a porta, e isso levou a algumas implicações quânticas quando olhamos para o Principio da Incerteza pois jamais saberemos com precisão a posição e a velocidade de uma partícula. O Paradoxo do avô, consiste em estudar uma impossibilidade física de momento, onde se fosse capaz de construir uma maquina do tempo, e retornar ao passado para assassinar o seu avô por parte materna, antes do nascimento de sua mãe. Se ocorresse isso, você jamais nasceria e a maquina jamais seria fabricada para você retornar no tempo e assassinar o seu avô, eis o paradoxo, quem mataria o seu avô? E quem fez a maquina do tempo? Desse paradoxo da para se extrair muitos outros um tanto menos violentos, como no caso de você arrumando a sua estante e por um acaso você encontra um manual de instruções de como construir uma maquina do tempo e então você decide construir uma, e viaja até um instante quando você se encontra mais jovem e decide deixar o manual na mesma estante, para novamente você encontrá-lo e começar tudo de novo. Mas o problema nessa questão fica, e se você optar por não fazer a maquina o que acontece com o manual? Ou ainda quem fez o manual? Pois a principio você o encontrou, e por ai vai as questões de implicações físicas. Mas para uma viajem no tempo ainda temos a implicação das massas, pois no retorno no tempo para você encontrar você mais jovem, teríamos duas massas se sobrepondo enquanto num futuro se dispõem da falta dessa massa, como compensar isso sem violar a 1° Lei da termodinâmica? Uma das alternativas para solucionar os paradoxos das viagens no tempo seria dizer que eles simplesmente não ocorrem pois não há como violar a leis mais fundamentais da física e que a construção de tais maquinas são impossíveis. Ou, com uma nova área da física teórica que vem ganhando força, leva em conta a existência de múltiplos universos que se sobrepõem uns sobre os outros com características um pouco diferentes devido as escolhas efetuadas(questão também discutida no livro, de forma filosófica a respeito do livre arbítrio e da realidade). Os paradoxos acabam muitas vezes caindo em implicações filosóficas e metafisicas que os tornam ainda mais divertidos para se discutir, sem falar no senso de humor apresentado pelo autor, que por muitas vezes desprenderam altas gargalhadas, principalmente no capitulo do gato de Schrodinger quando tememos a um gatinho após ter exorcizado demônios. Em critica contraria ao autor, devo mencionar que este livro deve ser dedicado à acadêmicos e não a leigos, por conter situações muito complexas que demandam tempo para interpretação e conhecimentos prévios sobre as leis da Física, mesmo quando ele as explicas de forma clara e sucinta, a leitura se torna muito mais divertida já se conhecendo as leis da termodinâmica, da estatística, da relatividade assim como do principio da incerteza, com esses conhecimentos já é o suficiente para efetuar a leitura deste livro e desfrutar do mesmo. Autor da resenha: Maycol Szpunar. Imagem retirada de: https://livraria.fgv.br/produto/interesse-geral/paradoxo-os-nove-maiores-enigmas-da-ciencia/