
Charles Messier (1730-1817)
Charles Messier nasceu em Badonviller, na região do Grande Leste da França, em 26 de junho de 1730. Ele foi o décimo de 12 irmãos; Infelizmente, Charles não conheceu a maioria de seus irmãos, pois seis deles faleceram antes dele nascer. Ele nunca teve grandes condições financeiras para seguir a carreira acadêmica, que era seu grande interesse. Após a morte de seu pai, em 1741, a situação financeira da família piorou muito. A partir desse momento, ele foi levado a trabalhar com seu irmão mais velho, Hyacinthe. Com o irmão, realizava muitos trabalhos monótonos e repetitivos voltados para o setor administrativo, onde desenvolveu uma atenção minuciosa aos detalhes [4].
Messier era descrito como uma criança curiosa, que constantemente buscava olhar para o céu em busca de eventos astronômicos. Aos 14 anos, ele teve a sorte de conseguir contemplar a passagem do Grande Cometa de 1744; esse evento instigou mais ainda a sua curiosidade. Posteriormente a isso, ele também observou um eclipse parcial do Sol em 1746 [1,4].
Foi somente no ano de 1751, aos 21 anos, que uma remodelação na região da França onde Charles vivia levou os Príncipes de Salm — que comandavam Badonviller na época — a se retirarem do poder. Hyacinthe, que permaneceu fiel a eles, também deixou a região, o que levou Messier a procurar outro emprego para se sustentar. Foi então que um amigo da família, Abbé Thélosen, achou duas oportunidades de trabalho para ele: uma como curador de um palácio e outra como astrônomo auxiliar da marinha francesa em Paris. Após conversar com amigos e família, Messier aceitou o cargo de astrônomo. Novo no cargo de astrônomo auxiliar, ele foi introduzido aos poucos às aparelhagens do observatório, sendo diretamente supervisionado pelo astrônomo francês Joseph Nicolas Delisle [1,3].
Messier era detentor de uma grafia impressionante e de uma incrível atenção aos detalhes. Em seus cadernos, havia anotações precisas e desenhos milimétricos dos corpos celestes que tanto o fascinavam, resultado de seus anos trabalhando no setor administrativo. Delisle era um homem de 60 anos, casado e sem filhos, então ele acolheu Messier e o tratou como um filho. Sua primeira observação astronômica documentada só ocorreu em 6 de maio de 1753, quando ele observou o trânsito de Mercúrio, ou seja, o momento em que Mercúrio cria um minieclipse solar para quem observa aqui da Terra [1].
Somente no ano de 1757 que Messier recebeu sua primeira grande atribuição solo: localizar o Cometa Halley. Na época, procurar cometas era comum na astronomia, mas, para a infelicidade do jovem astrônomo, seu mentor errou ao calcular a posição do Cometa Halley, fazendo com que ele se posicionasse no lado oposto do céu onde o cometa iria aparecer [3,4].
No ano de 1758, aproximadamente 1 ano depois que Delisle errou nos cálculos e fez com que Charles passasse noites procurando um cometa no lado errado do céu, Messier estava novamente à procura de cometas. Porém, havia algo no céu que o incomodava — algo que não era um cometa. Então, para evitar que esses objetos do espaço profundo atrapalhassem sua caçada, ele resolveu anotar a posição e as características de cada um que contemplasse, e assim nasceu o grande Catálogo Messier [3,4].
O primeiro objeto que Messier catalogou foi a Nebulosa do Caranguejo, ou também chamada de M1 (Messier 1). Após isso, ele continuou buscando pelo Cometa Halley e, inevitavelmente, o achou. Nos anos de 1758-1759, Messier foi o primeiro na França a notar o retorno antecipado do Halley. Ele continuou buscando cometas e catalogando nebulosas e estrelas do espaço profundo. Assim, construiu o Catálogo Messier para orientar futuros astrônomos em suas observações, para que eles, em suas caçadas, não confundissem nebulosas e estrelas com cometas [2,3].
Em sua vida, Messier observou 21 cometas, dos quais participou da descoberta de 13. Mas nem só de cometas vivia Charles Messier: ele foi um notório astrônomo, reconhecido por suas observações de transições, eclipses e ocultações. Seus cadernos eram repletos de anotações sobre manchas solares e também sobre eventos meteorológicos. Já o Catálogo Messier foi a lista de objetos de espaço profundo que Messier fez, ele catalogou objetos entre os anos de 1764 e 1781, contendo 103 objetos [1].
Messier foi honrado com inúmeros títulos: foi membro da Academia Francesa de Ciência, bem como membro estrangeiro da Royal Society of London, seu catálogo foi revisado no século XX, e novos objetos foram adicionados, terminando com 110 objetos. Seu grande Catálogo é usado até hoje e é considerado um dos marcos da observação astronômica. Messier continuou observando o céu até seu falecimento, em 12 de abril de 1817, em Paris, França, aos 84 anos [2,3].
Autor: Juan Rattes de Brito
Referências:
[1] COSTA, J.R.V. Charles Messier. Astronomia no Zênite, 2006. Disponível em: https://zenite.nu/charles-messier. Acesso em: 3 mai. 2025.
[2] NASA. Charles Messier. NASA, 2023. Disponível em: https://science.nasa.gov/people/explore-the-night-sky-hubbleatms-messier-catalog-bio. Acesso em: 3 mai. 2025
[3] Os Editores da Enciclopédia Britannica. Charles Messier. Encyclopedia Britannica, 2025. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Charles-Messier. Acesso em: 3 mai. 2025.
[4] TILLMAN, N.T. Charles Messier Biography. Space, 2012. Disponível em: https://www.space.com/16686-charles-messier-biography.html. Acesso em: 3 mai. 2025.