Resenha: O Alienista

Resenha: O Alienista


Ano de publicação: 2002, 2ª edição.

Gênero: Ficção.

Autor: Machado de Assis.

O livro O Alienista é um dos ícones da ironia machadiana, um clássico. Uma obra rápida de bom-humor, cultura, drama, que em uma tarde pode ser lida de cabo a rabo. Trata da história de um homem da ciência, um investigador por certo, um médico cuja única e sincera vocação é a prática científica. Eis o alienista, Simão Bacamarte, personagem ilustre da cidade de Itaguaí, que se dedicou ao estudo das moléstias mentais, da loucura.

Tamanha foi a dedicação do homem que fundou a Casa Verde, o hospício de Itaguaí, findando estudar a mente dos desajustados da cidade, daqueles com desequilíbrio das faculdades mentais, ao menos inicialmente; claro, certamente também curá-los de sua condição. Desde muito cedo, é claro o juízo de Bacamarte, sua serenidade, frieza, um personagem observador, intelectual, um sujeito bastante diferente. Nessa história do estudo da loucura, Machado de Assis faz uso de suas personagens para ilustrar elementos da cultura brasileira, como o nepotismo quando Simão aceita dois sobrinhos de Crispim Soares, personagem de influência política na cidade, para serem administradores da Casa Verde.

Sim, a Casa Verde foi fundada como instituição pública, com a total aprovação da Câmara de Vereadores de Itaguaí. Mas como custear uma instituição quando não se há mais o que taxar do povo? A solução foi o ridículo, claro, taxar os penduricalhos dos equinos, os enfeites dos cavalos, por meio de cálculos não menos que absurdos. Eis o exemplo de outro elemento presente na vida do brasileiro, os (altíssimos) impostos, ah! Os impostos!

Ao começo, Simão teve o apoio de todos, mas não permaneceu sempre assim, pois algo parecia definitivamente estar equivocado quando a maior parte da população de Itaguaí estava enclausurada na Casa Verde. Será isso o resultado da ambição de Bacamarte pelos lucros da instituição? Ou sua obsessão científica levou-o longe demais? Talvez até mesmo inimizades poderiam tê-lo feito recolher os “loucos” à Casa Verde, como atos de desgosto contra seus não-amigos. Espero ter aguçado sua curiosidade sobre a história.

O Alienista é uma obra fluida, de leitura gostosa, cheia de humor e de grandes surpresas. Tenha uma ferramenta de pesquisa em mãos, entretanto, pois o vocabulário é bastante diversificado. Se ficou curioso, não hesite, leia, garanto-lhe que vale a pena.

Autor: Bruno Henrique Lisenko Ribeiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *