Resenha: Quando os Livros Foram à Guerra

Resenha: Quando os Livros Foram à Guerra


Autora: Molly Guptill Manning.

Ano de publicação: 2015.

Gênero: História. 

   Durante a Segunda Guerra Mundial, soldados estavam espalhados por vários lugares do mundo, desde as ilhas mais remotas no Oceano Pacifico até as trincheiras na Europa e no norte da África. Todos estavam longe de casa, vendo os horrores da guerra e praticamente sem comunicação com seus familiares. A realidade em que eles estavam era totalmente adversa em termos de comunicação e de ter algo para fazer, uma distração.  

   Quando se fala da guerra, há um grande foco nas batalhas e conflitos, mas o livro em questão conta que o cotidiano do soldado era na maior parte a espera de que algo acontecesse, levando à monotonia e gerando uma expectativa que tinha grande peso emocional. Qualquer coisa que tirasse a atenção de um soldado e lhe fizesse esquecer do que estava acontecendo era muito apreciado e livros e revistas eram os itens mais procurados. 

“Como o segundo-cabo H. Moldauer se queixou: ‘Monotonia, monotonia, tudo é monotonia. O calor, os insetos, o trabalho, a ausência completa de cidades, (…) O correio é tão irregular que se tornou regular em sua irregularidade.’” 

   Esse foi um dos motivos para que uma campanha de doação de livros começasse em janeiro de 1942, a Victory Book Campaign (VBC), onde o presidente da época, Franklin Roosevelt, e várias pessoas famosas doaram seus livros publicamente como incentivo à campanha. Ao final de um mês, mais de 400 mil livros foram doados e destinados a soldados, desde o campo de treinamento até o campo de batalha.  

   Mas um fato histórico foi motivo ainda mais forte para essa mobilização, o episódio da queima de livros em Berlim e em outras cidades da Alemanha, em maio de 1933, onde qualquer obra que não fosse de origem alemã fora queimada. Qualquer tipo de pensamento que fugisse dos ideais de Hitler era proibido. Na Europa, ao final da Segunda Guerra, mais de 100 milhões de livros foram destruídos. Assim, havia não somente a guerra no campo de batalha, mas também uma “guerra de ideias”. Nesse mesmo contexto, outra situação preocupante foi quando uma locutora de rádio estadunidense expatriada foi contratada pela Reichsradio para um golpe de propaganda da Alemanha contra os EUA. 

   No início de 1943, era criada, então, a Armed Services Edition (ASE) (edição das forças armadas), onde um grande projeto foi organizado para que livros fossem impressos exclusivamente para os soldados. O conceito de livro foi reinventado, ele tinha que ser pequeno, leve e com conteúdo “útil”. Uma comissão decidiu que tipo de livros deveriam ser usados, que iam desde o gênero de romance, faroeste, livros inspiradores, ciências e economia, incluindo até alguns títulos proibidos por Hitler.  

   Até o ano de 1947, mais de 122 milhões de livros haviam sido produzidos, superando a quantidade de livros destruída pela Alemanha nazista. Essa foi uma resposta à guerra de ideias, considerada um sucesso. 

   “Quando os Livros Foram à Guerra” conta essa história em grandes detalhes, e é uma visão sobre a Segunda Guerra Mundial que eu particularmente nunca havia visto. Para os interessados e estudiosos do tema esta é uma leitura indispensável. 

Autor da resenha: Cristhian Gean Batista Guimarães.

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