Percy Lavon Julian (1899-1975)
Percy Lavon Julian nasceu em 11 de abril de 1899, em Montgomery, Alabama, e era o mais velho de seis irmãos. Sua mãe era Elizabeth Lena Julian Adams, uma professora e seu pai era James Sumner Julian, um funcionário dos correios. Seus pais se formaram em uma escola que se tornaria a Universidade Estadual do Alabama, um dos poucos lugares no estado onde uma pessoa negra poderia continuar os estudos além da oitava série [2]. Após a formatura de seu pai, James, a professora dele na época, Joan Stuart, ofereceu a chance de estudar na Universidade DePauw, em Greencastle, Indiana. No entanto, como precisava sustentar sua família, James recusou a oferta… Mais adiante, quando Percy se formou na mesma escola que seus pais haviam frequentado, Joan ofereceu novamente a possibilidade, mas agora para Percy, estudar na Universidade DePauw, e ele aceitou [2,3]. Foi notado logo de início pelos professores da universidade DePauw que a educação de Julian no Alabama o havia preparado de maneira inadequada para a faculdade. A fim de conseguir pagar suas despesas, Percy trabalhou em uma casa de fraternidade e, apesar desses desafios financeiros, bem como os acadêmicos e culturais, ele se destacou em química. Em virtude de seu sucesso, logo no primeiro ano, fez com que sua família se mudasse para Greencastle, para que seus cinco irmãos pudessem ter possibilidades parecidas [3,4]. Apesar de que as diversidades não fossem novas para DePauw, que havia admitido estudantes internacionais e afro-americanos na década de 1880, nem todos na comunidade universitária foram receptivos. Em 1920, Julian se formou em primeiro lugar em sua classe e foi eleito para a Phi Beta Kappa. No entanto, mesmo com seu excelente histórico acadêmico, foi negado a Percy um assistente, bolsa ou admissão à escola de pós-graduação. Para contornar esse obstáculo, ele encontrou uma posição como instrutor de química na Fisk University, uma universidade privada historicamente negra em Nashville, Tennessee [2-5]. Depois de cerca de dois anos na Fisk, Julian conseguiu uma bolsa de estudos de Austin para a Harvard University e conseguiu ingressar no mestrado em 1923. Novamente, por mais que possuísse um sólido histórico acadêmico e de pesquisa, nenhuma oferta de trabalho apareceu, exceto em instituições para negros. Julian lecionou no West Virginia State College e na Howard University, onde foi nomeado chefe do departamento de química [3,5]. Em 1929, após ficar decepcionado por não poder continuar seus estudos de doutorado nos Estados Unidos, Julian recebeu uma bolsa da Fundação Rockefeller para estudar com o renomado químico Ernst Späth na Universidade de Viena. Ele obteve o doutorado em 1931 e voltou para a Howard University por mais dois anos [4,5]. Em 1933, Julian aceitou um cargo na DePauw como pesquisador no Minshall Laboratory, onde dirigiu projetos de pesquisa para graduados em química. O projeto de pesquisa sênior lançado em 1933 por Julian e seu colega, Joseph Pikl, produziu 11 artigos publicados no Journal of the American Chemical Society durante um período de três anos. Muitos desses estudantes, por ele orientado, fizeram doutorado e trabalharam com ele na indústria [3]. Além de seu trabalho apoiando os alunos, Julian e Pikl completaram pesquisas em DePauw que resultaram na síntese total em 1935 da fisostigmina, um medicamento para o tratamento do glaucoma, a partir do feijão calabar. Durante essa pesquisa eles acabaram competindo com Sir Robert Robinson, da Universidade de Oxford, um dos principais químicos da Inglaterra na época. A publicação deste trabalho estabeleceu a reputação de Julian como um químico de renome mundial [2-5]. Seu trabalho teve como resultado o lançamento das bases para a produção industrial de drogas esteroides a base de cortisona e outros corticosteroides, e pílulas anticoncepcionais. Mais tarde, em 1953, ele deu início a sua própria empresa de fármacos sintéticos e esteroides intermediários sintetizados a partir do inhame selvagem mexicano, a Julian Laboratories, Inc [3,6]. Com isso, trouxe muitos de seus melhores químicos, incluindo Africano-americanos e mulheres. Em 1964, fundou o Instituto Julian de Pesquisas, mantendo-o pelo resto da sua vida [5,6]. Percy foi eleito para a Academia Nacional de Ciências, em 1973, em reconhecimento das suas realizações científicas, tornando-se o segundo Africano- americano a ser empossado, depois de David Blackwell e um dos primeiros afro-americanos a obter um doutorado em química. Além disso, conseguiu, em sua vida, patentear mais de 130 produtos químicos, morrendo de câncer de fígado em 19 de abril de 1975 no Hospital Santa Teresa, em Waukegan, Illinois [2-6]. Autora: Matheus Vieira Camargo Ramos Referências: [1] Imagem editada de: PROGRAM, African American History. Percy L. Julian. Disponível em: <http://www.cpnas.org/aahp/biographies/percy-l-julian-1.html> Acesso em 29 de abril de 2021. [2] AUTOR DESCONHECIDO. Famous Scientists -The Art of Genius: Percy Lavon Julian. Disponível em: < https://www.famousscientists.org/percy-lavon-julian/#:~:text=Percy%20Lavon%20Julian%2C%20born%20on,to%20become%20Alabama%20State%20University. Acesso em 29 de abril de 2021. [3] DEPAUW, University. The Life of Percy Lavon Julian ’20. Disponível em: < https://www.depauw.edu/news-media/latest-news/details/22969/> Acesso em 29 de abril de 2021. [4] LANDMARKS, American Chemical Society National Historic Chemical. Percy Julian: Synthesis of Physostigmine. Disponível em: <http://www.acs.org/content/acs/en/education/whatischemistry/landmarks/julian.> Acesso em 29 de abril de 2021. [5] INSTITUTE, Science History. Percy Lavon Julian. Disponível em: < https://www.sciencehistory.org/historical-profile/percy-lavon-julian> Acesso em 29 de abril de 2021. [6] AUTOR DESCONHECIDO. Percy L. Julian, Negro, Cientista, Brilhante. Disponível em: https://correionago.com.br/percy-l-julian-negro-cientista-brilhante/#:~:text=Percy%20Lavon%20Julian%20(nascido%20em,medicamentos%20a%20partir%20de%20plantas%20.&text=Durante%20sua%20vida%20ele%20patenteou%20mais%20de%20130%20produtos%20qu%C3%ADmicos.> Acesso em 29 de abril de 2021.