Andrei Dmitrievich Sakharov: Da bomba atômica até o Nobel da Paz (1921 – 1989)

Andrei Dmitrievich Sakharov: Da bomba atômica até o Nobel da Paz (1921 – 1989)



   Andrei Dmitrievich Sakharov foi um físico nuclear soviético que nasceu em Moscou em 21 de maio de 1921. Seu pai era professor de Física o que influenciou na escolha da carreira de Andrei [1]. 

   Andrei se graduou em 1941 em Asgabate durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1942, já era professor de física nuclear (com 21 anos), e estava dedicando-se em pesquisas no laboratório de Ulyanovsk [1].

   Em 1945, voltou a Moscou para realizar seu doutorado em Física Teórica, estudando os raios cósmicos, concluindo-o em 1947.  No ano seguinte o teórico possuía três artigos científicos publicados, mostrando-se promissor [2].

   Em 1948, ele cede à pressão do governo sobre os cientistas, marcada pela prisão e execução de alguns pensadores em 1938 e participa do projeto nuclear soviético sob a direção de Igor Kurchatov, no qual tinha como objetivo a construção da bomba atômica. Sakharov teve um papel decisivo na confecção da mesma. Também neste período, idealizou o Tokamak junto a Igor Tamm [1].

   Devido a sua influência, foi nomeado membro da Academia de Ciências e recebeu medalha de “Herói  do Trabalho Socialista”, sendo um dos mais novos a ser nomeado devido a seu auxílio na confecção da bomba atômica [2].

   Continuou estudando sobre o uso da fusão termonuclear, até que, em 1960, já estava consciente dos desastres que poderiam ocorrer devido a bomba atômica. Sendo assim, começou a dedicar-se a conscientização sobre os perigos de uma guerra nuclear e a contaminação radioativa. Devido ao seu trabalho de conscientização, promulgou-se o Tratado de Proibição de Provas Atmosféricas, Espaciais e Submarinas em 1963, com o intuito de parar os testes das bombas [2].

   Em 1964 criticou a nomeação de Nikolai Nuzhdin a academia de ciências, devido o apoio às ideias do Lysenkoismo (pseudociência), método que recusava a existência de genes e DNA, e que não tinha apoio no meio científico mas era apoiada pelo governo. Essa preferência do governo foi responsável pela morte do botânico Nikolai Vavilov e por grande parte da fome na Rússia. O episódio causou revolta em Andrei que disse:

“Ele é responsável pelo vergonhoso atraso da biologia soviética e da genética em particular, pela disseminação de visões pseudocientíficas, pelo aventureirismo, pela degradação do aprendizado e pela difamação, disparo, prisão e até morte de muitos cientistas genuínos. [3]”

   Em 1965, devido à influência de Kurchatov, voltou a dedicar-se a cosmologia e física de partículas, publicando artigos sobre a Expansão Fria do Big Bang, Assimetria Bariônica, etc [2]. 

   Permaneceu com o seu caráter ativista mandando cartas ao governo, as quais eram ignoradas, ainda mais no período de alta tensão da Guerra Fria. Em maio de 1968, escreveu “Progresso, Coexistência Pacífica e Liberdade Intelectual”, no qual solicita a coexistência pacífica do socialismo e capitalismo, além de criticar as Gulags e o uso das armas atômicas. Isso ocasionou na expulsão dos grupos que fazia parte e a retirada de seus títulos, o que fez com que ele voltasse a dar aula no Instituto Lebedev como professor assistente [4]. 

   Em 1970, ajudou na fundação do Comitê pelos Direitos Humanos de Moscou. Os anos seguintes foram marcados pelas manifestações e críticas à atual situação da Rússia e do mundo, naquela época, dando destaque às greves de fome e denúncias a respeito da situação de fome no país, a aniquilação, desumanização, entre outros [2]. 

   No ano de 1973 foi nomeado para o Nobel da Paz, porém foi impossibilitado de receber, sendo assim, Yelena Bonner, uma grande ativista dos direitos humanos e esposa de Andrei foi receber o prêmio e leu o discurso elaborado pelo seu marido, documento que teve o título de “Paz, Progresso e Direitos Humanos” [2].

   Em 1979, fazia duras críticas e denunciava a invasão soviética no Afeganistão e influenciou no boicote da Olimpíadas de Moscou em 1980, o que ocasionou no seu exílio em Gorki, uma cidade soviética que era “privada” e vigiada por “seguranças”. No mesmo ano, foi nomeado Humanista do Ano pela Associação Humanista Americana [1,4].

   Ainda preso em Gorki, no ano de 1984 sua esposa foi detida e necessitava de uma cirurgia cardíaca (que só era possível fazer nos Estados Unidos), o episódio foi seguido por diversas greves de fome de Andrei, que resultaram em sua hospitalização e alimentação forçada. O episódio repetiu-se diversas vezes até que, em 1986, o governo liberou sua esposa para efetuar a cirurgia nos EUA [1].

   O parlamento europeu, reconhecendo o trabalho de Sakharov criou o Prêmio Sakharov Para a Liberdade de Pensamento, mostrando o quão influente o cientista estava sendo. A criação do prêmio fez com que Mikhail Gorbatchev liberasse Andrei e sua esposa de Gorki [1].

   No ano de 1989 Andrei foi candidato, com o apoio da Academia de Ciências, o que foi um tanto polêmico mas não impediu Andrei de se tornar deputado. No dia 14 de Dezembro do mesmo ano o mesmo sofreu um infarto do miocárdio e em seu legado deixou diversos avanços para a Física e Humanidade [1,2].

Autor: Vinicius Andrade de Oliveira

[1]  Wikipedia contributors. Andrei Sakharov. Wikipedia, The Free Encyclopedia. Disponível em https://en.wikipedia.org/w/index.php?title=Andrei_Sakharov&oldid=1007280171. Acesso em 2 de Fevereiro de 2021.

[2] ALTMAN, Max. Hoje na História: 1975 – Físico soviético Andrei Sakharov recebe Nobel da Paz, Opera Mundi. Disponível em : https://operamundi.uol.com.br/hoje-na-historia/31704/hoje-na-historia-1975-fisico-sovietico-andrei-sakharov-recebe-nobel-da-paz. Acesso em 2 de Fevereiro de 2021.

[3] Crump, Thomas (2013). Brezhnev and the Decline of the Soviet Union. Routledge Studies in the History of Russia and Eastern Europe. Routledge. ISBN.

[4] Andrei Sakharov in Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2021. Disponível em: https://www.infopedia.pt/$andrei-sakharov

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