Resenha: Nós
Autor: Yevgeny Zamiátin.
Ano de publicação: 1924.
Gênero: Romance Distópico.
Na distopia, ou utopia, de Zamiátin, nos deparamo-nos com uma civilização cujos habitantes perderam tanto a individualidade, que são reconhecidos apenas por números. Eles vestem a mesma roupa sempre, tornando comum o hábito de fazer referência ao ser humano tanto como “um número” quanto “um unif”(abreviação de uniforme). A comida é puramente sintética e o passatempo habitual é marchar em filas enquanto o hino do Estado Único toca em alto-falantes. As casas são todas de vidro, para que os policiais, conhecidos como “Guardiões”, possam vigiá-los constantemente e assim assegurar a ordem. Há também a “Hora pessoa”, um intervalo que todas as pessoas podem abaixar as cortinas, em torno do apartamento, durante um período de tempo. Obviamente não existem casamentos, para o ato sexual todos têm um bilhete cor-de-rosa, e o (a) parceiro (a) deve assinar o canhoto após passadas as horas determinadas.
Quem governa o poderoso Estado Único é a figura conhecida como “Benfeitor”, este é reeleito anualmente pela população, e surpreendentemente a eleição é sempre unânime. O que move essa forma de governo é a ideia de que felicidade e liberdade são lados opostos que nunca vão existir em harmonia, a liberdade gera como consequência o caos, e, sendo assim, ele optou pela felicidade das pessoas retirando-as o seu direito de ser livre.
A história é contada por meio de cartas deixadas por um engenheiro chamado, D-503, ele, apesar de estar trabalhando em um projeto grandioso, é uma simples peça na mão do governo. Sua vida sofre uma abrupta reviravolta quando ele conhece e se apaixona por I-330, uma mulher líder de um movimento de resistência clandestino que o atrai para fazer parte de uma rebelião. Quando esta ocorre, fica evidente o grande número de inimigos do Benfeitor, e que no momento no qual as cortinas estão abaixadas, os vícios tais como fumar cigarros e beber tornam-se comuns.
A ideia central da obra, é mostrar que felicidade e liberdade são inerentes aos seres humanos, por isso, qualquer consequência delas também é. Não existe um estado de ordem perfeito no qual todos vivem felizes, sendo assim, não existem revoluções finais, todas as revoluções são infinitas, pois fazem parte da natureza humana. No livro é evidenciada a batalha do lado primitivo dos seres com o governo, que tenta a todo custo reprimi-la, fazendo com que assim não exista um eu, nem algo como você, mas sim… nós.
Autor da resenha: Ricardo Gonzatto Rodrigues.