Philipp Lenard (1862 – 1947)
Philipp Eduard Anton Lenard nasceu no dia 7 de junho de 1862 em Pressburg na Áustria-Hungria (atualmente Bratislava, capital da Eslováquia). Ele era filho de um comerciante de vinho, que estudou quando jovem nas universidades de Budapeste, Viena, Berlim e Heidelberg, onde obteve seu Ph. D. (último e mais alto título acadêmico). Foi professor em tantas outras universidades como Bonn em 1893, onde também foi assistente do renomado cientista Heinrich Hertz, Breslau (1894), Aachen (1895), Heidelberg (1896) e Kiel (1898), retornando a Heidelberg na Alemanha onde permaneceu como professor de física até sua aposentadoria em 1931. Sua maior contribuição para a Física permaneceu na área da fosforescência e luminescência, que sempre o encantou desde sua infância. Em certo período trabalhou com V. Klatt, seu primeiro professor de física e o astrônomo W. Wolf fazendo descobertas interessantes para sua carreira como a realizada com Klatt, a qual descobriram que o sulfeto de cálcio, após uma prévia iluminação exerce luz no escuro se possuir vestígios de metal pesado em sua composição. Nos últimos anos do Séc. XIX, Lenard trabalhou incansavelmente na criação e aplicação de tubos de raios catódicos, em especial devido ao fato do alemão Wilhelm Conrad Röntgen ter descoberto os raios x a partir de seus estudos e por isso ter ganhado o primeiro Nobel em física no ano de 1901. Segundo as próprias palavras de Lenard: “Röntgen foi a parteira dos raios x, mas a mãe fui eu.” Demonstrando de certa forma sua personalidade rancorosa por parte de colegas da física. Apesar disso seus trabalhos eram conhecidos e respeitados, tanto que acabou ganhando o Nobel em física do ano de 1905 por suas contribuições acerca dos raios catódicos demonstrando que estes são criados quando a luz atinge superfícies metálicas, fenômeno que mais tarde ficaria conhecido como o efeito fotoelétrico. Defensor do nazismo, Lenard denunciou publicamente a ciência “judaica”, incluindo a teoria da relatividade de Albert Einstein. Chegou a escrever um livro chamado “Física Alemã”, o qual os nomes de Einstein e Röntgen nem eram citados. Ele se tornou um membro convicto do Partido Nacional Socialista de Hitler, a quem encontrou pessoalmente em 1926. E o partido respondeu fazendo dele o Chefe da Física Ariana. Seu rancor por Einstein cresceu ainda mais quando este conseguiu explicar de forma quantitativa o Efeito Fotoelétrico que ele havia observado ao desenvolver a teoria dos quanta de luz, que seria verificada posteriormente por Millikan. A análise de Lenard consistia na investigação deste efeito, mostrando que quando a luz ultravioleta incide sobre um metal ela retira elétrons deste que são então propagados no vácuo, nos quais eles podem ser acelerados ou retardados por um campo elétrico e até mesmo seus caminhos podem ser curvados na presença de um campo magnético. Por medições exatas, ele mostrou que o número de elétrons projetados é proporcional à energia transportada pela luz incidente, enquanto sua velocidade, ou seja, sua energia cinética, é bastante independente desse número e varia apenas com o comprimento de onda e aumenta quando isso diminui. Sua explicação era ineficaz quanto à Física Moderna que emergia no início do século XX, por isso ela acabou sendo desprezada pela academia de ciências. Durante todo esse período de rancor, Lenard continuou produzindo trabalhos na área da física, como a sua proposta de um modelo atômico chamada de “dinamídeos”, que eram considerados partículas muito pequenas e separadas por espaços amplos possuindo massa e sendo imaginadas como dipolos elétricos conectados por duas cargas iguais de sinal contrário. Mostrou também que um elétron deve ter uma certa energia mínima antes de poder produzir ionização quando passa por um gás. Em seus últimos anos de vida, Lenard estudou a natureza e a origem das linhas do espectro e conseguiu mostrar que os comprimentos de onda de linhas espectrais de metais geravam uma modificação definida nas séries de Rydberg, Kayser e Runge. Essas modificações determinam as séries e são diferenciadas pelo número de elétrons perdidos. Com o final da 2ª Guerra Mundial e do regime nazista, Lenard, que era casado com Katharina Schlehner, acabou se retirando para uma vila em Messelhausen, na Alemanha evitando sua prisão, onde morreu no dia 20 de maio de 1947. Deixando seu preconceito de lado na história podemos ver o quão brilhante foi Lenard, ao contribuir de forma excepcional para o crescimento da ciência. Texto por: Sanderson Carlos Ribeiro Referências: GUNDERMAN, Richard. When science gets ugly – the story of Philipp Lenard and Albert Einstein. Disponível em: <https://theconversation.com/when-science-gets-ugly-the-story-of-philipp-lenard-and-albert-einstein-43165>. Acesso em: 30 set. 2018. Philipp Lenard – Biográfico. NobelPrize.org. Nobel Media AB 2018. seg. 1º de outubro de 2018. <https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1905/lenard/biographical/>. DESCONHECIDO. Philipp Lenard. Disponível em: <https://www.britannica.com/biography/Philipp-Lenard>. Acesso em: 1 out. 2018.