Físicos no Setor Privado Norte-Americano

Físicos no Setor Privado Norte-Americano

 Neste texto, serão apresentadas algumas informações obtidas do relatório Common Careers of Physicists in the Private Sector, emitido pelo American Institute of Physics, em junho de 2015, que fez uma robusta coleta de dados sobre as carreiras mais comuns entre físicos no setor privado americano. A pesquisa envolve Ph.D.s com 10 a 15 anos de experiência em sua área após a obtenção do título.

 Inicialmente, temos que vasta maioria trabalhou em campos STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics). Os tipos de carreira mais almejados envolvem a resolução de problemas complexos, a coordenação de projetos e a necessidade de escrever para audiência técnica. Praticamente todos trabalham em grupo e com pessoas inteligentes, fato que os membros gostam muito. Mais de 3/4 dos físicos entrevistados que trabalharam para o setor privados nos EUA em 2011 ganhavam salários anuais que excediam 100.000 dólares, sendo que alguns ainda recebiam comissões e bônus de acordo com sua carreira.

 Devido à ampla aplicabilidade das técnicas e habilidades desenvolvidas durante a obtenção do PhD. Temos que tais habilidades são muito valorizadas pelo setor privado. Além de que os atraentes salários indicam uma grande demanda. Os físicos que trabalham em Universidades e colégios não ganham tanto quanto aqueles empregados no setor privado ou em laboratórios de Governo. Aqueles entrevistados que se aventuraram em non-STEM fields têm salário médio anual de 169.000 dólares, porém, numa gama de salários altamente variável. Muitos destes estão em altos níveis administrativos e de gestão.

 Um número grande dos físicos, trabalhando primariamente com engenharia, estão empregados em empresas desenvolvedoras de produtos tecnológicos sofisticados ou de aprimoramentos destes, com ampla aplicação industrial e de consumo.

 Muitas das empresas contrataram Ph.D.s para o desenvolvimento de dispositivos semicondutores. Outras para o desenvolvimento de softwares que potencializam o uso do poder computacional para certas aplicações, geralmente associadas à internet. Ainda há aquelas especializadas em instrumentações para medidas, das quais fazem o uso de tecnologias ópticas, de radio frequência, eletromagnética e de biosensores. Grande parte estava empregada em grandes corporações como General Electric, Boeing, IBM, Intel, Agilent Technologies and Seagate Technologies.

 Dos físicos empregados na indústria, o campo da engenharia foi o que atraiu o maior número. Estes utilizam seu repertório de física básica e técnicas para resolver problemas complexos em campos da engenharia. Alguns trabalhavam com optimização, teste de qualidade do produto final e treinamento do usuário final (end-user). Muitos utilizavam da pesquisa aplicada, design e desenvolvimento e efetuavam a resolução de problemas complexos.

 Frequentemente, os físicos trabalhavam em grupos, colaborando com colegas de diversos campos e auxiliando seus companheiros ainda inexperientes. Mais de 80% comentaram utilizar de conhecimentos básicos em física e muitos fazem o uso de estatística e física avançada. Outra grande parcela (mais de 70%) precisava escrever para uma audiência técnica.

 Os Ph.D.s prezam o fato dos problemas serem complexos e desafiarem o limite de suas capacidades. Apreciam o fato de poderem trabalhar em novos problemas com frequência, dos quais podem variar muito em termos de conteúdo e escopo. Assim, alguns utilizavam frases como “working at the cutting edge“.

 Uma grande quantidade de físicos empregados na indústria sente que seu trabalho é útil para o mundo e que conseguem ver suas inovações se tornando realidade. Tratam o fato de trabalhar com colegas inteligentes como recompensador, utilizando de vários adjetivos para elogiar estes, tais como talentoso, competente e até estelar. Alguns comentaram a satisfação de contribuir para o sucesso da companhia.

 Dos Físicos empregados na indústria, primariamente em Física trabalhavam com tecnologia de ponta para materiais e dispositivos como lasers e semicondutores. Muitos fazem pesquisa aplicada em uma variedade de áreas e são responsáveis pela gestão de grupos de pesquisa. Grande maioria faz o uso de conceitos básicos e física avançada para resolver problemas. Alguns comentaram sobre a fascinação de se avançar no estado da arte. Outros demonstram dar valor nas suas condições de trabalho e comentam ter um bom balanço entre vida profissional e vida pessoal.

 Daqueles físicos empregados em cargos non-STEM, dos 32 entrevistados, a metado obteve MBA e alguns dos outros obtiveram o grau de J.D. (Juris Doctor). Aqueles com MBAs resolvem problemas complexos para atingir objetivos de negócios a curto e a longo prazo. Alguns fazem previsões baseadas nos últimos trends bem como calculam riscos e cultivam lucros a longo prazo. Aqueles com título de Juris Doctor trabalham com propriedade intelectual, especialmente com patentes.

 Dentre os fatores citados para escolher um campo não-STEM está o fato de alguns físicos se desinteressarem pelos estreitos campos de pesquisa e burocracia acadêmica. Além disso, comentam que utilizam muito mais suas habilidades do que se trabalhassem com pesquisa em física.

 Os dados foram difíceis de obter pelos seguintes fatores: é fácil localizar as pessoas enquanto na Universidade, porém, quando estas vão para a indústria, isto é mais difícil; como os físicos procuram diversos tipos de carreiras, fica difícil associar uma profissão específica que trabalhe primariamente com física; e, na indústria as informações de contato são muito mais restritas do que em institutos governamentais.

 Devido à variedade de atividades e complexidade de suas tarefas, as carreiras podem transitar entre os tipos apresentados. Os contatos com os físicos foram feitos por meio de correspondência e e-mail.

 Podemos concluir que, apesar da longa jornada que um Físico precisa percorrer até a obtenção de seu título de doutorado, há demanda para profissionais com esta formação fora da universidade, tanto em áreas que fazem o uso direto da Física e seus princípios quanto naquelas quais, apesar de não utilizarem primariamente da física, aproveitam toda a capacidade e habilidades desenvolvidas durante a formação em Física.

Texto por: Marcelo H. Penteado

 Referência:

Czujko, R. Anderson, G. American Institute of Physics – AIP. Statistical Research Center. Common Careers of Physicists in the Private Sector. Disponível em: https://www.aip.org/statistics/reports/common-careers-physicists-private-sector. Acesso em: 7 de novembro de 2016.

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