Oswaldo Cruz (1872 – 1917)

Oswaldo Cruz (1872 – 1917)

   Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga, cidade do estado de São Paulo, em 5 de agosto de 1872. Filho do renomado médico Bento Gonçalves Cruz e de Amália Bulhões. Aos 5 anos, em 1877, mudou-se com sua família para a cidade do Rio de Janeiro, a capital do Brasil na época. Lá estudou no Colégio Laure, no Colégio São Pedro de Alcântara e no Externato Dom Pedro II. Seu pai possuía uma clínica médica na cidade que trazia o sustento à família. Seguindo os passos do pai, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1886, com apenas 14 anos [2].

   Durante sua trajetória acadêmica, Oswaldo demonstrou grande interesse pela microbiologia. Isso o levou à sua tese de doutoramento, “A vehiculação microbiana pelas águas.”, obtendo o seu grau de doutor em 8 de novembro de 1892, no mesmo dia em que seu pai faleceu. Seu grande interesse na sua área de formação o levou a abrir um pequeno laboratório no porão de sua casa, porém, a perda de seu pai o forçou a parar seus estudos por cerca de dois anos [1]. 

   Após esse tempo afastado, a convite de seu amigo Egydio Salles Guerra, trabalhou na politécnica do Rio de Janeiro como chefe da montagem de laboratórios clínicos. Ele também estudou durante alguns anos em renomadas instituições francesas, como o Instituto Pasteur. Seus estudos o capacitaram para melhor exercer a função de chefia na politécnica do Rio de Janeiro, além de graduá-lo com um dos mais notórios médicos do Brasil da época [1-3].

   Em 1894, a região do Vale da Paraíba foi atingida por uma epidemia de cólera, foi criado então o Instituto Sanitário Federal para resolver uma discordância médica da época, afinal muitos deles acreditavam que era apenas uma crise de disenteria não contagiosa. O diretor do Instituto, Francisco Farjado, convidou Oswaldo Cruz e Eduardo Chapot-Prévost, outro renomado médico e cientista brasileiro da época, para analisar o problema. Após coletar e analisar diversas amostras, ambos concluíram que havia a presença do Vibrio cholerae, o agente causador da cólera [2].

   Já em 1899, novamente Oswaldo foi chamado para analisar outro surto epidêmico, desta vez de peste bubônica que havia atingido a cidade de Santos, no estado de São Paulo. Após análises, ele atestou a presença real da doença, levando as autoridades da época ao combate da peste. Em busca de um soro antipestoso para facilitar o combate a essa doença, duas importantes instituições foram criadas: o Instituto Butantã, na cidade de São Paulo, e o Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro. Já em 1900, foram criadas as primeiras doses de soro antipestoso e dois anos após isso, Oswaldo Cruz tornou-se diretor do Instituto Soroterápico Federal [2]. 

   No ano de 1903, Oswaldo foi convidado a assumir o posto mais importante de sua vida inteira, o da Diretoria-Geral da Saúde Pública (DGSP), o equivalente da época ao Ministério da Saúde atual. Seu principal desafio era combater os constantes surtos de peste bubônica, febre amarela e varíola na cidade do Rio. Suas principais ações no cargo para o combate da peste e da febre amarela eram eliminar os vetores de propagação das doenças, os ratos e mosquitos, criando brigadas sanitaristas. No entanto, ao combater a varíola, Oswaldo acabou por tomar a decisão mais controversa de sua vida, afinal a única forma de combater a varíola era com a vacinação da população. A proposta de Oswaldo se tornou controversa, pois se decidiu pela vacinação obrigatória [3].

   A falta de informação das pessoas da época e a forma truculenta e forçada com que foi realizada a gestão sanitária, levaram à população a se revoltar contra o caráter obrigatório da vacinação. Somente no ano de 1904, 87 mil pessoas foram vacinadas contra a varíola, porém, no dia 10 de novembro de 1904 as coisas saíram dos trilhos, revoltas iniciadas pela população contra a vacinação obrigatória levaram a atos de vandalismo, confrontos com a polícia e até mesmo na morte de algumas pessoas, somente 13 dias após o início da revolta a situação se normalizou e o caráter obrigatório da vacina foi suspenso [1,2].

   Oswaldo continuou na gerência da DGSP até 1909, quando decidiu priorizar o Instituto Oswaldo Cruz, antigo Instituto Soroterápico Federal (renomeado em 1908). Ele foi homenageado em 1907 no Congresso Internacional de Higiene da Democracia. Seus inúmeros trabalhos na área da saúde garantiram diversos avanços para o sanitarismo no Brasil. Em 1915, decidiu se afastar de suas responsabilidades no Instituto por questões de saúde pessoal. Esses problemas, a nefrite (doença renal) que o afligia, ocasionaram sua morte em 11 de fevereiro de 1917, aos 44 anos [2].

Autor: Juan Rattes de Brito

 

Referências:

[1] TAVARES, Aline. Amigo de Vital Brasil e defensor da vacinação: conheça a história de Oswaldo Cruz, um dos pais da saúde pública brasileira. Portal do Butantan. Disponível em: https://butantan.gov.br/noticias/amigo-de-vital-brazil-e-defensor-da-vacinacao-conheca-a-historia-de-oswaldo-cruz-um-dos-pais-da-saude-publica-brasileira. Acesso em: 20 set. 2025.

[2] SILVA, Daniel Neves. Oswaldo Cruz. Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/oswaldo-cruz.htm. Acesso em: 20 set. 2025.

[3] Revista da Vacina. Oswaldo Cruz. Disponível em: http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/personas/cruz.html. Acesso em: 20 set. 2025.

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