
William Crookes
Sir William Crookes (1832-1919) destacou-se como um dos grandes cientistas britânicos do século XIX, atuando nas áreas experimentais da física e química. Nascido em Londres, filho de um alfaiate, sua formação ocorreu no Royal College of Chemistry sob a tutela de August Wilhelm von Hofmann, um químico alemão que influenciou positivamente a carreira acadêmica de Crooks [1 – 3].
Em 1861, durante análises espectroscópicas de resíduos minerais, Crookes identificou uma linha verde desconhecida, o que o levou à descoberta do elemento químico tálio. Sua investigação pioneira com tubos de vácuo na década de 1870 revelou os raios catódicos, feixes luminosos com propriedades materiais, como transferência de momento e fluorescência, sensíveis a campos magnéticos, antecipando a descoberta do elétron. O Tubo de Crookes, como ficou conhecido, tornou-se fundamental para a física de partículas e a tecnologia de raios catódicos. Em 1875, o cientista criou o Radiômetro de Crookes, instrumento que ilustra a conversão direta de luz em movimento mecânico [1, 2].
Crookes deixou contribuições interdisciplinares notáveis: isolou o elemento químico escândio em 1879, validando predições feitas por Dmitri Mendeleiev; avançou a química agrícola com estudos sobre a fixação de nitrogênio; e investigou a radioatividade. Crookes acreditava que a matéria radiante, observada em seus experimentos com tubos de raios catódicos, representava um quarto estado da matéria, diferente dos estados já conhecidos, propondo então a teoria da proeminência. Contudo, seu envolvimento com o espiritismo a partir de 1870 arruinou sua reputação científica. Ao defender médiuns como Florence Cook e Daniel Dunglas Home, publicando artigos no Quarterly Journal of Science que sugeriam validade fenomenológica às sessões, Crookes alienou colegas da Royal Society. Críticos como John Tyndall e Thomas Henry Huxley consideraram suas investigações uma concessão ao irracionalismo, enfraquecendo sua imagem e autoridade acadêmica. Embora mantivesse prestígio formal, essa associação degradou parte de seu legado nos círculos científicos da época [1, 3].
Apesar das controvérsias, Crookes presidiu a Royal Society e a British Association for the Advancement of Science de 1913 a 1915. Em 1875, recebeu a Medalha Real, em 1888 a Medalha Davy, e em 1910 a Ordem do Mérito, o seu título de Sir veio em 1897. Crookes atuou como editor do Chemical News por 47 anos, onde difundiu descobertas científicas globalmente. Sua obra sintetiza a transição entre a ciência oitocentista e a revolução do século XX, testemunhando tanto o triunfo quanto os paradoxos da curiosidade experimental [1 – 3].
Autor: Eloise Granville.
Referências:
[1] ENCYCLOPÆDIA BRITANNICA. William Crookes. Disponível em: https://www.britannica.com/biography/William-Crookes. Acesso em: 14/08/2025.
[2] NATIONAL HIGH MAGNETIC FIELD LABORATORY. William Crookes. Disponível em: https://nationalmaglab.org/magnet-academy/history-of-electricity-magnetism/pioneers/william-crookes/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt&_x_tr_pto=tc. Acesso em: 14/08/2025.
[3] WIKISOURCE. Crookes, William (1832-1919). In: Dictionary of National Biography, 1927 supplement. Disponível em: https://en.wikisource.org/wiki/Dictionary_of_National_Biography%2C_1927_supplement/Crookes%2C_William. Acesso em: 18/08/2025.