Outubro Rosa

Outubro Rosa

  

   O câncer de mama é uma das doenças mais temidas pelas mulheres, e esta preocupação existe há milênios. A evidência mais antiga sobre a doença remonta ao Egito Antigo, por volta de 1700 a.C., quando médicos egípcios registraram tumores nas mamas em papiros médicos, como o de Edwin Smith. Naquela época, os tratamentos eram limitados e o prognóstico frequentemente pessimista. Foi somente no século XX, com o avanço da medicina e o surgimento de novas tecnologias, que o câncer de mama passou a ser amplamente discutido e tratado como um problema de saúde pública (TEIXEIRA, 2007).

   No último século, a conscientização sobre o câncer de mama tem ganhado força em todo o mundo. Um marco importante foi o movimento “Outubro Rosa”, que surgiu nos Estados Unidos na década de 1990. Iniciado por organizações como a Fundação Susan G. Komen, a mobilização promoveu campanhas para arrecadar fundos, apoiar pacientes vulneráveis e incentivar a detecção precoce da doença. Eventos como corridas e caminhadas, intitulados “Mais do que Rosa”, mobilizam participantes a usarem camisetas e fitas rosas para simbolizar a união e a esperança dessa causa. Atualmente, o movimento Outubro Rosa é celebrado no dia 19 de outubro, proclamado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama (TEIXEIRA, 2007).

   Essa data reforça a importância de discutir o câncer de mama, uma condição que surge a partir do crescimento desordenado das células que revestem os ductos ou lobos mamários, levando à formação de tumores que podem ser benignos ou malignos. Embora as causas exatas ainda não sejam totalmente compreendidas, fatores como predisposição genética, mutações em genes (como BRCA1 e BRCA2), histórico familiar, idade avançada e estilo de vida contribuem para o surgimento da doença (INCA, 2020).

   O câncer de mama evolui por estágios, desde o tumor inicial até a metástase, que envolve a disseminação das células cancerígenas para outras partes do corpo. O tratamento varia conforme o diagnóstico e pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, terapias hormonais (PORTO, 2013; SILVA, 2018).

   Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020, foram estimados 66.280 novos casos da doença no Brasil, tornando-se o segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres, atrás apenas do câncer de pele não melanoma (INCA, 2020). Globalmente, as estatísticas também são alarmantes: a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) estima que mais de 2,3 milhões de novos casos de câncer de mama são diagnosticados anualmente no mundo, com cerca de 1% desses casos ocorrendo em homens.

   Além disso, a doença é responsável por cerca de 685.000 mortes anuais no mundo, muitas delas acontecendo porque a enfermidade é frequentemente identificada em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e diminui as chances de cura (SILVA, 2018). Dessa forma, a prevenção é fundamental e abrange a realização de exames regulares, como a mamografia, além da adoção de um estilo de vida saudável, com prática de exercícios físicos e alimentação equilibrada.

   Outro fator importante a se considerar é o impacto psicológico da doença, especialmente quando o tratamento envolve a mastectomia, que é a remoção cirúrgica da mama. Este procedimento, embora muitas vezes necessário para salvar a vida da paciente, pode afetar profundamente a autoestima feminina (SILVA, 2018). Em 2013, a atriz norte-americana Angelina Jolie optou por uma mastectomia preventiva após descobrir que carregava a mutação no gene BRCA1, que aumentava significativamente suas chances de desenvolver câncer de mama. Sua decisão foi amplamente divulgada e trouxe visibilidade ao tema, inspirando muitas mulheres a tomarem medidas preventivas e a enfrentarem a doença com resiliência e determinação (JOLIE, 2013).

   A reconstrução mamária, frequentemente realizada logo após a remoção do seio, tem ajudado muitas mulheres a restabelecer sua confiança e a se sentirem mais confortáveis com seus corpos (SILVA, 2018). Além disso, grupos de apoio e terapias psicológicas têm se mostrado fundamentais para melhorar a saúde mental e emocional de mulheres que enfrentam esse tipo de enfermidade (SILVA, 2018).

   Para que impasses como esses sejam evitados, é essencial que todas as mulheres se mantenham informadas e atentas ao câncer de mama, pois a prevenção e o diagnóstico precoce são cruciais para evitar os impactos negativos que a doença pode trazer. O apoio social e familiar é vital nesse processo, proporcionando a base necessária para que se sintam acolhidas e encorajadas a buscar cuidados médicos. Quanto mais cedo a doença for detectada, maiores são as chances de cura. Portanto, “Cuide-se, ame-se e previna-se, porque a sua vida é o bem mais precioso que você possui” (TEIXEIRA, 2007).

Autora: Cassandra Trentin.

Referências

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA – INCA. Estimativa 2020: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2020.

JOLIE, Angelina. My Medical Choice. The New York Times, 14 maio 2013. Disponível em: https://www.nytimes.com/2013/05/14/opinion/my-medical-choice.html. Acesso em: 11 out. 2024.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. Breast cancer fact sheet. 2020. Disponível em: https://www.who.int. Acesso em: 11 out. 2024.

PORTO, S. M.; TEIXEIRA, L. A.; SILVA, H. P. O câncer de mama no Brasil: mortalidade e políticas públicas de saúde. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 47, n. 1, p. 35-43, 2013.

SILVA, L. R.; BARBOSA, M. S. Aspectos psicológicos do câncer de mama: a importância da intervenção terapêutica. Revista Brasileira de Terapia Comportamental, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 25-34, 2018.

TEIXEIRA, L. A.; FONSECA, M. M. A Política Nacional de Controle do Câncer: história e desafios. São Paulo: Editora Unesp, 2007.

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