Setembro Amarelo

Setembro Amarelo

  

   A campanha Setembro Amarelo foi inspirada na história de Mike Emme, um jovem norte-americano conhecido por sua personalidade carinhosa e interesse por mecânica, cuja marca registrada era um Mustang 68 que ele mesmo restaurou e pintou de amarelo. Apesar disso, em setembro de 1994, Mike, com apenas 17 anos, cometeu suicídio. Infelizmente, pessoas próximas a ele, como amigos e familiares, ficaram surpresas com o ocorrido, pois ninguém havia percebido os sinais de que Mike pretendia tirar a própria vida [1, 2].  Em seu funeral, seus amigos prepararam uma cesta com cartões e fitas amarelas contendo a mensagem “Se precisar, peça ajuda”. Essa bela iniciativa ganhou grande repercussão, expandindo-se pelo País, e a fita amarela foi escolhida como símbolo da campanha que incentiva a busca por ajuda para aqueles que enfrentam pensamentos suicidas [1, 2].

   Em 2003, a OMS (Organização Mundial da Saúde) instituiu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Aproveitando essa visibilidade global, a campanha Setembro Amarelo foi idealizada no Brasil entre 2013 e 2014 por diversas entidades, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e o CFM (Conselho Federal de Medicina), com o objetivo de reduzir estigmas, fomentar a busca por ajuda e conscientizar a população sobre a importância da prevenção contra o suicídio. A primeira edição da campanha no Brasil ocorreu em 2015 [2, 3].
 De acordo com uma pesquisa da OMS de 2019, são registrados mais de 700 mil suicídios por ano no mundo, sem contar os casos subnotificados. No Brasil, o número de suicídios aproxima-se de 14 mil casos anuais, ou seja, uma média de 38 pessoas que tiram suas vidas por dia. A PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2019, aponta que 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais receberão diagnóstico de depressão [3, 4].

   Um estudo populacional da UNICAMP de 2014 sobre comportamento suicida revela que 17,8% das pessoas, ao longo da vida, já tiveram ideação suicida, enquanto 4,8% chegaram a elaborar um plano e 2,8% de fato atentaram contra a própria vida. Com ajuda e tratamento adequado, é possível evitar que esses pensamentos se transformem em atos concretos [5, 6].

   A primeira medida preventiva é a educação. Apesar de ainda ser um tabu, é necessário falar sobre suicídio para conscientizar a sociedade de que, para muitos, é uma infeliz realidade. O impacto de um suicídio é profundo, afetando diretamente familiares, amigos e comunidades inteiras. Por isso, é importante que todos saibam reconhecer sinais em pessoas próximas, e até mesmo em si mesmos. Nem todos que sofrem de depressão ou têm pensamentos suicidas falam abertamente sobre seus sentimentos, mas frequentemente dão indícios de que não estão bem [3, 5].

   Sintomas como isolamento, mudanças de hábitos, perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas, comentários autodepreciativos, e piora no desempenho acadêmico ou profissional podem indicar que a pessoa precisa de ajuda. Essa ajuda pode vir de uma pessoa próxima ou até de um desconhecido. O CVV (Centro de Valorização da Vida) é uma organização civil sem fins lucrativos que oferece apoio emocional por meio de ligações, e-mail e chat. Seus voluntários são treinados para conversar com pessoas que estão passando por dificuldades ou que podem estar pensando em suicídio. Para atendimento imediato, basta ligar para o número 188, que funciona 24 horas por dia. O e-mail e o chat, embora não sejam de resposta imediata, ainda oferecem suporte significativo para quem precisa [4, 5].

   Além do apoio de amigos e familiares, é fundamental buscar atendimento profissional, que pode fornecer acompanhamento especializado e, se necessário, tratamento adequado para cada caso. Procurar ajuda não é motivo de vergonha; cuidar da saúde mental é um direito de todos. Oferecer apoio àqueles que enfrentam momentos difíceis é um ato de solidariedade e empatia.

                         Autora: Eloise Granville.

Referências:

[1] Câmara Municipal São João. A Origem do Setembro Amarelo. Disponível em: http://camarasaojoao.pe.gov.br/a-origem-do-setembro-amarelo/. Acesso em: 20 de set 2024.

[2] CINTRA, C. Setembro Amarelo: entenda como surgiu a campanha para previnir suicídios. G1 Distrito Federa. Disponível em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/09/04/setembro-amarelo-entenda-como-surgiu-a-campanha-para-prevenir-suicidios.ghtml. Acesso em: 20 de set 2024.

[3]Associação Brasileira de Psiquiatria. A Campanha Setembro Amarelo salva vidas! Disponível em: https://www.setembroamarelo.com. Acesso em: 20 de set 2024.

[4] GOV.BR. Setembro Amarelo é o mês dedicado a campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio. Disponível em: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2023/setembro/setembro-amarelo-e-o-mes-dedicado-a-campanha-de-conscientizacao-sobre-a-prevencao-do-suicidio. Acesso em: 20 de set 2024.

[5] SETEMBRO AMARELO. Prevenção do Suicídio. Disponível em: https://setembroamarelo.org.br/prevencao/. Acesso em: 20 de set 2024.

[6] BOTEGA, N. J. Comportamento suicida: epidemiologia. Psicologia USP, 2014 , v 25, n°3, 231-236. Disponível em: . Acesso em: 20 de set 2024. file:///D:/Downloads/_-s2.0-84921977420.pd

 

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