JANE EYRE

JANE EYRE

  

Autora: Charlotte Brontë

Ano de publicação: 1847

Gênero: Romance

   Jane Eyre, escrita por Charlotte Brontë, é uma obra comovente que vai além de uma simples história de amor. Narrada em primeira pessoa, a trama descreve a jornada de Jane Eyre desde sua infância até a vida adulta, abordando temas como desigualdade de classe, gênero e maltrato infantil. Brontë, que enfrentou dificuldades semelhantes, utilizou a escrita como um meio de expressar suas frustrações pessoais e sociais. Seu casamento, marcado pela ausência de admiração e paixão, refletiu esses desafios. Oito anos após essa união, Brontë escreveu o romance Jane Eyre, que retrata a história de uma jovem à frente de seu tempo.

   Este clássico da literatura inglesa se passa na Inglaterra no século XIX, época vivenciada pela própria autora. O início da obra é comovente e triste. Jane, órfã desde cedo, foi acolhida pelo tio, Sr. Reed, mas, com sua morte, ficou sob os cuidados da tia, a Sra. Reed, e dos primos Eliza, John e Georgiana. Na casa de Gateshead Hall, embora cercada de luxo, Jane sofria maus-tratos constantes, sendo alvo de violência física, verbal e psicológica por parte de sua tia postiça, de seus primos e empregados. Desprovida de independência financeira e de poder, ela é descrita pela própria Charlotte Brontë como “pequena, simples e quase uma quaker1“.

   Após um colapso nervoso, aos dez anos, Jane implora para ser enviada a uma escola. Aproveitando a oportunidade de  livrar-se da sobrinha indesejada, Sra. Reed permite sua transferência para o orfanato Lowood, dirigido pelo medonho Sr. Brocklehurst. A instituição tinha como objetivo moldar jovens para se comportarem como damas em sociedade e buscarem a salvação divina. No caso de Jane, o diretor insistia que ela deveria se arrepender por ser “um desgosto” para sua “bondosa” benfeitora. Horas antes de partir para Lowood, Jane confronta sua tia, desabafando sobre os abusos que sofreu, expressando seu desprezo pela família e desejando nunca mais os revês.

   No colégio interno, a disciplina era rigorosa e impiedosa. As meninas dormiam em dormitórios idênticos e, ao amanhecer, o som estridente de um sino as despertava. Todas deviam se vestir e lavar-se em bacias compartilhadas, uma para cada seis meninas, localizadas no lavatório central do quarto. Ao toque do segundo sino, formavam-se duas filas e, em silêncio, desciam pela penumbra fria até a sala principal, onde a Srta. Miller, a governanta-chefe, lia uma oração. Em seguida, ela organizava as alunas em turmas de acordo com a idade. No início, Jane foi incluída no grupo das meninas mais novas. Com o toque do terceiro sino, as professoras deveriam estar prontas para iniciar as aulas.

   Nesta instituição, Jane recebeu uma educação abrangente, que incluía gramática, aritmética, bordado, piano e o estudo de francês como língua estrangeira. Ela permaneceu na instituição de Lowood por oito anos: seis anos como aluna e, após concluir sua educação, trabalhou por mais dois anos como professora antes de buscar novas oportunidades.

   Após deixar Lowood, Jane Eyre se torna governanta após obter resposta de um anúncio de emprego que ela mesma havia colocado no jornal. Ela é contratada para trabalhar na mansão Thornfield Hall, que fica em uma área rural, distante de grandes cidades, no norte da Inglaterra. A oportunidade de emprego em Thornfield é oferecida a Jane pela Sra. Fairfax, a governanta-chefe da mansão, com o objetivo de ensinar inglês a Adèle Varens, uma jovem francesa filha do enigmático proprietário da casa, Mr. Rochester.

   Após seu patrão retornar de uma longa viagem, a Sra. Fairfax apresenta a nova professora de sua filha. No entanto, com um tom impaciente e ríspido, o senhor responde: “Que diabos me importa se a Srta. Eyre está aqui ou não? Neste momento, não estou disposto a cumprimentá-la”. Jane logo percebe que está diante de um homem extremamente arrogante e prepotente. Mr. Rochester, um herdeiro amargurado, exibe uma atitude áspera e desiludida em relação à vida. No entanto, Jane não se deixa intimidar; ao contrário, mantém-se firme, reagindo com coragem às tentativas de intimidação. “Você não pode simplesmente me tratar como se eu fosse invisível, Mr. Rochester! Estou aqui e tenho voz!”

   É sua inteligência e capacidade de confrontar Mr. Rochester, superando-o em raciocínio, que primeiro chama sua atenção. Aos poucos, sua postura o desarma, o respeito e admiração evolui, e aquilo que começou como um embate intelectual se torna uma forte amizade. Com o tempo, esse vínculo se aprofunda, dando origem a um amor intenso e sincero, que desafia as barreiras sociais e pessoais que os cercam. No entanto, conforme a trama se desenrola, Jane descobre um segredo sombrio sobre Rochester, o que a leva a questionar seus valores e seu amor.

   Através da relação de Jane Eyre com Mr. Rochester, Charlotte Brontë explora a complexidade das emoções humanas, mostrando que o amor verdadeiro transcende as convenções sociais. Ao longo da narrativa, a autora oferece uma voz autêntica e inspiradora a uma mulher que, apesar de todas as adversidades, se recusa a se conformar com o papel que a sociedade lhe impôs.

                                                                      Autora da resenha: Cassandra Trentin.

1- Quaker pode ser interpretado como “qualquer”; no contexto da frase, “uma qualquer”.

 

 

 

1 comentário

  • melhor livro que já li.

    Rita costa Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *