O mundo que não pensa: A humanidade diante do perigo real da extinção do homo sapiens
Autor: Franklin Foer Ano de publicação: 2018 Gênero: Ciências sociais “O mundo que não pensa” é um livro escrito por Franklin Foer, um renomado jornalista e escritor estadunidense. Esta obra literária foi publicada originalmente em 2018 e apresenta severas críticas em relação às gigantes da tecnologia GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon). O autor examina como essas empresas moldam nossa maneira de pensar, agir e interagir com o mundo ao nosso redor. Dividido em três partes, o livro oferece uma análise abrangente dos efeitos sociais, políticos e culturais em função da ascensão da tecnologia atual. A Parte I – “Monopolizadores da Mente”, Foer explora o impacto das empresas de tecnologia GAFA na sociedade, destacando seu crescente controle sobre fluxos de informação e ideias, especialmente mediante as plataformas digitais. Ele discute o uso de algoritmos sofisticados, que são utilizados por empresas com o intuito de moldar o conteúdo visualizado pelos usuários, muitas vezes, criando bolhas de filtro que reforçam visões preexistentes em vez de oferecer uma variedade de perspectivas sobre os acontecimentos reais de uma sociedade. Além disso, examina as práticas de coleta de dados que comprometem a privacidade dos usuários e permitem a exploração comercial de suas informações pessoais. O texto também aborda o poder econômico dessas empresas e como sua predominância pode sufocar a competição e limitar a diversidade de vozes e opiniões no ambiente digital. Segundo Franklin Foer, embora as novas tecnologias tragam inovações, o padrão previsível é que elas caiam sob o domínio de grandes empresas. O computador, por exemplo, inicialmente prometia democratizar a tecnologia, mas acabou controlado por empresas como a Microsoft, que limitam a inovação. Da mesma forma, que a Google se tornou o principal portal de conhecimento, a Amazon dominou o comércio online, e o Facebook alcançou cerca de dois bilhões de usuários como uma única rede social. Foer argumenta que essas empresas transcendem a luta diária pela sobrevivência, consolidando seu poder de forma abrangente sobre os indivíduos que as usam sem limites. Na Parte II – “O Mundo Que Não Pensa”, o autor critica os jornalistas e compartilha experiências pessoais na profissão. Ele observa que nos últimos anos, o jornalismo se tornou excessivamente dependente do Facebook e do Google, o que é preocupante. Essas grandes empresas de tecnologia têm um controle significativo sobre o público do jornalismo, concedendo-lhes poder para influenciar e explorar a profissão sem restrições. Essa dependência cria um dilema crescente para os trabalhadores e empreendedores, como os motoristas da Uber, que segundo o autor sofrem com a perturbação de seus padrões de sono para atender às demandas da empresa. Não se trata apenas de vulnerabilidade financeira, mas também da imposição de padrões de trabalho por parte dessas empresas, muitas vezes resultando na redução da qualidade de vida e na erosão das garantias éticas do trabalho. A Parte III – “Recuperando a Mente” vai abordar como nossa psique é algo tão poderoso. Permite que as empresas prevejam nossos comportamentos e antecipem nossos desejos. Por exemplo, por meio dos dados armazenados em cada conta é possível prever com razoável precisão quando e onde você estará amanhã, em um raio de vinte metros. É dessa forma, que o capitalismo tem a capacidade de estimular os seres humanos ao desejo do consumo, de aspirar produtos que nunca considerou precisar. As empresas dominantes são aquelas que conseguem nos monitorar da forma mais abrangente possível, conforme navegamos na internet. Além disso, no decorrer da obra o autor surpreende os leitores ao compartilhar sua opinião sobre os livros de papel e os e-books (livros digitais). Ele expressa que não tem nada contra os e-books, mas que sem dúvidas prefere a sensação tátil das páginas de papel, enfatizando como a leitura silenciosa e individual transforma nossa maneira de pensar. Quando nos envolvemos profundamente em um livro, entramos em um estado de transe que silencia o mundo exterior. Nesse contexto, a leitura em papel representa um dos últimos vestígios de vida que as empresas não conseguiram totalmente incorporar. Em síntese, o livro fundamenta-se na perspectiva do autor, procurando respaldar seus argumentos com base em suas experiências pessoais como jornalista. Aborda um tema central que permeia toda a obra, explorando as ramificações desse ponto na sociedade. Apresenta-se como uma leitura acessível, porém torna-se monótona devido à falta de diversidade entre os capítulos. Destaca-se a coragem do autor em expressar sua opinião e analisar o impacto das multinacionais no mundo. Para os leitores interessados em obras críticas que instiguem reflexões sociais, este livro é uma excelente escolha. Autora da resenha: Cassandra Trentin.