Resenha: A filha do reverendo

Resenha: A filha do reverendo


Autor:  George Orwell. 

Gênero: Romance. 

Ano de publicação: 1935. 

   Já havia lido alguns outros livros do George Orwell, mas este com toda certeza me chamou muita atenção por ser conhecido como o livro renegado. Isso se dá porque o próprio autor se negava a publicá-lo e mesmo contra suas vontades, após sua morte, A Filha do Reverendo veio a público. Isso foi o que me inspirou como leitora a ler este livro e tentar encontrar os motivos pelos quais o autor gostaria de deixá-lo guardado a sete chaves.  

   Bom, o livro tem como protagonista a filha de um pastor que se chama Dorothy, que, mesmo com pouca idade, é quem assume todas as responsabilidades da casa, como toma conta das finanças, cuida da casa e se preocupa com as dívidas (que não são poucas). Seu pai machista e cabeça-dura investe o dinheiro todo em aplicações furadas. Dessa maneira, sobra tudo para a jovem Dorothy resolver, além das responsabilidades de casa, as paroquiais também ficam para ela.  

   Dorothy é uma jovem bondosa, dedicada e possui uma educação cristã muito rígida, que, a qualquer sinal de pensamento “pecaminoso” ou que atentasse contra sua fé, se autopune. Devido a tanta sobrecarga, um certo dia Dorothy desaparece misteriosamente de sua casa. Alguns boatos acabam surgindo para acabar com a reputação intocável da jovem, mas o que ninguém imagina é que Dorothy acabou perdendo sua memória, longe de casa, sem dinheiro e sozinha, tornando a jovem devota em uma moradora de rua, que passa fome, frio e se obriga a pedir dinheiro.  

   Nesse momento, é possível notar a relação da situação de Dorothy com a qual o próprio autor já vivenciou, pois ele já foi um sem teto em algum momento de sua vida. Bom, a jovem devota e sem memória acaba se unindo a um grupo de andarilhos que estão em busca de trabalho e, com isso, partem em viagem com destino a fazenda de lúpulo. Durante o caminho, eles roubam, passam frio e fome, até que uma fazenda resolve contratá-los. A fazenda não possui boas condições, mas pelo menos dão alimento a eles.  

   Em um certo dia, Dorothy acaba encontrando um jornal que noticia o desaparecimento da “filha do reverendo” e, nesse mesmo instante, a jovem recupera sua memória e resolve, então, escrever para seu pai informando tudo o que aconteceu, pois na notícia está que Dorothy fugiu com um jovem rapaz. Será que o pai irá responder sua filha? Deus irá perdoar a jovem pelos pecados cometidos?  

   Este livro é cheio de suspense e surpresas e retrata muito bem a vida de muitas meninas filhas de pastores, professores, políticos, entre outras, que são obrigadas a viver com o cargo de serem belas e exemplares. Além disso, o livro retrata a vida de pessoas que vivem em miserabilidade, trazendo consigo um show de lições. Se hoje eu pudesse conversar com Orwell eu o questionava, pois este livro é magnífico e deve ser recomendado, não é algo de ser guardado a sete chaves.   

Autora da resenha: Lorraine Fiuza.

2 Comentários

  • Afinal o que fez a moça sumir? Foi sequestrada, abduzida? Saiu caminhando sem rumo sedada pelo cheiro da cola que usava para colar seus aparates para apresentações infantis? Embora escrito em 1935 este livro já deixa o final para o leitor imaginar. Talvez por isso não ser usual na época tenha sido o motivo do Blair não querer publicá-lo, achando que estava incompleto. Apenas o meu comentário.

    Gelson Pereira Responder
  • Muito bom o livro, pena que deixa a impressão que a história não terminou.

    Mauro Responder

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