Relação da Radiação com o Forno Micro-ondas
Com o avanço da sociedade moderna e o aceleramento das atividades desenvolvidas, a necessidade de pouparmos tempo tornou-se cada vez mais evidente. Na Segunda Guerra Mundial, o magnetron (válvula eletrônica que funciona como um oscilador na faixa de micro-ondas) era utilizado na produção de radares. Mas, em 1946, o engenheiro Percy Spencer estava em frente a um tubo de magnetron ligado quando percebeu que ochocolate que estava em seu bolso havia derretido. Logo percebeu que havia realizado uma descoberta, testando com demais alimentos, posteriormente [1]. Com as experiências, a empresa do engenheiro desenvolveu o primeiro forno micro-ondas comercial, mas somente em 1952 foram produzidos os primeiros micro-ondas domésticos. Hoje ele é um eletrodoméstico muito comum e útil para a vida corrida do cotidiano. Vemos, na mídia, várias notícias sobre os diversos possíveis problemas causados pela utilização dele, então, devemos nos perguntar: o forno micro-ondas causa câncer? Os alimentos perdem nutrientes quando aquecidos nele? Quais recipientes podem ser colocados no micro-ondas? Para responder essas perguntas, é importante primeiro entender sobre a radiação [1]. A radiação é a emissão e propagação de energia por meio de ondas ou partículas. Ela pode ser natural ou artificial e é classificada como ionizante e não ionizante [2,3,4,5] A radiação ionizante tem uma grande quantidade de energia, com isso, elas provocam ionização e excitação dos átomos, modificando a estrutura das moléculas, podendo então ocasionar danos e mutações nas células. São exemplos de radiação ionizante: radiação alfa, beta e gama [2,3,4,5]. Ao contrário da anterior, a não ionizante é a radiação que não possui energia suficiente para ionizar elétrons de átomos ou moléculas. São exemplos de radiação não ionizante: infravermelho, micro-ondas e ondas de rádio [2,3,4 e 5]. Para representar a variedade de radiação, temos o espectro eletromagnético (imagem do início do blog). Do lado esquerdo do espectro visível, estão as radiações não ionizantes, com baixa frequência, que incluem as micro-ondas. Então, podemos concluir que elas não têm energia suficiente para ionizar elétrons de átomos ou moléculas, logo não têm o potencial de causar câncer, servem apenas para aquecer. Caso ela seja apontada para o corpo humano, em alta exposição poderia ocasionar queimaduras, ao contrário disso, é improvável que a radiação “vaze” e cause algum malefício. Sabemos também, que o forno micro-ondas tem uma rede quadriculada que possui quadradinhos pequenos o suficiente para a radiação não sair, mas com tamanho suficiente para podermos ver dentro dele [2,3,4 e 5]. A respeito da perda de nutrientes, foi realizado um estudo pelo periódico Journal of food science [6], que analisou alguns métodos de esquentar alimentos como a fervura, o forno micro-ondas, o cozimento à pressão, grelha, fritura e panificação. Foi avaliada a atividade antioxidante de 20 vegetais. Como resultado, eles concluíram que o forno micro-ondas é um dos que menos causam a perda de nutrientes no aquecimento dos vegetais [6, 3]. Em relação aos recipientes que podem ou não ser colocados, podemos começar com os metais: eles são condutores de eletricidade, então, quando são colocados no forno micro-ondas, os elétrons passam a se mover rapidamente e impedem que a radiação penetre de certa forma no recipiente, gerando faíscas, que podem ocasionar um incêndio. Já no caso do plástico, alguns têm em sua composição chumbo, bisfenol A e outros componentes que são nocivos à saúde. Assim, eles são liberados para dentro do alimento enquanto este sendo aquecido e alguns desses químicos que são liberados já são reconhecidos cientificamente como alteradores de alguns hormônios e comportamento endócrino. O que se sugere ao uso do eletrodoméstico é que se utilize vidro e recipientes próprios para ele [5]. Depois dos esclarecimentos, você pode utilizar o seu forno micro-ondas sem medo algum. Autor: Ana Flavia Gomes Referências: [1] Invivo – Fiocruz. Como surgiu o micro-ondas?, 2015. Disponível em: <https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2015/06/como-surgiu-o-micro-ondas>. Acesso em: 27/09/2021. [2] SILVA, Sonaly de Lima, DA SILVA, Luiz Bueno. Radiação não ionizante e os ambientes de trabalho, 2020. Disponível em: <https://www.ufpb.br/lat/contents/publicacoes/artigos/radiacao-nao-ionizante-e-os-ambientes-de-trabalho.pdf>. Acesso em: 26/09/2021. [3] O microondas faz mal para a saúde ou deixa a comida menos nutritiva? Disponível em <https://saude.abril.com.br/blog/boa-pergunta/o-micro-ondas-faz-mal-para-a-saude-ou-deixa-a-comida-menos-nutritiva/>. Acesso em: 24/09/2021. [4] MANSINI, Natalia. O forno microondas causa câncer? 2020. Disponível em <https://revista.abrale.org.br/forno-de-micro-causa-cancer/>. Acesso em: 24/09/2021. [5] Física e Afins. Microondas pode causar câncer? Pode colocar plástico no microondas? Youtube, 28/07/2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_xlL_ru-aTk>. [6] A. M. Jiménez-Monreal, L. García-Diz, M. Martínez-Tomé, M. Mariscal, M. A. Murcia, Influência dos métodos de cozimento na atividade antioxidante de vegetais, 2009. Disponível em:<https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1750-3841.2009.01091.x>. Acesso em: 24/09/2021.
