Resenha: Confissões de uma máscara

Resenha: Confissões de uma máscara


Autor: Kimitake Hiraoka (Yukio Mishima).

Ano de publicação: 1949.

   O livro “Confissões de uma máscara” é escrito em forma de uma autobiografia, sendo assim, todos os acontecimentos são do ponto de vista do autor. A história acontece em Tóquio, durante o período pós Segunda Guerra Mundial, junto à revolução chinesa, e tem como protagonista o garoto Kochan, que conta sobre a sua vida, destacando as principais lembranças. A primeira é o seu nascimento, a qual ele diz que ocorreu em um dia ensolarado, o que é rebatido por sua avó, dizendo que ele nasceu a noite, indicando que em muitos casos a informação é duvidosa.

   Durante a sua infância ele foi criado pelos avós, que eram superprotetores e hipocondríacos, o que intensifica-se quando Kochan apresenta problemas de saúde, tendo experiências de quase morte. O que faz com que Kochan receba muita atenção e tenha um olhar diferente sobre a morte, além de fazer com que tenha uma infância bem reservada, preferindo ficar sozinho vendo as figuras dos livros.

   Tendo como sua “leitura” favorita um livro que mostrava um caveleiro montado em um cavalo branco, figura que fazia o coração dele bater forte, pois imaginava que esse cavaleiro enfrentaria uma força maligna e depois seria morto. Quando soube que a figura se tratava de Joana d’Arc, uma mulher, passou a detestá-la, se sentia traído por causa da quebra de sua fantasia. Outra lembrança muito forte, era dos soldados voltando dos treinamentos com suas fardas sujas, armas camufladas e cheiro de suor. O cheiro fazia com que ele pensasse na morte iminente, pois fazia parte da natureza da vida de soldados.

   Outra memória de grande destaque foi quando viu o show de mágica da Shokyokusai Tenkatsu, espetáculo que achou incrível, tanto que queria se tornar Tenkatsu. Pegou roupas nas gavetas e se fantasiou, quando olhou-se no espelho ficou eufórico e foi correndo mostrar para sua avó, que estava enferma, quando foi surpreendido por sua mãe junto às visitas, que viu a sua vestimenta e tomou-se a chorar. 

   Mas grande parte da vida do personagem foi direcionada a leitura de contos, os que ele mais gostava eram os em que o herói enfrentava a morte e perdia. Até que um dia ele encontrou uma pintura de São Sebastião, a qual provocou diversas emoções… mostrando um caráter sadista. 

   No início da sua puberdade conheceu um aluno repetente, o qual era muito mais desenvolvido que os seus colegas, o nome dele era Omi e Kochan viu nele a perfeição, queria aquele corpo “desenvolvido” o que intensifica-se quando Kochan vê Omi em um momento de fragilidade. Sendo assim, Kochan desenvolve um amor platônico por Omi, sabendo que seus sentimentos não eram “comuns” ele começa a agir como os demais, vivendo de forma “superficial”, ou seja, se escondendo em máscaras, tentando ter relacionamentos com garotas, viver como um garoto comum e principalmente tentando reprimir os seus sentimentos homoafetivos.

   A obra como um todo é muito bem escrita, trazendo uma riqueza de detalhes, o que dá muito ênfase à gritante diferença entre as ações de Kochan e os pensamentos dele, mostrando como ele se esconde nessa máscara. Também é notável como o personagem interpreta seus “gostos” tentando compreender o que levou a ter esses pensamentos, o que geralmente é relacionado com alguma memória da sua infância.

Autor da resenha: Vinicius Andrade de Oliveira

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