Sinestesia: A Mistura de Sensações

Sinestesia: A Mistura de Sensações


   A sinestesia é uma manifestação associada à interação entre esferas distintas dos sentidos convencionais. Ela pode se expressar no plano auditivo, olfativo, visual ou tátil, bem como no campo do paladar. Assim, a pessoa atingida por este fenômeno pode evocar o gosto de um doce ao escrever uma letra, ou relacionar uma determinada cor ao cheiro de uma flor.

   Esta expressão provém do grego ‘syn’, que tem o sentido de ‘união’, e de ‘esthesia’, que significa ‘sensação’ – união de diferentes sensações. Ela também é amplamente utilizada na literatura para se referir a uma figura de linguagem,  justamente para descrever contextos literários nos quais distintas imagens sensoriais se relacionam, como por exemplo, “O doce rosa do seu vestido”, que associa a visão e a sensação do paladar.

   Este fenômeno é igualmente associado a estados neurológicos não patológicos, provenientes de condições de excitação da mente ou de doses elevadas de criatividade. Por exemplo, para um sinesteta, o número 5 pode ser sempre verde, a segunda-feira ter gosto adocicado e um solo de guitarra produzir imagens de bolhas fosforescentes. A maioria das pessoas recebe os estímulos externos e os processa em paralelo no cérebro: um objeto visto segue uma rota específica até o córtex visual; os sons fazem seu próprio caminho até chegar ao córtex auditivo; e assim por diante. Porém, no cérebro dos sinestetas, essas trilhas se cruzam, gerando uma grande mistura no processamento da informação.

Emoções cheirosas

   O cruzamento entre os receptores olfativos do sistema nervoso central e o sistema límbico, que regula as emoções, faz com que, por exemplo, o cheiro de rosas deixe o sinesteta irritado ou o contrario, que ele se irrite ao sentir o cheiro de rosas.

Sabores com temperatura

   Não se trata de comida quente ou fria, mas de duas sensações diferentes se misturando no sistema nervoso central. E aí o gosto de vinho pode provocar a mesma sensação de frio que uma ventania, por exemplo

Cheiros barulhentos

   Por causa da confusão entre o córtex auditivo e os receptores olfativos, um perfume pode fazer a pessoa literalmente ouvir coisas. Pior ainda no caso dos cheiros ruins: além de ter que aguentar o fedor, a pessoa ouve uma barulheira junto.

Sons coloridos

   Em vez de ir direto ao córtex auditivo, os ruídos dão uma passada pelo córtex visual. Resultado: uma nota musical pode ficar parecendo uma bola colorida

Os sinestetas mais famosos do mundo

Richard Feynman (1918-1988)

   O físico americano, ganhador do Nobel de 1965, dizia ver letras e números coloridos. Enquanto dava aulas, ele via letras xis marrom-escuras flutuando no ar

Eddie van Halen (1955-)

   O guitarrista americano, fundador da banda Van Halen, usou o dom de ver notas musicais coloridas para criar a “nota marrom”, usada em discos da banda

Vladimir Nabokov (1899-1977)

   Quando criança, o autor russo reclamava que as cores de seu alfabeto de madeira estavam erradas. Criou vários personagens sinestetas.

Texto por: Milena Schroeder Malherbi

Referências

CORDEIRO, Tiago; JR. HENRIQUE, Lauro. O que é sinestesia? Superinteressante, 1 de jul. de 2010. Disponível em <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-sinestesia/>. Acesso em 30 de out. de 2018.

SANTANA, Ana Lúcia. Sinestesia. InfoEscola,. Disponível em <https://www.infoescola.com/psicologia/sinestesia/>. Acesso em 30 de out. de 2018.

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