John Stewart Bell (1928-1990) e uma das mais profundas descoberta da Ciência

John Stewart Bell (1928-1990) e uma das mais profundas descoberta da Ciência


   John Stewart Bell nasceu em 28 de julho de 1928, em Belfast, na Irlanda do Norte. Mesmo que seu pai tenha precisado abandonar os estudos aos 12 anos, sua mãe sempre incentivou ele e os irmãos a estudarem. John foi o único entre seus irmãos que pôde dar sequência na carreira acadêmica devido à difícil situação financeira de sua família [1]. 

   Aos 16 anos, já trabalhava como assistente júnior de laboratório na Queen’s University of Belfast, em sua cidade natal. Logo seus talentos foram reconhecidos pelos professores supervisores, e estes o recomendaram a assistir aulas do primeiro ano da graduação. No ano seguinte, ele conseguiu os recursos necessários para iniciar sua graduação em Física, recebendo o grau de bacharelado em Física Experimental em 1948. Ele continuou nessa mesma universidade para obter grau em Física-Matemática, formando-se em 1949 [1, 2]. 

   Ao fim de sua graduação em Física e Física-Matemática, ele estava especialmente interessado em Mecânica Quântica. Ainda em 1949, John tentou um cargo no Estabelecimento de Pesquisa em Energia Atômica (Atomic Energy Research Establishment), em Harwell, perto de Oxford, no Reino Unido. Lá, ele trabalhou com Física de Reatores, posteriormente indo para Malvern, também no Reino Unido, para trabalhar com designs de aceleradores de partículas. Foi nessa empreitada que John conheceu sua futura esposa, a física Mary Ross, com quem se casou em 1954 [1, 2]. 

   Em 1951, Bell ganhou licença remunerada e pôde se juntar a Rudolf Peirl no Departamento de Física-Matemática, na Universidade de Birmingham. Lá, John desenvolveu sua versão do Teorema CPT (que diz respeito à invariância dos sistemas físicos com inversões simultâneas de carga, paridade e tempo), da Teoria Quântica de Campos (QFT). Em 1954, ele se juntou a um grupo de pesquisa de Física de Partículas em Harwell, mas, insatisfeitos com o teor “aplicado” das pesquisas, John e Mary mudaram-se para integrar a equipe do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), em Genebra, em novembro de 1960. Sua principal ocupação lá era a pesquisa em Física de Alta Energia, a física dos aceleradores de partículas e medidas de sistemas quânticos. Nesse meio tempo, ele completou seu Ph.D em 1956 pelo seu teorema da QFT, especializando-se em Física Nuclear e Teoria Quântica de Campos [1, 2]. 

   Sua maior contribuição para a Mecânica Quântica foi um artigo que publicou em 1964, “On the Einstein Podolsky Rosen paradox” [3]. Em apenas 5 páginas, John Bell demonstrou as consequências experimentais que seriam observadas caso uma teoria de variáveis escondidas locais (VEL) fosse possível, mantendo o realismo e a localidade na Mecânica Quântica assim como na Mecânica Clássica [1-3]. Dessa forma, Bell abriu as portas para os testes experimentais quanto a possíveis teorias de VEL, mas foi apenas quase duas décadas depois, em 1982, que Alain Aspect et al. [4] foi capaz de testar experimentalmente o que ficou conhecido como “Teorema de Bell”, ou “Desigualdade de Bell”, que era uma inequação que seria respeitada caso uma teoria de VEL fosse possível. A conclusão desse experimento e de outros mais recentes é a mesma: não é possível uma teoria de VEL. Um contemporâneo de John, Henry Stapp, do Lawrence National Berkeley Laboratory, na Califórnia, disse que Bell fez “a mais profunda descoberta na ciência” [5]. 

   John S. Bell publicou cerca de 80 artigos sobre Mecânica Quântica, e recebeu muitos prêmios e honras durante sua vida. Alguns deles são: medalha Dirac do Instituto de Física (Reino Unido), prêmio Heinman da Sociedade Americana de Física, e a medalha Hughes da Royal Society [1]. 

   John morreu aos 62 anos de um infarto, em sua casa, em Genebra, 1990. Após sua morte, o Instituto de Física (Reino Unido), que o descreveu como um dos 10 maiores físicos do século XX, montou uma placa no prédio da Física na Queen’s University of Belfast para homenagear John e suas contribuições para a Ciência [1]. 

Autor: Bruno Henrique Lisenko Ribeiro.

Referências: 

[1] BYRNE, P. M.. About John Bell: John Stewart Bell – The man who proved Einstein wrong. CERN Scientific Information Service. Disponível em: <https://www.ria.ie/about-john-bell>. 

[2] DESCONHECIDO. Archives of John Stewart Bell. Royal Irish Academy. Disponível em <https://scientificinfo.cern/archives/CERN_archive/guide/theory/isabell>. 

[3] BELL, J. S.. On the Einstein Podolsky Rosen Paradox. Physics, n. 1, v. 1, p. 195-200, 1964.  

[4] ASPECT, A.; DALIBARD, J.; ROGER, G.. Experimental Test of Bell’s Inequalities Using Time-Varying Analysers. Physical Review Letters, n. 25, v. 49, p. 1804-1807, 1982. 

[5] STAPP, H. P.. Are superluminal connections necessary?. Nuova Cimento B, n. 40, p. 191-205, 1977. 

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