O Efeito Borboleta

O Efeito Borboleta



   “O simples bater de asas de uma borboleta no Brasil pode ocasionar um tornado no Texas”. Provavelmente você já ouviu ou leu essa frase em algum lugar. Mas, isso realmente é possível?

   A ideia proposta por essa premissa foi inicialmente utilizada por Edward Lorenz em 1969 no 139º American Association for the Advancement of Science (Encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência). No contexto, Lorenz, professor do Instituto de Tecnologia Meteorológica de Massachusetts, referia-se à impossibilidade de previsão de fenômenos atmosféricos por mais que alguns dias [1, 2]. 

   Ao realizar um bater de asas, a borboleta promove uma modificação na pressão do ar que está em sua proximidade, fazendo com que seja direcionada para cima. Entretanto, a alteração da pressão é cerca de 100 mil vezes menor que a pressão total do ar circundante, tornando-a facilmente absorvida pelas moléculas do meio e propagando a turbulência ocasionada pelo movimento das asas por apenas poucos centímetros [2].

   Desse modo, o Efeito Borboleta, como pode ser compreendido, não está associado ao seu significado literal, mas sim a uma metáfora para o comportamento de sistemas caóticos. Pequenas modificações em um sistema podem ocasionar resultados significativos se esse apresenta dependência sensível, ou seja, o qual pode ser alterado por diversos fatores de maneira não linear [3, 4].

   Por exemplo, partindo de um determinado ponto em um sistema é sempre possível retornar ao ponto inicial, mas, se esse sistema for caótico, havendo uma modificação em uma componente do sistema após se ter partido do ponto inicial, não é possível retornar ao mesmo estado em que se começou. É nisso que está baseada a Teoria do Caos: alterações pequenas podem ocasionar fenômenos maiores [3, 4].

   Logo, sabemos que uma borboleta pouco interfere nas condições atmosféricas, mas, por sua vez, pequenas nuvens que venham a se aglomerar em uma região podem originar uma grande tempestade. Além disso, no contexto de viagens no tempo, pode-se realizar uma breve observação mental: se um viajante temporal volta ao passado e altera um ínfimo objeto de um determinado lugar, quando esse indivíduo retorna ao futuro (ou ao ponto no tempo do qual partiu) não encontrará as mesmas circunstâncias que lhe eram conhecidas no momento inicial [2, 4].

   Uma das identificações do Efeito Borboleta nos últimos anos ocorreu em um experimento realizado por pesquisadores da University College London e publicado na Nature [5]. O trabalho se deu pela avaliação do comportamento de um sinal elétrico  no cérebro de um rato, um único impulso nervoso gerado em um neurônio foi capaz de atingir aproximadamente mais 30 neurônios adjacentes, os quais também o propagaram, causando um efeito em cadeia gerador de um “ruído”. Os cientistas apontam que o cérebro é capaz de realizar uma maior quantidade de funções, em maiores velocidades e ainda com maiores interferências (ruídos) do que máquinas [6, 7]. 

   As relações de influência que um neurônio ocasiona em outro, possibilitam a compreensão de que o estado de operação normal cerebral depende  da existência de um comportamento caótico no órgão [7]. Assim, atesta-se que o Efeito Borboleta trata-se de um fenômeno real para a ciência e, inclusive, se caracteriza como fator fundamental para o funcionamento de um dos órgãos mais importantes do corpo humano.

Texto por: Patrícia Camargo de Oliveira

REFERÊNCIAS

[1] VERNON, J. L. Understanding the Butterfly Effect. Disponível em: https://www.americanscientist.org/article/understanding-the-butterfly-effect. Acesso em 22 de junho de 2020.

[2] Imagem retirada de: WOLCHOVER, N. Can a Butterfly in Brazil Really Cause a Tornado in Texas?. 2011. Disponível em: <https://www.livescience.com/17455-butterfly-effect-weather-prediction.html#:~:text=It’s%20poetic%2C%20the%20notion%20that,a%20few%20days%20in%20advance.>. Acesso em 22 de junho de 2020.

[3] BISHOP, R. Chaos, The Stanford Encyclopedia of Philosophy . 2017. Edward N. Zalta (ed.). Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/spr2017/entries/chaos/>. Acesso em 22 de junho de 2020.

[4] KOLITZ, D. O efeito borboleta existe mesmo?. 2020. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/efeito-borboleta-real/>. Acesso em 22 de junho de 2020.

[5] London, M., Roth, A., Beeren, L. et al. Sensitivity to perturbations in vivo implies high noise and suggests rate coding in cortex. Nature 466, 123–127 (2010). 

[6] Galileu – O Globo. Cientistas detectam efeito borboleta no cérebro. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI153057-17770,00-CIENTISTAS+DETECTAM+EFEITO+BORBOLETA+NO+CEREBRO.html>. Acesso em 22 de junho de 2020.

[7] UCL. A butterfly effect in the brain. 2010. Disponível em: <https://www.ucl.ac.uk/news/2010/jun/butterfly-effect-brain>. Acesso em 23 de junho de 2020.

1 comentário

  • Um livro de 1929 se nao me engano.. havia uma amquina q voltava no tempo, e eles n modificavam nada p n alterar o futuro..: em uma dessas voltas no passado um dos “viajantes” pudou em uma borboleta.. quando retornaram ao tempo real, tudo havia se modificado…

    Felipe Responder

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