O impacto das pesquisas das universidades públicas no Brasil

O impacto das pesquisas das universidades públicas no Brasil


O sistema de ensino superior no Brasil, até a década de 20, era formado por escolas autônomas, as quais se voltavam para a formação de profissionais liberais, ficando a pesquisa muito dependente de institutos nacionais ou estaduais. Ainda nessa mesma década  surgiu e consolidou-se a proposta de uma universidade que aliasse o ensino à pesquisa, por meio de congregados na Academia Brasileira de Ciências e na Academia Brasileira de Letras.

Em 1968, quando ocorreu a reforma universitária, modernizou-se e fortaleceu-se esse modelo de universidade, o qual, apesar de ter sido derrubado pelo Governo Militar, foi muito influente para a reforma. Nesta década de sessenta ainda, surgiram duas grandes instituições de apoio à pesquisa e à pós-graduação: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior, e assim estruturou-se a pesquisa em função da nova organização das universidades.

Em meados da década de 1980, o Brasil investia pouco mais de 0,7% do PIB em ciência e tecnologia e a participação do setor privado passava de 20%. Sempre se espelhando em nações mais desenvolvidas, o pensamento que se fazia presente era de que o desenvolvimento científico e tecnológico seriam o caminho para um verdadeiro desenvolvimento socioeconômico e uma sociedade mais justa. Desde então, pode-se dizer que o país sofreu uma reviravolta e avançou muito no quesito de artigos publicados e produção científica. Esse notório avanço deu-se principalmente na capacidade de produzir ciência em universidades públicas.

Luiz Davidovich, físico, pesquisador, professor da UFRJ e presidente da Academia Brasileira de Ciências relatou em uma entrevista que: “de acordo com recente publicação feita por Clarivate Analytics a pedido da CAPES, o Brasil, no período de 2011-2016, publicou mais de 250.000 artigos na base de dados Web of Science em todas as áreas do conhecimento, correspondendo à 13ª posição na produção científica global (mais de 190 países)”, sendo agricultura, saúde e medicina, física e ciência espacial, psiquiatria as áreas de maior impacto.

Um ponto muito relevante de sua fala é de que mais de 95% das publicações são referentes às universidades públicas, federais e estaduais. Listando as 20 universidades que mais publicam 5 são estaduais e 15 federais, sendo 5 na região Sul, 11 na região Sudeste, 2 na região Nordeste e 2 na Centro-Oeste. Luiz Davidovich ainda destaca que essas publicações “estão associadas a pesquisas que beneficiam a população brasileira e contribuem para a riqueza nacional. Graças a essas pesquisas, o petróleo do pré-sal representa atualmente mais de 50% do petróleo produzido no país, a agricultura brasileira sofisticou-se e aumentou sua produtividade, epidemias, como a do vírus da zika, são enfrentadas por grupos científicos de grande qualidade, novos fármacos são produzidos, alternativas energéticas são propostas, novos materiais são desenvolvidos e empresas brasileiras obtêm protagonismo internacional em diversas áreas de alto conteúdo tecnológico, como cosméticos, compressores e equipamentos elétricos”.

Pode-se afirmar que hoje o principal suporte institucional para a pesquisa e formação de pesquisadores é formado pelas universidades públicas, sendo que o desenvolvimento desta pesquisa se deu devido a uma elevação na qualidade do ensino.

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.”  – Paulo Freire.

Texto por: Fernanda Barbieri.

Referências:

DURHAM, Eunice Ribeiro. As Universidades Públicas e a Pesquisa no Brasil. Disponível em: <http://nupps.usp.br/downloads/docs/dt9809.pdf>. Acesso em: 21 maio 2019.

BRAGA, Fernanda. Universidades públicas respondem por mais de 95% da produção científica do Brasil. Disponível em: <https://www.ufrb.edu.br/portal/noticias/5465-universidades-publicas-respondem-por-mais-de-95-da-producao-cientifica-do-brasil>. Acesso em: 21 maio 2019.

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