O Desastre do RMS Titanic
No dia 10 de abril de 1912, partia de Southampton, na Inglaterra, um navio, cujo nome era RMS Titanic, com parada prevista em Cherbourg e Queenstown, antes de seguir para seu destino final, Nova York nos Estados Unidos da América. Foi construído na Irlanda e demorou apenas dois anos para ser terminado. Possuía 270 metros de comprimento, quase 30 metros de altura, pesava 46 mil toneladas e carregava o investimento de 7,5 milhões de dólares. Grande e luxuoso recebeu o titulo de “navio dos sonhos”, e foi dito como inalfragável “devido à tecnologia das comportas a prova d’água, que permitia que o navio flutuasse com quatro compartimentos estaques cheios”1. Em sua inauguração levava 1316 passageiros e 885 tripulantes. No quarto dia de sua jornada a viagem seguia calma e encantadora, mesmo com avisos de icebergs em sua rota, o capitão decidiu colocar a Titanic a toda velocidade. Perto das 23h40min, tripulantes avistaram uma massa de gelo 400 metros à frente, o plano imediato foi desviá-lo, desligando as máquinas, e depois revertendo os motores na esperança de que o navio perdesse velocidade, porém isso não foi o bastante. A colisão foi do lado estibordo, abrindo uma fenda de 90 metros e afetando cinco compartimentos, fazendo com que a proa afundasse rapidamente. Às 2h18min o navio se parte ao meio e a proa afunda, enquanto a popa fica boiando por um tempo, e leva 12 minutos para afundar completamente. Infelizmente este trágico acidente levou a vida de 1500 pessoas, pois o número de botes contidos no Titanic não era suficiente para todos. Um aço fraco Em 1985 o oceanógrafo Robert Ballard encontrou os destroços do Titanic, o que possibilitou que a tragédia fosse mais bem compreendida. Em 1996, sua equipe recuperou o casco de aço do navio, que pode ser analisado pela Universidade de Missouri. “As placas encontradas eram feitas de baixo carbono (apenas 0,21%), mostrando quantidade de fósforo quatro vezes maior em comparação ao aço moderno” (PALACIOS, 2010). Acontece que quando o material possui uma alta concentração de fósforo, adquire a tendência de se tornar mais frágil à temperaturas mais baixas. Outro motivo pelo enfraquecimento do metal é que os grãos de aço no Titanic eram 12,5 vezes maiores do que o aço moderno. Isso tem alta relevância porque a maioria dos aços de temperatura tem a chamada transição dúctil-frágil, e o tamanho do grão influência na temperatura desta transição. O aço do casco do Titanic só era forte a temperaturas superiores à 32° C, em quanto um aço normal aguenta até -27° C. As águas do Atlântico Norte na noite de 14 de abril de 1912 foram a -2 ° C, fazendo com que a aço se comportasse como frágil. Porque ele afundou tão rápido? “Um navio é capaz de flutuar no mar porque sua densidade é menor que a da água. Apesar de ser muito pesado, o navio tem um volume imenso, e é cheio de espaços vazios, ocupados apenas pelo ar. Assim, seu tamanho compensa sua massa” (PETROBRÁS, 2015). No caso do Titanic, os tão falados compartimentos tinham ar dentro, o que fazia com que ele fosse menos denso que a água, mas quando foi atingido o ar foi trocado por água, aumentando seu peso rapidamente. As comportas a prova d’água possuíam 3 metros de altura, se o dano fosse em 3 ou 4 compartimentos a água demoraria mais tempo para alcançar as comportas, o que ajudaria na espera de socorro, mas como foram afetados 5 compartimentos, a água entrou rápido de mais enchendo todos os 16 compartimentos, o que fez com que afundasse em apenas 2 horas. Porque ele partiu ao meio? Relatos de sobreviventes da tragédia diziam que antes do navio afundar, partiu ao meio. E em 1985 Robert Ballard encontrou o Titanic em duas partes. “Conforme a proa afundava, a quilha começou a erguer-se para fora da água, e as placas de aço sustentando esta parte do navio começaram a dobrar-se com a pressão. Essa tensão chegou a 2.460 quilogramas por centímetro quadrado no convés dos botes – isso é quase 50% a mais da tensão que o Titanic foi projetado para suportar” (GIBSON, 2015). Quando as placas cederam, a proa afundou e o resto do navio ficou flutuando na vertical, até que afundou completamente. Texto por: Diana Maria Navroski Thomen Referências: 1 – GIBSON, Candance. O naufrágio do Titanic – uma certeza matemática. Disponível em: <http://viagem.hsw.uol.com.br/titanic6.htm>. Acesso em: 19 out. 2015. 2 – HAAS, Lucas. O que houve naquela noite. 2009. Disponível em: <https://nrtitanic.wordpress.com/2009/11/02/o-que-houve-naquela-noite/>. Acesso em: 19 out. 2015. 3 – MARTINS, Diego. TITANIC: A HISTÓRIA DO NAVIO INAFUNDÁVEL. 2013. Disponível em: <http://minilua.com/titanic-historia-navio-inafundavel/>. Acesso em: 19 out. 2015. 4 – PALACIOS, Sergio L.. Titanic para torpes o cómo entender la física del hundimiento con ayuda de un envase de tetra brik y una viga de madera. (Parte 1). 2010. Disponível em: <http://naukas.com/2010/09/02/titanic-para-torpes1/>. Acesso em: 19 out. 2015. 5 – Petrobrás. COMO OS NAVIOS FLUTUAM? Disponível em: <http://relacionamento.petrobras.com.br/revistaconhecer/Edicao/1/teoria-na-pratica>. Acesso em: 19 out. 2015. 6 – Imagem de Destaque por Bill Cannon; disponível em: <https://pixels.com/featured/rms-titanic-bill-cannon.html>. Acesso em: 12 jun. 2019.