
Março Amarelo e Lilás
A campanha “Março Amarelo e Lilás” tem como objetivo conscientizar a população, com foco nas mulheres, sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento da endometriose e do câncer do colo do útero, doenças que afetam milhões de mulheres em todo o mundo [1].
Março Amarelo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a endometriose atinge cerca de 176 milhões de mulheres. Essa condição caracteriza-se pela proliferação do endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero) fora da cavidade uterina. Essa migração pode desencadear uma reação inflamatória crônica, afetando órgãos como ovários, intestino e bexiga. Entre os principais sintomas estão cólicas menstruais intensas, dor e sangramento intestinal ou urinário durante o período menstrual, dor durante as relações sexuais, dor pélvica crônica e, em alguns casos, infertilidade [1, 2].
A causa exata da endometriose ainda não está definida, mas fatores imunológicos e genéticos podem aumentar a suscetibilidade. Para o diagnóstico, além do exame clínico, são utilizados exames de imagem específicos, como ultrassom transvaginal e ressonância magnética. O tratamento varia conforme a gravidade: desde medicamentos analgésicos e hormonais até cirurgia para remoção de lesões. Mulheres com infertilidade associada podem recorrer a técnicas de reprodução assistida. A adoção de hábitos saudáveis, como uma dieta balanceada e prática regular de exercícios, ajuda a amenizar os sintomas [2].
Março Lilás
O câncer do colo do útero é o terceiro tipo mais frequente entre mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de mama e do colorretal. Dados do Ministério da Saúde de 2024 estimam que cerca de 6 mil brasileiras morrem anualmente em decorrência da doença [1, 3].
A campanha “Março Lilás” busca ampliar o acesso a informações sobre prevenção, sintomas e a importância do diagnóstico precoce, por meio de ações educativas e mobilizações públicas. A prevenção inclui:
- Vacinação contra o HPV Papilomavírus humano)(principal causa da doença, responsável por mais de 90% dos casos). No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina gratuitamente para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de pessoas imunossuprimidas até 45 anos.
- Uso de preservativos para reduzir o risco de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
- Exames de rastreio, como o Papanicolau e o teste de DNA-HPV, que identificam lesões pré-cancerosas.
- Evitar o tabagismo, fator que agrava o risco de desenvolvimento da doença.
Os sintomas mais comuns incluem sangramento vaginal irregular, corrimento com odor forte, dor pélvica e perda de peso sem causa aparente. Nos estágios iniciais, a doença pode ser assintomática, reforçando a necessidade de exames regulares. Os tipos histológicos mais frequentes são:
- Carcinoma de células escamosas (responsável por 80% dos casos), originado nas células da superfície externa do colo.
- Adenocarcinoma, que surge nas células glandulares da região interna.
- Carcinoma adenoescamoso (forma rara que combina os dois anteriores).
O tratamento depende do estágio da doença e pode incluir cirurgia (como conização ou histerectomia), radioterapia e quimioterapia. O acompanhamento médico multidisciplinar é essencial para preservar a qualidade de vida da paciente [3].
A principal forma de prevenir essas doenças é adotar hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, exercícios físicos, evitar tabaco e drogas, utilizar preservativos e manter a carteira vacinal em dia [1, 2]. Além disso, é crucial seguir a periodicidade de exames ginecológicos, como Papanicolau e ultrassom transvaginal, mesmo na ausência de sintomas [3].
Embora o foco das campanhas seja a saúde feminina, a conscientização masculina é igualmente vital. Homens podem contribuir incentivando suas parceiras, filhas e familiares a realizarem exames preventivos, participando ativamente da vacinação contra o HPV (vírus que também afeta homens e é transmitido sexualmente) e ajudando a combater estigmas relacionados às doenças ginecológicas. A conscientização sobre saúde deve ser um esforço coletivo, envolvendo escolas, unidades de saúde e mídias digitais, para disseminar informações precisas e reduzir desigualdades no acesso ao tratamento [1, 3].
Investir em políticas públicas que garantam acesso universal à prevenção, diagnóstico ágil e tratamento humanizado é fundamental para reduzir a mortalidade por essas condições. A saúde da mulher não é uma questão individual, mas um reflexo do compromisso de toda a sociedade com a vida e a dignidade humana.
Autora: Eloise Granville.
REFERÊNCIAS
[1] Março Amarelo e Lilás alerta sobre os cuidados da saúde da mulher. FUNDACENTRO. Disponível em: https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/comunicacao/noticias/noticias/2023/marco/marco-amarelo-e-lilas-alerta-sobre-os-cuidados-da-saude-da-mulher. Acesso em: 07/03/25.
[2] SOARES, I. Março Amarelo: especialistas alertam para diagnóstico precoce da endometriose; conheça os sintomas. Secretaria da Saúde do Distrito Federal (SES). Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/web/guest/w/março-amarelo-especialistas-alertam-para-diagnóstico-precoce-da-endometriose-conheça-os-sintomas. Acesso em: 07/03/25.
[3] CAMPANER, A. B. Março lilás: mês de conscientização e prevenção do câncer de colo do útero. Nav DASA. Disponível em: https://nav.dasa.com.br/blog. Acesso em: 07/03/25.