Oferta do curso de Pedagogia Indígena é debatida na Unicentro

Oferta do curso de Pedagogia Indígena é debatida na Unicentro

Possibilitar que os indígenas sejam protagonistas de uma nova história através da educação. Essa foi a pauta que norteou as discussões do Seminário Preparatório do Curso de Pedagogia Indígena do Paraná, realizado na Unicentro. Debate importante no momento de construção da oferta especial do curso que, segundo o coordenador do processo, professor Marcos Gerhke, vai atender as necessidades educacionais nas aldeias. “Nós vamos ter professores indígenas formados no ensino superior nas escolas, que esse é um dado que a gente vai colaborar. Porque a grande maioria dos professores que atuam na educação infantil e anos iniciais, só tem o magistério. Então, agora eles terão curso superior”.

Cultura indígena estará presente em todo o curso (Foto: Coorc)

O curso será ofertado  na terra indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras. Participaram do Seminário Preparatório pesquisadores das universidades do estado e representantes dos povos indígenas Kaingang e Guarani. O cacique do Rio das Cobras, Angelo Rufiro, salienta que a oferta do curso vai buscar atender as necessidades das aldeias, fortalecendo a cultura e tradição dos povos. “Faz tempo que a gente já vem batalhando a importância é que a universidade estar do lado da comunidade, lá dentro da comunidade. Isso nos ajuda muito, principalmente os nossos estudantes – e não só para o Rio das Cobras, a importância vai ser para todas as comunidades do Paraná”, afirma.

Durante o Seminário Preparatório foi constituída uma comissão para a construção da proposta pedagógica do curso. Uma das integrantes é a professora Rosângela Célia Faustino, representando a Universidade Estadual de Maringá (UEM). Conforme a docente, a Pedagogia representa 44% dos estudantes brasileiros em cursos de licenciatura e ter uma formação direta para os povos indígenas mostra a importância da educação. “Com os povos indígenas conseguindo o acesso à formação superior, eles têm garantidos os projetos de sustentabilidade deles – de autonomia, de autogestão, gestão territorial, projetos de desenvolvimento com cultura, com identidade. E, essa formação é fundamental para que eles consigam avançar nesses projetos de desenvolvimento e autonomia”.

Posição partilhada pela estudante e professora da comunidade indígena de Chopinzinho, Letícia Gabriel. “A gente muito bem sabe que o Kaigang e o Guarani, eles são muito presos e têm muita a cultura da terra – de estar em contato com a natureza. Então, o fato dele sair para fora e sofrer ainda mais os preconceitos que já existem, isso dificulta a vida acadêmica. Um curso lá dentro da aldeia beneficia e muito não somente as pessoas que querem estudar, mas também na questão de trabalho, porque vai abrir várias portas de emprego para professores, para outras pessoas da comunidade”, avalia.

Seminário reuniu comunidades indígenas e representantes das universidades estaduais paranaenses na Unicentro (Foto: Coorc)

O direito à uma educação diferenciada está apontada desde a constituição de 1988 e a Unicentro está acolhendo essa diferença. O diretor da Faculdade Intercultural Indígena, Antonio Dari Ramos, enfatiza que os povos indígenas sempre estiveram nas universidades como objetos de estudo e não como sujeitos do conhecimento. “Nós temos aí uma abertura para esses saberes, para essas práticas indígenas dentro da academia. Essa importância em termos acadêmicos, ela diz muito não só do reconhecimento desses saberes como saberes válidos, mas, do reconhecimento das causas indígenas como questões importantes também para a academia”.

O curso de Pedagogia Indígena, conforme o professor Marcos Gerhke, ofertará 60 vagas e será itinerante. A ideia é fazê-lo circular pelas aldeias do Paraná.

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