Comunidades participam de evento online promovido pelo PPGDC

Comunidades participam de evento online promovido pelo PPGDC

O PPGDC, que é o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário da Unicentro, promoveu a I Semana de Investigação Exploratória na Comunidade. Organizado por professoras e estudantes da disciplina Projeto de Investigação Exploratória na Comunidade, o objetivo do evento foi promover a interlocução entre diferentes comunidades e a academia. “A ideia foi, justamente, ofertar esse projeto de extensão para que os grupos de alunos pudessem, tendo acesso às comunidades, convidar representantes dessas comunidades para que viessem até a comunidade acadêmica, de forma remota, trazendo suas experiências e vivências, para que pudéssemos apresentar isso para além dos alunos da pós-graduação”, contextualiza uma das docentes responsáveis, Cristiana Magni.

Normalmente, essa disciplina propõe uma investigação exploratória presencial, com a ida de pós-graduandos do PPGDC até as comunidades da região para uma observação participante de suas realidades. Por conta da pandemia, essa lógica foi adaptada e invertida: na I Semana de Investigação Exploratória na Comunidade foram os representantes das comunidades que vieram até a universidade por meio da participação em sete palestras online. As comunidades que fizeram parte da programação foram as benzedeiras de Rebouças, os surdos de Guarapuava, os participantes do projeto Anjos Inocentes, os quilombolas da Invernada Paiol de Telha, as integrantes do Coletivo Igualdade Menstrual e os bolsistas de permanência da Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Uma das convidadas foi Vanessa Nayan Marques, representando a comunidade quilombola Invernada Paiol de Telha. Para ela, ter esse espaço dentro da universidade para compartilhar os desafios do povo quilombola está estritamente ligado ao desenvolvimento comunitário, que é a principal proposta do programa de pós-graduação promotor do evento. “Todos os assuntos foram muito importantes para reafirmar nossa história e nossa realidade como quilombolas e mais uma vez mostrar que estamos lutando e resistindo nesses espaços de luta, todos os dias, por políticas públicas voltadas às nossas realidades dentro do contexto da educação, saúde, saneamento básico, alimentação, geração de renda, cultura e muito mais. Para que haja um desenvolvimento comunitário deve ser a partir das nossas realidades e necessidades, pois ainda há muita invisibilidade dos povos tradicionais e suas demandas. Isso tem que ser falado e questionado como uma problemática nas nossas comunidades”, afirma.

A mestranda em Desenvolvimento Comunitário pela Unicentro Luana Castilho foi uma das integrantes do grupo de pós-graduandos que trouxe a comunidade quilombola para a I Semana de Investigação Exploratória na Comunidade. Ela avalia que os conhecimentos compartilhados pelas comunidades durante o evento são muito valiosos para que a pós-graduação seja mais inclusiva nas pautas que aborda cientificamente, promovendo transformações sociais importantes ao abranger assuntos comunitários na produção de textos acadêmicos. “Elas trouxeram o conhecimento delas para nós, que estamos na academia. Dentro disso, a gente ainda destaca o lugar de fala delas. É muito diferente que eu, acadêmica, mestranda, branca, fale de uma comunidade quilombola. Esse não é meu lugar de fala. Porém, isso não quer dizer que eu não possa falar sobre isso, mas é muito importante que eu dê esse espaço e esse lugar para quem vive nessas comunidades, para quem tem esse lugar de fala. Trazendo essas comunidades, a gente teve conhecimento de alguns desafios que elas enfrentam e tendo acesso a isso a academia não pode mais ficar distante, como se isso não tivesse nada a ver com a academia, mas precisamos fazer produções que auxiliem nessas causas que eles lutam, produções que sejam em prol da transformação social”, avalia a pesquisadora.

Na avaliação da professora Maria Angélica Binotto, também responsável pelo evento e pela disciplina de Projeto de Investigação Exploratória na Comunidade do PPGDC, o evento cumpre de forma evidente a proposta do programa de pós-graduação em questão.“Um dos objetivos do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento Comunitário é oferecer uma formação no campo do conhecimento interdisciplinar, a fim de que o aluno possa fazer uma relação entre o conhecimento científico com os saberes produzidos pelas ou nas comunidades. Desse modo, essa interlocução, essa aproximação entre os mestrandos e doutorandos com as comunidades é essencial. Conhecer como essas comunidades se estruturam, como funcionam, suas experiências, suas relações, seu cotidiano, são fundamentais para a produção e compartilhamento desses saberes. Destaco, ainda, que, a atividade no formato de projeto de extensão possibilita a interação entre a universidade e a sociedade, articulando a extensão, o ensino e a pesquisa na pós-graduação”.

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