Encontro de setembro do Quintas Pedagógicas discutiu os assédios moral e sexual

Encontro de setembro do Quintas Pedagógicas discutiu os assédios moral e sexual

Professores do Setor de Ciências Sociais Aplicadas do Campus Irati participaram, na última semana, de um debate virtual sobre assédio moral e sexual na universidade. O encontro faz parte de um projeto de formação continuada, as Quintas Pedagógicas, que é uma parceria entre o Sesa e o Programa Entredocentes da Unicentro, responsável por operacionalizar as reuniões mensais, trazendo convidados especialistas em diversos temas elencados como importantes pelo conjunto de professores de Sociais Aplicadas.

“Esse tema é de uma significativa importância para qualquer profissional, não só para o profissional da educação, mas talvez, para nós, ele seja um pouco mais sensível, em relação à importância, porque nós estamos formando novos profissionais. Esses profissionais ocuparão o mercado de trabalho e reproduzirão uma conduta, um comportamento em diferentes organizações”, discorre sobre a escolha do tema sobre assédio na universidade para compor a programação do projeto a vice-diretora do setor, a professora Raquel Dorigan de Matos, que é a idealizadora das Quintas Pedagógicas.

As organizadoras das Quintas Pedagógicas convidaram para o debate sobre assédio a equipe do Numape, que é o Núcleo Maria da Penha, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, a UEPG. A advogada Bruna Balsano explicou, por exemplo, como são caracterizados os assédios moral e sexual. “O assédio moral se caracteriza como uma conduta abusiva frequente e repetitiva, que se manifesta por meio de palavras, atos, gestos, comportamentos e, até mesmo, de forma escrita, visando humilhar, constranger ou desqualificar uma pessoa ou um grupo, atingindo a dignidade, a saúde física e mental e, consequentemente, afetando a vida profissional e pessoal. E o assédio sexual é definido, por lei, como o ato de constranger alguém com intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo o agente de sua condição de superior hierárquico ou alguma ascendência em relação ao exercício do cargo, da função ou do emprego. Ele trata de palavras, comportamentos com teor sexual”, detalha.

A coordenadora do Numape na UEPG, professora Maria Cristina Rauch Baranoski, exemplificou que, muitas vezes, a dificuldade em identificar um assédio acontece pelo fato de serem praticados longe de outras pessoas e por envolver sujeitos que tentam se favorecer de posições hierárquicas. “Nós temos muitas situações do cotidiano em que as pessoas fazem determinadas piadas, determinadas formas de tratamento das pessoas, que são tidas como, entre aspas, normais quando, na verdade, são coisas que prejudicam outras pessoas. Principalmente quando a gente fala de chefias em relação aos subordinados, de professores em relação aos alunos, muitas práticas podem vir a ser identificadas como assédio. Muitas vezes, esses assédios são praticados longe das vistas de outras pessoas, são praticados de forma escondida, de forma que as pessoas não conseguem perceber que isso acontece efetivamente. Então, é importante que tenham canais apropriados, com pessoas capacitadas para ouvir”.

Tanto o assédio moral quanto o sexual podem acontecer de homens contra mulheres, de mulheres contra homens, de homens contra homens ou de mulheres contra mulheres. Mas, segundo a advogada do Numape da UEPG, pesquisas na área indicam que ambos os tipos de assédio acontecem mais frequentemente de homens contra mulheres. Neste sentido, Bruna destaca a importância de denunciar o assediador nas mais diversas esferas para garantir sua punição. “Além dessa denúncia na ouvidoria da esfera institucional, a pessoa deve procurar a delegacia, seja a delegacia da mulher ou não, para realmente efetivar essa denúncia e para que o assediador seja punido em todas as esferas, tanto administrativa, quanto criminal e até mesmo civil”.

Durante o encontro das Quintas Pedagógicas sobre assédio moral e sexual na universidade, foram enfatizados também os meios de prevenção para que esses crimes não aconteçam. Neste viés, a professora Maria Cristina sublinha que, para isso, é necessário primeiro se informar sobre as formas como os assédios podem se manifestar para, então, saber como identificar e denunciar. “O primeiro passo é que as pessoas tenham consciência das suas posturas, daquilo que elas fazem, das suas condições. Por isso, esse evento da Unicentro é super importante para demonstrar isso, para conversar a respeito e capacitar as pessoas a se perceberem. A partir disso, se torna mais fácil identificar esses assédios, tanto aquele que está sendo assediado, como o colega do lado que pode perceber, como também a própria chefia, o próprio professor, a própria pessoa que tem um comportamento inadequado”, avalia.

O professor César Renato Ferreira da Costa, do curso de Administração, foi um dos docentes do Setor de Sociais Aplicadas que acompanhou o encontro sobre assédio na universidade. Após a discussão, ele reflete sobre como o tema vem a somar na sua perspectiva enquanto educador.“Nós, em sala de aula, em função dessa condição, muitas vezes assediamos sem sequer ter consciência do que estamos fazendo. E, nessa discussão entre nós – professores, que somos sujeitos importantes dentro desse trio de personagens da universidade, como todos os outros são, mas em um papel de contato muito grande – temos que nos habilitar e discutir essas questões. A ideia do setor, neste sentido, de trazer essas discussões, especialmente como as de hoje, é muito importantes e só nos faz aprender e melhorar como professores e como seres humanos”.

Próximo ao encerramento do projeto Quintas Pedagógicas, que contabilizou seis encontros até o momento, a professora Wanda Terezinha Pacheco dos Santos, coordenadora do Programa Entredocentes da Unicentro, avalia quais ganhos as Quintas Pedagógicas têm proporcionado para os participantes. “Essas tardes de quintas-feiras têm sido muito produtivas, com muito aprendizado com cada convidado, professor e profissional, que vem compartilhar suas experiências conosco nas temáticas que nós definimos. Nós, enquanto professores, nos departamentos, temos nossas reuniões mas elas acabam sendo muito técnicas e administrativas, portanto não temos muito tempo para falar das questões pedagógicas. Então, esses momentos são muito importantes para nós enquanto professores, em termos da nossa formação continuada, pois precisamos estar aprendendo sempre, para sermos cada vez melhores professores”, encerra.

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