Exposição de Contos e Poesias de Detentos pode ser conferida no campus Irati

Exposição de Contos e Poesias de Detentos pode ser conferida no campus Irati

Exposição está montada no Hall de Entrada do Prédio Principal no Campus Irati (foto: Marina Lukavy)

Integrando as atividades da Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão da Unicentro (Siepe), o campus Irati recebe a Exposição de Contos e Poesias de Detentos da Delegacia do município, no Hall de Entrada do Prédio Principal. São textos produzidos entre 2013 e 2015 para o projeto de extensão da Unicentro, Concurso de Literatura Carcerária.

O coordenador do projeto e agente universitário Nelson Susko explica que essa ação extensionista vem sendo realizada desde 2008. “Nasceu aqui na nossa universidade numa discussão com o Departamento de Pedagogia e a equipe pedagógica também do Conselho da Comunidade da Comarca de Irati, que vinham propondo um projeto de letramento, produção de escrita, ou seja, um projeto de alfabetização carcerária”, lembra.

Conforme Susko, a maioria dos detentos abrigados na 41ª Delegacia de Polícia Civil de Irati são jovens com idade entre 18 e 26 anos, apenas semialfabetizados. Por isso, precisam passar por esse processo de educação não-formal dentro do sistema prisional. “Para que eles pudessem ter uma conclusão desse trabalho de letramento, então lancei o concurso literário. Assim, eles produzem um texto literário, no caso um conto ou uma poesia, e são premiados. Este ano estou lançando novamente a proposta, já em sua oitava edição, trazendo também a campanha de doação de livros para montagem da biblioteca carcerária, para que eles aperfeiçoem a sua leitura e possam produzir com mais qualidade os seus trabalhos”, complementa Susko.

Para o coordenador do projeto, os detentos veem no concurso uma oportunidade de se expressar, e alguns conseguem isso somente por meio da escrita. Susko destaca que ao adquirirem conhecimento, muitos realmente entendem o porquê estão ali dentro, e nas obras transparecem todo o sentimento como saudades da família e dos amigos, e da própria ausência deles na sociedade.

Maria do Rocio e Nelson Susko defendem que o conhecimento é uma das formas de resgate dos detentos (foto: Marina Lukavy)

É um resgate social, realmente, um trabalho de inclusão e que está dentro dos princípios dos direitos humanos, de resgatar a sua dignidade. E eles veem por meio desse trabalho o direito que eles têm de falar, de se comunicar, de se expor. Realmente é um algo gratificante para todos nós e esperamos que surta bons resultados, que os detentos com essa aquisição do conhecimento pela leitura e escrita, possam sair de lá diferentes, com uma nova mentalidade, pensando numa nova vida, deixando o mundo da criminalidade, e buscando uma vida digna mesmo como deve ser”, ressalta Susko.

A pedagoga Maria do Rocio da Silva Rosa atua junto aos detentos no projeto Letramento e frisa a importância da iniciativa da educação não-formal. Ela conta que as atividades são preparadas dentro do Conselho da Comunidade com assuntos que abordam além das disciplinas de Português, Matemática, História, Ciências, o que está acontecendo dentro da sociedade.

Esse projeto é importante a partir do momento que você leva para essas pessoas a oportunidade de se informar e também tem a possibilidade de resgatar eles de alguma forma. E o projeto em si já viu que teve muitos que fizeram aquela questão de análise interior, de pessoa, de valores. Então na minha visão, se conseguirmos resgatar um ou dois, para que possam voltar para dentro da sociedade com um novo olhar e uma nova oportunidade nós já estamos ganhando e muito”, conclui Maria do Rocio.

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