IV Colóquio de Gênero e Pesquisa Histórica discute perspectiva de gênero nas ciências, lutas feministas e interdisciplinaridade

IV Colóquio de Gênero e Pesquisa Histórica discute perspectiva de gênero nas ciências, lutas feministas e interdisciplinaridade

O Departamento de História do Câmpus Irati, em conjunto com o Programa de Pós-Graduação em História da Unicentro (PPGH), promoveu o IV Colóquio de Gênero e Pesquisa Histórica. Com o tema “Diálogos Feministas”, o evento virtual contou com 368 participantes, entre apresentadores e ouvintes, em três dias de atividades.

Coordenadora desta edição, a professora Alexandra Lourenço enfatiza o alcance nacional do Colóquio, que tem sido realizado de modo remoto desde 2020. “Nós resolvemos manter o formato on-line porque tínhamos o objetivo de promover a participação e o diálogo entre pesquisadores e pesquisadoras de diferentes partes do Brasil. E, de fato, nós tivemos participações de todas as regiões, do Rio Grande do Sul ao Amazonas, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Rondônia”.

Na abertura do Colóquio, a pesquisadora Viviane Botton, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, proferiu uma palestra sobre a história dos feminismos latinoamericanos. Em sua fala, a convidada abordou algumas dificuldades do campo da História ao investigar um feminismo próprio do continente e as divergências entre as concepções teóricas do movimento feminista. Ela aponta ainda a importância de levar em conta a diversidade de mulheres, bem como de suas experiências, e as influências decoloniais e do feminismo negro norte-americano em suas pesquisas. “Outra parte das dificuldades em se formular uma história dos feminismos na América Latina diz respeito a um conflito entre o feminismo dito universal e o feminismo local, com os problemas latinoamericanos – especialmente, os relativos às hierarquias sociais de nossas sociedades em função da raça, que tem como consequência uma diferença gritante de objetivos, de pautas e de reivindicações”, diz a palestrante.

A programação do evento, conta a professora Alexandra, ainda incluiu uma mesa-redonda com egressos da pós-graduação e dez simpósios temáticos que, no total, concentraram 76 apresentações de trabalhos científicos sobre os estudos de gênero e suas articulações. “Os simpósios promoveram o debate de diversas temáticas como gênero e política, gênero e violência, sexualidade, gênero e desenvolvimento comunitário, gênero e literatura, também educação, arte, trabalho, a discussão sobre decolonialidade, interseccionalidade, e gênero e saúde”, relata a professora.

Alana Carolina Kopczynski aproveitou o evento para apresentar parte da pesquisa de mestrado, que está desenvolvendo no PPGH. Desde a graduação, ela estuda as representações de mulheres em periódicos femininos do século XIX. Agora, na dissertação, Alana continua essa investigação em dois periódicos paranaenses do mesmo século – ‘O Abano’, de Paranaguá, e ‘A Mocinha’, de Curitiba. “Foi uma experiência muito enriquecedora poder compartilhar e apresentar o que estudei, mas principalmente, conhecer outras pesquisas através dos simpósios temáticos. O compartilhar faz parte da vida acadêmica e é fundamental para que possamos construir uma trajetória sólida baseada no diálogo”, declara.

Mesa-redonda com egressos do PPGH encerrou a programação do colóquio

Uma mesa-redonda com egressos do PPGH encerrou a quarta edição do Colóquio de Gênero e Pesquisa Histórica. Quatro ex-alunos foram convidados a compartilhar suas experiências e desafios na pós-graduação. Dhyandra Montani Schactai, uma das participantes, falou sobre a análise de fontes médicas e jurídicas no desenvolvimento da sua pesquisa, que discute casos de aborto e infanticídio nos séculos XIX e XX. Egressa também da graduação, ela ainda relembra como o Colóquio esteve presente em toda a sua formação acadêmica. “Eu consegui participar desse evento em todas as fases, como graduanda, como mestranda e, agora, como mestre. É um evento que faz parte da minha trajetória acadêmica e, inclusive, direcionou a minha vontade de estudar gênero. Esse evento foi um divisor de águas muito importante para eu ingressar na pesquisa histórica do gênero”, conclui Dhyandra.

Deixe um comentário